Capítulo 1

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A noite já dominava o céu, quando todas as pequenas luzes que decoravam as árvores, enroladas nos troncos e penduradas nos galhos começavam a brilhar e a iluminar o jardim que naquele momento parecia muito como um céu estrelado.

Aos poucos as pessoas chegavam e ocupavam os seus lugares nas mesas numeradas espalhadas pelo gramado no fundo da casa.

As mesas de madeira que até mais cedo eram simples e sem graça, agora estavam decoradas com candelabros, e arrumadas com pratos, traças e talheres de prata, que refletiam as luzes das árvores criando uma iluminação romântica e acolhedora.

– Alguma notícia deles? – Perguntou Clara.

– Ainda não. – Respondeu Sabrina pela terceira vez.

– Eu realmente não sei para que aqueles dois tem celular se eles nunca atendem. – Clara falou enquanto desligava a ligação que ia para a caixa de mensagem pela 8ª vez. – Mas se eu não atendo quando um deles me ligam, aí o mundo só falta acabar. – Falou levantando os braços fazendo drama.

– Clara isso não é hora de ficar reclamando. Temos que continuar tentando para saber se eles já estão chegando. – Falou Sabrina enquanto terminava de retocar o batom vermelho e ajeitava os volumosos cabelos cacheados, herança de sua mãe.

Assim que Sabrina terminou de falar, o celular de Clara começou a tocar.

– É ela. – Clara exclamou mais alto do que pretendia.

– Então atende antes que caia na caixa de mensagens.

– Alô.

– Clara está tudo bem?

– Está sim.

– Fiquei preocupada quando liguei o celular e vi 8 ligações suas. Onde você está?

– Estou em casa, mãe. Eu só queria saber se você e o papai vão demorar de chegar.

– Daqui a uns 10 minutos devemos estar chegando. – Ela respondeu. – Têm certeza de que está tudo bem aí?

– Certeza absoluta. Só adiantem por que estou morrendo de fome e não tem nada para comer nessa casa.

– Menina para de falar besteira que graças ao meu trabalho duro e do seu pai vocês têm muito para comer.

– É só jeito de falar mãe.

– Não quero você falando assim. – Ela frisou. – Você e sua irmã se arrumem que quando chegarmos vamos sair para comer.

– Tá bom. Até daqui a pouco. – Clara respondeu e desligou.

– E aí? Alguma notícia?

– Eles vão chegar em menos de 10 minutos.

– Ótimo. Está tudo dentro do programado.

– Gostei desse batom em você, acho que vou usar ele também. – Falou Clara tentando pegar o batom na mão de Sabrina.

– Nem vem. Já não basta os anos de roupas e cabelos iguais que nossos pais nos fizeram passar não? Até parece que só por que somos gêmeas não podemos ter a nossa individualidade e sermos diferentes?

– Sabrina para de encher o saco. Não é por que quero usar o mesmo batom que você que vamos voltar a infância quando só saíamos de casa iguais. Até por que muito já mudou.

E era verdade. Enquanto Sabrina tinha cabelos compridos e muito volumosos, com as pontas mais claras do que o resto, Clara havia cortado a pouco tempo o seu e deixado bem curto, além de ter um piercing no nariz, que havia sido motivo de muitas brigas na família, mas que todos já haviam superado. A cor escura da pele, herdada do seu pai continuava igual nas duas, mas era basicamente isso. Cada uma tinha conseguido destacar a sua personalidade em seu visual.

O dia que te conheciWhere stories live. Discover now