47

11 2 0
                                    

Patrícia andou por todo quarto, esperando desesperadamente pela volta de sua prima. Seus pés já estavam cansados de andar de um lado para o outro, suas mãos não paravam se soar e seu coração batia mais do que ela conseguia suportar.

Porém, o suspiro de alívio logo deslizou de seu nariz com a volta de Silvana. Ela andou lentamente, da porta do quarto ao meio do mesmo, em silêncio e sem expressar nada.

— Silvana, o que aconteceu? — Patrícia correu para ficar ao seu lado. — Por que você está assim? Por que? Fala alguma coisa! — a sacudiu — Fala alguma coisa, Silvana!

Ao envés de responder, olha olhou para a penteadeira, caminhando até a cadeira da mesma. Pesou suas mãos no móvel, inclinando seu corpo para frente enquanto um sorriso fraco, que durou milésimos de segundo, formou em seu rosto.

— O que você tem, Silvana?!

— Eu tô bem. Não precisa gritar.

— Não — Patrícia andou com passos firmes, e ofegante, até a ela — Você não saiu dessa maneira desse quarto e eu me lembro perfeitamente disso! — acusou — Foi aquele homem, não foi? Foi o Ricardo! — seus braços a puxaram com força para que pudesse olhar em seu olhos — Me responda!

— Para de maluquice, Patrícia! O Ricardo não me fez mal algum, ele me fez muito bem!

— Não é o que parece. Mas é claro, como amiga dele e cega da forma que é, vai dizer algo bom e sempre o defender!

— Eu não vou permitir que se refira dessa forma à mim, está me entendendo?!

— O que é agora? Vai me bater, é isso? Vai me bater por causa de homem?!

— Eu bato pelos motivos que eu quiser!

Patrícia se afastou, negando a si mesma a possibilidade daquilo realmente estar acontecendo.

— Eu só estou assim, porque eu estou com dor de cabeça.

— Que estranho, não acha? Você saiu sem nenhuma dor de cabeça desse quarto!

— E quem, importa? — foi para sua cama, sentando-se em seguida.

— Eu me importo!

— Pois não deveria. Assim você se aborrece menos! — retirou os saltos, fitando sua prima com fúria — E para que você possa ficar tranquila, o Ricardo vai viajar durante alguns dias.

— Ah, finalmente! — suspirou — Assim ele deixa um pouco essa casa.

— Vem cá, Patrícia. Por que você não gosta dele, em?

— Porque simplesmente não! E eu já te expliquei!

— Mas e se ele fosse meu noivo? E se ele fosse a pessoa com quem eu me casasse e formasse uma família?!

— Eu nunca iria aceitar isso! — gritou — Você sequer olharia mais para mim como prima!

— Ah, é? Pois eu pouco me importaria com todo o seu cuidado e prepotência!

— Imagina eu com você! Ainda bem que o Adam é o homem com quem você vai se casar, porque ele sim é um homem de verdade e passa responsabilidade por onde anda!

— Que se dane a sua opinião sobre ele!

Patrícia bufou, correndo para fora do quarto logo em seguida. Sem sequer ter ideia de que havia sido um tanto enganada por sua prima. Ricardo não estava se preparando para viajar por necessidade, foi apenas uma desculpa inventada por Silvana para que acreditasse pela demora que ele faria. Por seu pedido, Ricardo daria um tempo. Enquanto ela, arrumaria tudo para o casamento bem em baixo do seu nariz.

Acompanhando os movimentos das árvores pelo vidro do carro, Adam cruzou os braços em frente ao peito, entrando em uma guerra travada em sua mente. A simples frase que disse a Mavi, parecia um prego que era martelado repetidas vezes em seu crânio.

"— Amor?! Acha mesmo que eu vou conseguir achar amor em um lugar que eu nunca vou poder achar em meio a tantas pessoas desconhecidas?!

—... o meu amor, Mavi. O meu amor."

Ele passou a se questionar do porque que disse daquela forma, porque que deixou aquelas palavras escaparem do mais profundo da sua alma. Tudo o que mais passou a desejar, é que Mavi não interpretasse de uma forma errada. Que ela não se enganasse.

Mas será que não sou eu mesmo que estou me enganando? Indagou em sua própria consciência. Será que... não!

Adam sentiu repulsa de si mesmo por pensar na pequena, mas não impossível, possibilidade de estar, aos poucos, se apaixonando pela jovem.

— eu não posso pensar dessa forma! Não — lamentou — Como posso pensar na Mavi desse jeito estando comprometido. Estando prestes a me casar?!

Lágrimas invisíveis foram secadas pelas palmas de sua mão. De repente, na estrada que os levariam para casa, Adam sentiu seu coração encolher no peito e um incômodo o fazer arfar. Ele olhou para Vera, e chamou sua atenção.

— O que acha de almoçarmos em um restaurante que esteja aberto?

— Eu não acha uma má ideia — sorriu. Ela tocou no ombro do motorista, o pedindo em seguida para que os levassem para o restaurante que ela já estava acostumada a ir.

E passado alguns minutos os dois já estavam sentados à mesa, com as mãos em seus talheres e atenção em seus pratos tão bem enfeitados. Porém, Vera parou um pouco de alimentar para olhar a Adam.

— Você está bem calado desde o carro... está sentindo alguma coisa?

— Não é nada — forçou um sorriso — Eu estava apenas pensando.

— Era sobre a Mavi?

—... também.

Ela o olhou cautelosamente.

— Você está preocupado com a decisão dela, não é?

Infelizmente, Mavi ainda não tinha se decido a ir com eles para mansão. Mesmo Adam a dando consciência dos dias e a pressa que deveria estar acontecendo entre eles. Mas ele compreendeu, que além de tudo, Mavi era jovem demais e mesmo sendo assim reconhecia que precisava de um momento para que finalmente se decidisse. Porém, ele deixou bem claro que no dia seguinte, seria o dia decisivo. Mavi escolheria, entre ir com eles e viver na mansão, ou sofrer as consequências.

— Estou sim.

— A minha não durou muito tempo — confessou Vera — Eu pude sentir uma confiança muito grande vinda dela. Mesmo a conhecendo em questões de minutos, vi que Mavi tem uma forma diferente de lidar com as coisas. Principalmente quando elas exigem sua responsabilidade e escolha — ela mastigou o pouco do que tinha no fundo dos dentes, dando um pequeno sorriso no final com um pensamento — Cheguei até mesmo me lembrar do meu pai quando isso acontecia. Ele se fechava todo e vestia uma couraça para fazer uma decisão.

— É. Eu não posso discordar de que Mavi é assim... mas tenho medo de que ela não possa tomar uma decisão à tempo. Tenho medo de que sejam rápidos em encontrá-la e...

— Adam, se acalme — o aconselhou — Amanhã saberemos a resposta. Você deixou tudo bem esclarecido e eu não duvido nada de que você retornará com ela para casa, e as crianças, como uma resposta.

Ele sorriu para ela, contente pelo apoio.

— Muito obrigado, Vera.

— Agora, basta apenas esperarmos, hãm — piscou — Se mantenha bem confiante, tudo dará certo!

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now