If I Believe You

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Sim, sim, sim
Se agora eu estou perdido, então como eu posso me encontrar?
Sim, sim

— 1975

Eu me lembro, todos os dias eu me lembro de como nos conhecemos, porque foi especial desde o primeiro segundo. Pelo menos para mim foi.

Brooke e eu entramos no meu carro, um Corvette C8 prata, e acelerei até a sala do treinador enquanto a garota falava algo que não me preocupei em prestar atenção. Sim eu era um babaca.

Esse carro foi com o que eu gastei toda a grana que meu pai colocava na poupança para minha faculdade desde que abandonou a mim e a minha mãe. Foi engraçado vê-lo enlouquecendo de raiva quando apareci com meu brinquedinho e contei a ele que iria para uma pública. O ego elitista dele quase o fez ter um ataque cardíaco.

Ao chegar à biblioteca consegui ouvir o som do rock pesado vindo de dentro. Minha acompanhante seguiu seu caminho e eu me senti tentado a ver o que estava acontecendo ali dentro daquele lugar meio sombrio. Tenho que admitir não era meu tipo, mas não era nada mal. Para ser sincero eu até gostei, poderia ter um pouco de paz ali já que os frequentadores provavelmente estariam fazendo um tipo de ritual satânico (era isso o que eu pensava de pessoas como você, Linda).

Eu entrei com medo de ser visto.

Você estava sentada lendo Moby Dick de Herman Melville.

Você estava concentrada no livro.

E eu imediatamente me concentrei em você.

Não sei a razão, mas algo em você chamou minha atenção. Eu sempre gostei de garotas padrão que facilitavam, aquelas que buscavam caras como eu simplesmente porque achavam que nos formaríamos um casal bonito e vazio. Achavam que seriam a princesa dos contos de fada que haviam encontrado um príncipe rico que as levaria para morar em um condomínio chique e aos finais de semana iria jogar golfe em Hamptons enquanto nossos filhos conversavam sobre ir para yale ou harvard. Portanto, eu nunca precisava usar cantadas diferentes (nunca gostei de ficar correndo atrás de ninguém). Você sabe, linda, eu nunca fui nem perto de um príncipe.

De repente me vi vidrado em uma garota de cabelos curtos, castanhos, tipo o daquela mulher do filme Ghost, que você me fez assistir umas trinta vezes porque era seu preferido, você sempre chorava naquela cena dos potes de argila. Admirei algumas tatuagens bonitas coloridas pelos braços finos, lembro de ficar encantado com uma pequena no seu tríceps, alguns anjos dando as mãos. Vestindo roupas estranhas no estilo anos 90 com enormes brincos de argola. Sim, eu reparei em tudo em você, porque apesar de ser um pouco estranha ainda sim é a garota mais bonita que já vi.

Você sempre foi tão diferente, e eu sempre tão igual aos outros. Sempre usava o mesmo boné preto virado pra trás, as mesmas calças jeans já surradas, as mesmas camisetas lisas variando entre preto, azul escuro e branco, e um tênis branco desgastado. Já você era totalmente diferente das outras garotas. E isso ficou ainda mais claro quando você nem sequer pareceu ter percebido que eu estava ali.

A música que tocava era If I Believe You – The 1975, naquele momento, eu acreditei. Seja lá no que eu tivesse que acreditar, acreditei. Como eu poderia duvidar de Deus, se estava vendo a porra de um anjo bem na minha frente.

Você demorou uns minutos para me notar, e então abaixou o livro lentamente.

Nunca vou esquecer aquele olhar, um tipo curioso.

Você enfiou a mão no bolso de trás da sua calça e tirou um cigarro, você tentava não olhar para mim, percebi isso. Dei um sorriso torto, você rolou os olhos. Você estava sentada na grande janela que dava para trás da biblioteca com vista para o campo de futebol.

Onde Está Você, Hazel? (Degustação - Completo e grátis na Dreame)Where stories live. Discover now