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Levando sua mão a de seu pai, Ramón deu um longo suspiro. Passar horas ao lado dele, nunca lhe pareceu algo cansativo. Mesmo que Dominique tivesse feito coisas ruins, mesmo que tivesse tendo comportamento questionadores, era o seu pai.

— Eu ainda não entendo... mas tenho medo de um dia entender — suspirou — Eu não entendo por estar lutando tão fortemente... e tenho medo do momento em que chegar, e sua luta encerrar. Tenho medo que isso envolva totalmente a sua morte — confessou — Eu não quero perder mais alguém, não quero. A mamãe foi a dor que atravessou meu peito. Mas o senhor, o senhor é quem mais estou me assegurando e mais do que nunca eu quero estar ao seu lado.

Ramón também era responsável pelas medicações, as injeções e de uma vez em outra consultar o pulso e pressão de Dominique. Era um "enfermeiro" que não se importava em quantas vezes tinha que se mostrar presente em seu trabalho.

— Ramón? — a voz de sua irmã atravessou a porta.

Ele virou para olha-la, olhou uma última vez para seu pai prometendo que iria voltar logo.

— O que houve? — questionou fechando a porta do quarto atrás de si — Parece que quer me dizer uma coisa.

— E eu realmente preciso, é algo muito sério.

— Tem haver com as minhas sobrinhas? O nosso pai?

— Não, não — negou — Mas é necessário que nenhum deles saiba disso, por enquanto. Você tem que me prometer que manterá em segredo enquanto não acontecer, está bem?

Ramón a fitou, questionando em sua mente o que poderia ser.

— Tudo bem. Me manterei calado.

— Ótimo — sussurrou — Em alguns dias, virá umas crianças e uma jovem para cá.

— Eu os conheço?

— Não não, nem eu mesmo os conheço. Mas mais do que nunca, eles precisam de abrigo.

— Você ficou maluca?! Onde já se viu trazer pessoas desconhecidas para a nossa casa?!

— Mas eu...

— Já chega, Vera! Esses meninos não vão vir pra cá!

— Olha! Eu não vou abaixar a cabeça pra você e me calar, você tem que me ouvir! — proclamou — Eles estão precisando de cuidado e atenção, eles perderam o responsável e estão sozinhos correndo um grande risco de serem separados!

— E o que temos haver com isso, Vera?! Você sequer conhece esses meninos!

— Mas o Adam conhece!

— O Adam, não nós!

Vera puxou todo ar que precisou para conseguir retomar sua fala.

— O Adam é um homem confiável! É uma pessoa que em pouco tempo nos cativou, e com certeza ele não iria trazer nenhum para essa casa que não fosse uma pessoa de bem!

— Isso você diz porque pensa, mas não sabe o ato.

— Para de pensar pelo menos um pouco com a cabeça, e usa esse coração! Você não me escutou, pelo visto, mais eu vou repetir! — pontuou — Eles correm risco de serem separados da jovem responsável por eles, que também faz parte dessa pequena família. Eles são muito pequenos e será um trauma incurável, sendo que nós, poderíamos impedir isso!

Ramón trincou o maxilar, olhando para baixo.

— Você dizendo assim, nem parece que já sentiu a dor de estar separado de quem ama!

— É claro que eu sei, Vera! — defendeu-se — Mas isso não quer dizer que...

— Isso quer dizer que você deve pensar no outro, que você deve se colocar no lugar das pessoas e tentar entender o que acontece na vida delas, antes de já sair argumentando algo sobre sem total conhecimento do que estão passando!

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now