Capítulo Um

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Dezessete anos depois, milhares de anos luz de distância de Kaelium, no planeta Terra, dois casais de namorados se divertiam no cinema.

— O filme foi incrível, não foi? – perguntou Carolina toda empolgada.

— Não assisti nem metade – declarou Samantha.

Elas riram juntas. O filme era de terror, e Samantha odiava filmes de terror, só aceitou ir por causa do namorado, Eduardo, que queria muito assistir. Convidara a amiga Carolina e seu namorado; os dois gostavam muito desse tipo de filme.

Enquanto os namorados foram pagar o estacionamento, as duas ficaram conversando na praça de alimentação.

— E então amiga, você e o Eduardo estão sérios, hein? – Carolina perguntou levantando uma sobrancelha e sorrindo maliciosamente para a amiga morena. — Quem sabe finalmente você tenha sua primeira vez.

Samantha sorriu envergonhada. Apesar de linda, super concorrida na escola onde estudava, líder de torcida e inteligente, ela não namorava muito e terminava o namoro antes que ficasse sério demais com a desculpa de que havia se cansado.

— Amiga, isso só vai acontecer quando eu encontrar o meu príncipe encantado. Ele terá que vir em um cavalo branco – ela riu.

As duas praticamente cresceram juntas. Eram vizinhas no condomínio militar e estudavam na mesma escola desde o berçário. Carolina era filha do major Santos. Decidida como a mãe e de temperamento explosivo como o pai. Loira de olhos azuis, sempre chamava a atenção por onde passava. Namorava o mesmo rapaz, Carlos, desde os quatorze anos. Carlos era filho do tenente Silva. Todos eram vizinhos, inclusive Eduardo.

Eduardo havia chegado recentemente no condomínio. O irmão mais velho fora transferido de batalhão ano passado depois de um acidente misterioso com um asteroide.

Samantha se sentia deslocada no meio de todos os cabos, tenentes, majores e toda a vida militar dos pais, e quando Eduardo chegou, logo se encantou com os grandes olhos verdes da morena. Ela se aproveitou do recém-chegado, que não conhecia sua fama de viúva negra, e se apoderou logo do coração do jovem.

Eles estavam namorando há dois meses, mas ela não se sentia apaixonada; era mais um passatempo. Acreditava que logo se apaixonaria de verdade.

O seu pai, General Assis, ficaria muito feliz se o namoro da filha fosse adiante, já que Eduardo se alistara no exército e no próximo ano se formaria em engenharia. Era o melhor genro que ele poderia pedir.

— Não se anime pai, não estou apaixonada – resmungou Samantha ao chegar em casa e encontrar o pai na sala tomando chá.

Ele sorriu como sempre fazia quando a filha dizia que ainda não tinha se apaixonado. Sabia que dentro de seis meses ela estaria de namorado novo. Só ficava tranquilo, pois filha e mãe eram muito amigas, sabia por intermédio da esposa que a filha ainda era virgem.

Samantha subiu a escada e entrou em seu quarto. Ainda conseguia ouvir o som da televisão da sala, onde o pai assistia o jornal local e tomava chá. O noticiário falava sobre um meteoro que caíra no estado de Minas Gerais na semana passada, onde ninguém conseguira encontrar nenhum vestígio.

Ela sabia que a divisão do pai era responsável pelo estudo desses meteoros, e ele sempre ficava preocupado quando caía algum no país. E eram muitos ultimamente. Fora, é claro, aqueles que caíam no oceano, por exemplo. O problema desses recentes meteoros era que eles caíam inteiros, não explodiam ao atingir a atmosfera terrestre.

O general saíra o mês todo a serviço em busca dessas rochas do espaço e voltava cada vez mais preocupado. Ele não conversava muito sobre o serviço em casa, e muita coisa era sigilosa, mas Samantha desconfiava que a mãe sabia muito mais do que contava.

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