⚜️Capítulo 14⚜️

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Selene

Retorno ao lar permeada por uma sensação de alívio, como se a justiça tivesse sido cumprida. No entanto, ao transpor a entrada do castelo, uma onda poderosa de lembranças de Elara me envolve. Saudades de seus cuidados e da doce troca de palavras assaltam-me, a melancolia pela falta de sua presença se abate sobre mim. Desespero e dor consomem-me, as lágrimas brotam incontroláveis. Não posso permanecer dentro dos muros do castelo, pois a culpa de não tê-la protegido me sufoca como um fardo insuportável.

Abrigo-me em meu covil subterrâneo, onde o silêncio me acolhe como o consolo que almejava. Entretanto, a noite de repouso não se mostra benevolente, pois a todo momento sou assombrada por sonhos de Elara e pesadelos que retratam sua partida.

⚜️⚜️⚜️⚜️

-Assim resolveis vos transferir para o palácio real? - Indaga-me Leofric, o primeiro ministro do reino de Sombréstia, com as sobrancelhas arqueadas.

-Sim. - Respondo com um sorriso guardado. - Asegurai-vos de que a mudança se concretize ainda hoje. - Continuo, demonstrando confiança.

-Conforme vossa vontade, majestade! - Afirma ele, curvando-se em reverência antes de retirar-se, deixando-me só.

Após a retirada de Leofric, resolvo perambular pelos corredores do castelo, um recanto que há anos não revisitava. Nesse lugar, onde experimentei os piores infortúnios, busco agora tecer novos capítulos, mesmo ciente de que a culpa que carrego é uma sombra que jamais me permitirá a plenitude da alegria. Encontrava-me já no cume da escadaria quando Leofric acorreu a mim, seu semblante tingido de pesar.

-Senhora, trago notícias que entristecerão vossa alma. - Proclama o primeiro ministro, agitado e aflito.

-É assim? Fala, e meus ouvidos acolherão tuas palavras, Leofric. - Respondo dissimulada, embora já conheça a razão de sua aflição.

-O rei Erevan de Valória... Ele exalou seu último suspiro nesta noite... Todos estão envoltos em temor, sussurram sobre a trama de uma bruxa, mas há quem insinue a sombra do Lorde das Bruxas... O rei Cedric de Thorn está tomado pelo pavor, jurando nunca mais ousar pisar nas terras de Valória.

-Meu Deus, que notícia funesta, Leofric. Estou verdadeiramente desolada. - Profiro, mascarando meu verdadeiro sentir sob o véu da encenação.

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Era noite quando concluímos a transição para o castelo real. Contemplo as vastas cortinas escuras e a atmosfera sombria que envolve o palácio, agora mergulhado nas sombras. Sinto a ausência da alegria de Elara, que, com certeza, teria encaminhado a alteração de toda a decoração, buscando infundir um semblante mais festivo a este lugar.

O comandante da guarda aproxima-se de mim na companhia de Leofric.

-Majestade, há um assunto de suma importância que precisamos vos comunicar. - Percebo, na tensão de seus semblantes, que o tema a ser tratado não seria simples.

-Sim, podeis me falar. - Asseguro, desviando completamente minha atenção para eles.

-Majestade, trata-se da morte da Senhora Elara... - Afirma Gareth, chefe da guarda real, com hesitação em sua voz.

Uma dor aguda transpassa meu peito e um nó se forma em minha garganta ao recordar tudo o que sucedera.

-Sim, podeis falar. - Garanto, embora sinta como se meu coração tivesse sido trespassado por uma lâmina afiada.

-Majestade, temos fontes seguras nos reinos vizinhos que nos informaram que o Rei Cedric também estava envolvido no plano para tirar a vida de Senhorita Elara.

Sinto meu sangue gelar instantaneamente nas veias.

-Gareth... tens certeza disso? - Indago, mal acreditando no quão enganada estava, confiando na suposta bondade do Rei Cedric.

-Sim, senhora, as fontes são confiáveis.

-Está bem, já podeis retirar-vos. Preciso ficar a sós, preciso refletir.

Os dois homens partem prontamente, fechando a porta após si, deixando-me entregue aos pensamentos que dançam sombrios em minha mente.

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Sobre o dorso de meu corcel negro, fiel companheiro, cavalgo em direção à parte mais sombria da floresta. Em minha mente, as imagens da trágica morte de Elara e a visita do rei Cedric ao meu castelo entrelaçam-se como sombras dançantes. Sinto-me profundamente traída por aquele que, até então, acreditava ser meu amigo leal. Observo ao redor e percebo que a luz da lua já não se projeta sobre o solo, pois nesta parte profunda da floresta, sua luminosidade é devorada pela densidade das árvores.

Ao longo de toda a noite, entreguei-me à coleta de ervas, raízes e à meticulosa observação de alguns insetos. A aurora já despontava quando, decidida, resolvo que é chegada a hora de retornar ao castelo. No trajeto de volta, deparo-me com uma criatura imponente nas margens do rio, saciando sua sede. Imediatamente, uma ideia brota em minha mente como uma semente germinando sob a luz do novo dia.

⚜️⚜️⚜️⚜️

-Olá, Leofric! - Cumprimento o primeiro ministro com um sorriso, enquanto seguro uma bela caixa negra adornada por um laço azul em minhas mãos. - Assegure-se de que este presente gracioso alcance o Rei Cedric de Thorn. - Ordeno, entregando-lhe a caixa.

Percebo seu olhar desconfiado sobre mim.

-Majestade, pensei que não desejaríeis manter vossa amizade com o Rei Cedric após tudo o que partilhamos ontem. - Firma ele, perplexo.

-Oh, Leofric, estou apenas presenteando o rei com uma lembrança constante de minha existência. - Pauso por um momento e continuo. - Façam-me o favor de não mencionar, sob hipótese alguma, que fui a remetente. Deixai que ele adivinhe. - Concluo com um sorriso enigmático nos lábios.

-Senhora... Lembrai-vos de que, agora, sereis nossa rainha. Que destino nos aguarda se nos envolvermos em confusões? - Indaga-me, preocupado.

-Não vos preocupeis, Leofric. Basta que não reveleis a ele a identidade do remetente.

-Como desejardes, majestade. - Conclui ele, reverenciando-me e partindo com o presente em mãos, deixando-me com um sorriso satisfeito nos lábios.

Certamente, eu daria tudo para presenciar a reação do rei ao abrir o presente que lhe enviei.

Duquesa de Umbrafell ( Primeiro Livro da Duologia FILHA DA ESCURIDÃO)Where stories live. Discover now