Island Asylum

Primeira vez.

Sarah Casten - Flashback II

Mamãe estava terminando de cozinhar quando pediu para eu chamar o papai lá na sala. Nós cozinhavamos juntas quando eu não ouvia o moço. Estávamos fazendo um bolo de cenoura com cobertura de chocolate.

Mamãe fica engraçada com barriga de melancia. Ela disse que logo a barriga ia embora e iria se transformar num bebê. Como mágica! Quando papai veio ficou nervoso, enrolado. Não entendi o que estava acontecendo, mas eles repetiam que chegou a hora. Hora do que? A minha aula é só amanhã. Estava confusa. Parecia ter um zumbido na minha cabecinha.

Ele ligou para o médico e logo saímos de casa. Mamãe dizia que ainda iria demorar, mas fiquei com medo. Não sei entender. No carro eu fiquei no banco de trás. Em silêncio até chegarmos lá no hospital. Mamãe está passando mal?? Ela vai morrer? Não quero que a mamãe morra.

Levaram a mamãe de perto de mim. Não vai, mamãe! Fica comigo. Papai me segurou para parar de tremer e se abaixou na minha frente.

- Filha, você vai ganhar o irmãozinho hoje. Você vai cuidar dele junto com a gente, como um bonequinho. - Papai tinha paciência comigo antes de eu irrita-lo com 'essa história de vozes'. Sinto falta quando ele ainda gostava de mim. Agora não gosta mais. Ele bateu na Sarah naquele dia que me confundi. No dia que machuquei o irmãozinho. Bateu e machucou... Não quis machucar ele de volta, ele é meu papai. Ele ficou bravo comigo e me deixou aqui de castigo, mas esse castigo é muito ruim...

- Tá bom... Mas... A mamãe vai ficar bem? - Ele sorriu e beijou a minha testa, então mamãe vai ficar bem.

[ ... ]

D

emorou muito até deixarem eu entrar no quarto. As paredes eram brancas, muito brancas, tão brancas que pareciam falar comigo. Sensação esquisita. Mamãe segurava o irmãozinho ja fora da barriga. Ele é pequenininho.

- Oi irmãozinho. Bem vindo. - Deixei que ele segurasse meu mindinho. Tem cara de sono, nem dá pra ver a cor dos olhos... - Deixa eu ver seu olhinho. É azul igual ao meu? - Pedi para que o pequenininho abrisse o olho para eu ver. Fiz errado?

- Abre o olho dele. - Papai está com uma voz diferente... Coloquei meus dedinhos no olho do irmãozinho e abri. Ele chorou! Papai puxou eu pelo braço. Está apertado, papai! Não machuca meu braço, por favor!

- O que pensa estar fazendo, Sarah?! Perdeu o juízo?! - Papai muito bravo! Não entendo. Ele mandou!

- Você mandou abrir o olho dele para eu ver a cor. Eu abri, não sabia que ia machucar... - Papai não desculpou, nem mamãe. Olhavam bravos para mim. Diziam entre eles que estou inventando coisa, que é ciúme. Não é ciúme! Eu gosto do irmãozinho.