Capítulo 1

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Ágata

07:00 AM 

Abro as cortinas da janela do meu quarto, dou de cara com o sol refletindo na piscina do vizinho. A maioria das pessoas não gostam de claridade ao acordarem, mas eu sim. Isso me faz sentir viva e me faz lembrar das coisas que minha mãe me dizia, quando eu ainda podia ouvir a voz dela. Me lembro de um dia em que estávamos tomando café-da-manhã e eu a disse:

—Mamãe, na escolinha a professora disse que algumas pessoas adoecem de tristeza, eu não entendi, pra mim doença é quando minha cabeça doí e não quando eu fico triste.
Ela sorriu enquanto apertava minhas bochechas e respondeu:

—Eu só te explico se você me prometer uma coisa.

—O que? — Respondi brincando com seus cachos loiros.
—Que você nunca adoecerá de tristeza.

—Eu prometo. — Respondi enquanto levantava a mão direita em um gesto de promessa.

Ela riu.
—Então vamos lá. Ás vezes, quando as pessoas crescem, elas param de ver o sol.
—Como assim, mamãe? Eu sempre vejo o sol. —Respondi sem entender.

—O sol sempre está lá, minha filha. Mas algumas pessoas se esquecem disso e se deixam preencher pela escuridão que a noite traz. O sol está lá todos os dias para nos lembrar que as coisas são passageiras, inclusive a dor que por algumas vezes sentimos. Então, anjo, sempre que seu coração doer, abra a janela do seu quarto e lembre-se: Assim como a noite é passageira, a dor também é.
Logo em seguida ela me abraçou.
Depois daquele dia, durante todos os dias, eu sempre acordava e abria as cortinas do meu quarto, não vou mentir, ás vezes eu preferia ficar no escuro, mas mesmo assim procurei ser forte, assim como minha mãe sempre foi. 

Após me perder em minhas lembranças, por um momento, voltei para a realidade e me dei conta de que estava atrasada. Não é hoje que começo a trabalhar na empresa do meu pai, mas marquei de me encontrar com a Rebeca para tomar café, ela não me disse o assunto. Penteei o meu cabelo e fiz um coque rapidamente. Peguei um cropped colorido e uma calça jeans básica. Não sou aquele tipo de garota estilosa e popular, pelo contrário, sempre estive mais para a nerd despeitada e sem graça. 

E se tem uma coisa que aprendi foi que, por mais que toda garota ache que aos 20 anos vai simplesmente sofrer uma metamorfose e ficar como aquelas modelos siliconadas da televisão, isso não acontece. Se você era um nada no ensino médio, vai continuar sendo, a diferença é que agora vai ter mais dívidas e, provavelmente, menos amigos.
Por mais que meu pai tenha uma grande empresa de publicidade e seja um homem rico, eu sai de casa, no ano passado, o que significa que eu não tenho todo esse dinheiro e muito menos um carro. Ou seja, vamos lá, Ágata, mais um dia no "busão".

Enquanto trancava o portão, visualizei o meu ônibus virando a esquina. Rapidamente, coloquei a chave na bolsa. Corri desesperadamente, até que esbarrei na lixeira e rasguei a lateral da minha calça. Tudo bem. Ao menos consegui chegar no ponto a tempo. Entro no ônibus que ia em direção ao centro, o cobrador me olhou de forma estranha.

—Bom dia —Disse nervosa pela situação que passei para conseguir pegar o ônibus.

Ele fez uma expressão de quem estava segurando o riso, mas não respondeu nada. Caminhei pensativa até o banco no fundo do ônibus. Até que senti uma mão tocando meu ombro.

—Moça?

—Oi? — Respondi me virando para a senhora que estava atrás de mim.

—Acho que a senhora esqueceu o pente no cabelo — respondeu segurando o riso.

A filha do meu chefe (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora