Capítulo 10

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Três semanas se passaram desde que eu vi o Tiago pela ultima vez. Ele não me procurou e não ligou. Fico aliviada e ao mesmo tempo, chateada. Não quero vê-lo, mas esperava que ele ao menos tentasse falar comigo. Estou parecendo uma adolescente idiota.

Depois que sai do seu escritório, dirigi diretamente para casa. Quando cheguei, liguei para a Deb que estava preocupada comigo e expliquei pra ela o que tinha acontecido. Ela foi a melhor amiga que alguém pode ter, me ouviu e depois do trabalho, chegou na minha casa com um pote de sorvete, filmes de mulherzinha e um ombro amigo. Nunca pensei que pudesse amar tanto ela, quanto naquele dia. Em nenhum momento me pressionou para contar detalhes, e mesmo eu dizendo que estava tudo bem ela ficou ao meu lado e me fez rir com histórias sobre seus alunos e do seu tempo de faculdade.

Depois de ter ligado pra Deb, liguei para meu chefe, expliquei que surgiram problemas importantes que tive que resolver, mas que iria repor àquelas horas e daria aulas extras para os alunos que ficaram sem aula naquele dia. E foi o que fiz. Durante essas ultimas duas semanas eu dei aulas extras de graça para os alunos que perderam aquele dia de aula. Minha carga horária de doze horas, passou para quinze horas, mas mesmo assim, não foi o suficiente para que eu conseguisse chegar em casa tão exausta ao ponto de dormir e não ter pesadelos.

Fazia algum tempo que eu não precisava dos meus remédios para dormir, mas depois da minha conversa com o Tiago, meus pesadelos voltaram com força total. Agora eles alem de me mostrar toda aquela cena novamente, muitas noites eu via o Tiago dentro do carro também. Apesar de odiar tomar os remédios, na segunda noite que acordei com meu pai me sacudindo e dizendo que era um sonho, decidi que tinha que tomar o remédio e apagar em cima da cama. Sem sonhos bons e nem ruins. Apenas um corpo inerte.

Mesmo estando um pouco grogue no dia seguinte, eu consegui trabalhar, dar minhas aulas extras, organizar minha viagem e de quebra fazer mais algumas apresentações com o Diego.

Nossa amizade mesmo estremecida, ainda é forte o suficiente para que ele se preocupasse comigo. Depois de uma das nossas apresentações, quando ele me levava para casa, ele não resistiu e perguntou:

- O que aconteceu, Anne? Você anda tão abatida.

- Nada demais, eu só ando trabalhando demais. – Respondi sem olhar em seus olhos.

- Porque será que não acreditei nisso. Você brigou com ele, né? – Ele não precisava dizer o nome, eu sabia quem era o ele.

- Eu não quero falar sobre isso Digu. – Respondi olhando pela janela.

- Você não quer falar, mas ouça pelo menos. – Ele disse sério. – Quando tivemos aquela conversa na sua casa, nós dois dissemos muitas coisas e eu posso dizer que realmente acreditei que você era a mulher certa pra mim, mas agora comecei a perceber que eu quero alguém que me ame como você ama o Tiago...

- Eu não... – Tentei interromper, mas ele não deixou.

- Não adianta negar. Você mudou depois que ele chegou Anne. Você era uma garota livre, alegre e sem medo de se jogar, agora você vive introspectiva, com um olhar de quem está em outro mundo.

Eu não podia contestar. Depois que o Tiago chegou, minha vida e meu humor mudaram mesmo.

- Você não entenderia, Digu.

- Anne, você não tem que me contar nada. Eu só quero que entenda que aceitei e entendi que o que há entre nós é uma bela amizade e nada mais. Por isso que quero deixar claro que me importo com você. Quero o seu bem e a sua felicidade, tanto quanto quero a minha. Até andei pensando no que você me falou sobre estar na hora de eu encontrar uma mulher que me ame. Acho que está na hora de encontrar a mulher que vai ser minha esposa e mãe dos meus filhos. – Ele disse com um sorriso tímido, de quem tem vergonha de dizer que está em busca do verdadeiro amor.

Às Voltas Com o Amor -  Anne - (Capítulos Degustação)Kde žijí příběhy. Začni objevovat