Prólogo

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O choro da recém-nascida era ouvido por todos no castelo do reino de Zefir. A primogênita e futura rainha havia nascido, e todos estavam em festa. Por muito tempo acreditou-se que a rainha fosse incapaz de gerar um filho para ocupar seu lugar no trono, quando chegasse a hora.

Por esse motivo, o reino vizinho, Amanzi, ameaçava ocupar o trono e dominar as terras de Zefir. Mas agora, com o nascimento da princesa, essa ameaça não existia mais, e todos comemoravam.

Zefir era um dos quatro principais reinos do mundo de Kaelium, também o mais fechado e não receptivo aos outros povos. Todos zefinianos eram, por natureza, mágicos; eram capazes de dominar o ar.

Amanzi o reino vizinho era o menor em território e, sem controle, seu povo crescia. Os amanzianos eram dominadores da água e rivais declarados do povo de Zefir.

Por lei, quando uma rainha não era capaz de gerar uma filha para ser sua sucessora, os principais reinos escolhiam entre eles quem herdaria o trono, e Amanzi fora escolhido; e aquele ano seria o último reinado dos zefinianos sob seu próprio povo.

Porém, uma benção desceu sob a rainha Chiyo, que finalmente conseguiu engravidar e deu à luz uma linda menina de cabelos negros e olhos verdes. Chamaram-na de Akira.

Conforme o costume, a primogênita deveria sempre ser uma menina, assim herdaria o trono e casaria com um homem honrado de seu reino. Os zefinianos tinham uma lenda, em que a rainha só se apaixonaria uma vez na vida; sempre fora assim. A atual rainha, Chiyo, mantinha a chama do amor acesa por todo longo tempo em que esteve casada com seu escolhido rei.

Todos os outros reinos já tinham suas herdeiras e sucessoras dos tronos. Por esse motivo o reino do vento fora tão pressionado. As rainhas deviam ter sempre as mesmas idades e assim comandar pelo mesmo período seus povos.

Enquanto o povo do vento comemorava o nascimento de sua futura rainha, o reino da água chorava o fato de que não poderiam mais tolerar o nascimento de vários filhos em seu povo. Fora decretada uma lei em que cada casal poderia ter apenas um filho, fosse menina ou menino. O espaço era escasso, pois todos queriam ter uma casa grande; e cada dia mais a cidade adentrava para o campo; e mais comida era consumida; mais árvores eram cortadas; e mais lixo era acumulado.

A rainha de Amanzi tinha esperanças de que sua caçula, agora com dois anos, se tornasse herdeira do trono de Zefir e que seu povo pudesse se mudar para o território do povo do vento. Isso nunca acontecera. Nunca, em toda a história de Kaelium, um povo teve uma rainha que não fosse uma deles; e isso estava ocasionando um grande burburinho entre os povos.

A todo momento chegavam notícias de outros reinos que pretendiam invadir Zefir, e a rainha amanziana estava preocupada. Agora a notícia do nascimento da herdeira acabara com todas suas esperanças e de seu povo.

— Mamãe? – chamou a pequena Naomi, vendo a mãe e rainha chorar ao ler a notícia no papel em suas mãos. — Não vou ser mais rainha?

— Eu prometo, meu amor, que será – a rainha secou as lágrimas, se levantou de sua confortável cadeira e saiu do quarto da pequena. Ela tinha um plano. Faria de sua pequena, Naomi, a rainha de Zefir.

Dois meses mais tarde, a pequena Akira fora sequestrada de seu berço e de seu lar. O povo de Zefir chorou e orou por dias, mas ninguém teve notícias de seu paradeiro. Dois anos mais tarde, Naomi fora levada para aprender os costumes do povo do vento. Agora com quatro anos, a menina era teimosa e temperamental. Fazia com que todos no reino se curvassem às suas vontades.

A rainha Chiyo caiu em depressão, mas diante do temperamento difícil da pequena dominadora da água, ela se levantou e fora cuidar pessoalmente da educação da terrível menina, com medo de que seu povo sofresse nas mãos de uma rainha mimada e egoísta.

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