lxve by damage: helena

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só vim deixar isso aqui msm. 

ah gnt e quem tem sensibilidade com o tema de homofobia por favor leia com cautela e cuide da cabecinha de vcs. bjos.


Parte 2, Capítulo Seis: helena

Nicholas sentia-se como a própria definição de lamentável. Chegava a ser risível a quantidade de vezes que ele chegava ao fundo do poço e voltava. Era quase como uma segunda casa para ele. Suspirou. A sensação de impotência era pouco menos pesada demais para deixar suas pernas se moverem, mas sabia que ficar no jardim de Romeo apenas o irritaria ainda mais. Sentia-se injustiçado, é claro, o dia que o loiro o chamara de namorado pela primeira vez também era o dia que tinha dito não querer ver o rosto de Nick. Uma ironia amarga.

Andou até a calçada com a chuva engrossando cada vez mais. Também não queria dar um motivo definitivo para Romeo terminar com ele, parecia que estivera andando na corda bamba com ele todo esse tempo e embora cair talvez fosse a melhor resposta não era ela que Nicholas queria. Estendeu a mão e um táxi livre parou para o jovem.

Encarou a chuva lá fora. Se a situação fosse inversa, se Nicholas estivesse passando por isso ele tinha certeza de que iria querer Romeo com ele. Iria querer segurar a mão dele o tempo todo, se apoiar na sua fortaleza, se sentir seguro com ele. Suspirou. Eles eram tão diferentes. E o que Romeo queria que ele tivesse feito? Fingido que nada tinha acontecido? Que uma pessoa que já machucou tanto ele não tivesse simplesmente surgido do nada? Nick se importava. Não queria o loiro chorando, nem triste ou qualquer coisa que minimante tirasse a felicidade dele. Era tão ruim assim pensar desse jeito?

— Rapaz, — o motorista chamou. — vai cair uma chuva pesada e tem uma senhora querendo um táxi, se importa em dividir?

A essa altura Nicholas não se importava nem se o taxista o deixasse em outro destino. Seu peito doía demais. O motorista explicou para a senhora do lado de fora que já havia alguém dentro e ela hesitou um pouco antes de entrar. Do lado de dentro Nicholas queria que Romeo confiasse mais nele. Ou que pelo menos permitisse que Nick o lesse, ele não se importava se o loiro não quisesse explicar tudo para ele, Nicholas daria um jeito de entender. Ele já tinha feito isso antes, desvendara seus olhos apimentados, traduzira suas palavras duras e provocativas, instigara seus beijos. Apertou os olhos. E agora no momento mais crítico Romeo o mandava embora. O que mais ele tinha que fazer?

— Para onde, senhora? — perguntou quando ela sentou do lado oposto a Nicholas. — Centro, você disse?

— Sim, — Helena respondeu com uma voz enfraquecida. — no Hotel dos Professores.

Nicholas quase quebrou o pescoço quando virou a cabeça de supetão e encarou aquela mulher como se estivesse vendo um fantasma. Todo o seu sangue foi parar nos seus pés. O Professor Fajardo havia se livrado de todas as fotos dela na casa, mas uma vez Nick achara uma imagem dela num livro de Romeo quando ele estava no banho. Era uma imagem antiga, estava desbotada nas laterais e era de quando a mulher tivera o filho no hospital. Ela e o professor Fajardo sorriam de orelha a orelha enquanto Romeo provavelmente abria um berreiro.

Naquela foto ela estava mais jovem, mas não era por isso que parecia uma pessoa totalmente diferente da que estava do seu lado agora. Helena tinha um brilho nos olhos, uma felicidade que Nick as vezes via em Nina, mas o sorriso definitivamente era de Romeo. Agora aquela mulher andava com os ombros curvados, o cabelo desbotado, roupas maiores que ela e uma expressão abatida. Era quase impossível acreditar que aquela mesma pessoa espancou o próprio filho. Nicholas afundou as unhas nas palmas das mãos. Mas ele sabia que aquilo era bem real.

brutal, stupid, lxveWhere stories live. Discover now