Um Parto Doidinho da Silva

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Uma vez na vida você encontra alguém

Que vira a sua vida de ponta cabeça

Que te anima quando você está mal

Agora nada poderia mudar o que você significa pra mim

Há muita coisa a dizer

Mas apenas me abrace agora

Pois nosso amor irá iluminar o caminho

(...)

Nós estamos na pista de dança e estou balançando o meu corpo como posso, sem mover muito os pés para evitar respirar como um cachorrinho cansado que coloca a língua para fora. O Ryan me segura como quem segura uma flor delicada, como se qualquer movimento brusco fosse danificar uma das pétalas. Ou todas elas, eu vejo pelo seu sorriso preocupado, depois de trocar a letra da música para perguntar, outra vez, se eu estou me sentindo bem para dançar.

— Claro que estou, amor. Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Eu estaria bem mesmo se o chão tremesse e as paredes sacudissem.

Ele faz uma careta.

— Terremoto?

— Você entendeu. — Eu rio boba, sentindo o cheiro maravilhoso da loção pós-barba em seu queixo.

— Já basta você que veio para me deixar em ruínas. Não quero saber de outro terremoto em minha vida. — Ele brinca, tocando o meu nariz com o seu.

— Eu te amo. — Confesso, toda apaixonada.

— Hhm... — Ele murmura apreciador, antes de jogar alguns fios do seu cabelo para cima e voltar para mim. — Eu esperei tanto tempo para que algo acontecesse... Para o amor chegar. E agora nossos sonhos se tornam reais. Na felicidade e na tristeza, eu estarei lá com você. — Ele volta a cantar baixinho em meu ouvido. Seu sorriso brilha, e o meu parece colado com cola quente de silicone. Minha boca está ficando dormente, mas eu não consigo parar de sorrir. Ele é lindo, muito assim, de doer os olhos e deixar o coração quentinho.

— Eu definitivamente amo essa música. — Eu digo plantando minhas mãos em seu peito. 

Nós balançamos lentamente na pista até que sinto um liquido arruinar as minhas meias, encharcando-as. Paro subitamente, muda de espanto, e isso o alerta, pois arregala os olhos quando entendimento se espalha pelo seu rosto. Levanto a barra do meu vestido e observo o liquido claro no chão. 

— O... — Sua voz some.

— A bolsa? — Eu pergunto sem muita certeza.

— Eu não estou preparado. — Ele fica pálido.

— Você ouviu um pop?

Pop? — Ele soa como se tivesse surgido outra cabeça em meu pescoço. 

O pop da bolsa estourando. Sim, tenho certeza que foi.

— Dakota?

— Hhm?

— Quando não está falando você me preocupa.

— Eu não estou sentindo nada. Eu só... Estou muito molhada. — Eu tento acalmá-lo. Mas o Ryan começa a olhar de um lado e outro, procurando Suzy. O homem gira frenético, me deixando tonta.

"Calma... Respira", eu ordeno a mim mesma. "Tudo está bem." Sim, tudo. Ela me disse que eu não poderia entrar em pânico. Que teríamos tempo.

Eu não posso entrar em pânico.

UMA BABÁ DOIDINHA DA SILVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora