Capítulo 34

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Aaron Harris 🏵️

Esse mundo pode te machucar, te cortar em pedaços e deixar as cicatrizes. As coisas desmoronam mais nada quebra como um coração

Nada pode te consumir tão profundamente quanto a dor e a culpa de perder alguém. Naquele dia meu mundo caiu e se tornou uma enorme bola cinza e amarga.

Desde a morte da Megan tudo que eu fiz por apenas sobreviver, a cada dia que eu abria os olhos e percebia que eu estava vivo eu desejava estar morto. Enterrado a sete palmos do chão assim como ela, nada mais dentro de mim estava vivo, então porque continuar existindo?

As drogas e o álcool são as únicas coisas me mantém fora de órbita o suficiente para esquecer que a minha garota está morta, a minha ruiva. Arrancada de mim feito um espinho doloroso e inflamado que estava cravado em minha pele.

É tão sufocante e desesperador, mesmo bebendo e me drogando a dor só aumenta a cada dia. Sem o seu cheiro de morango, sem sua voz doce, seus lábios suaves e seus olhos tão verdes quando o mar. Tudo é um grande buraco negro, me sugando para dentro cada vez mais até que não exista mais nada de mim.

Eu não imaginava que meus sentimentos por Megan eram tão profundos, mais naquele dia foi como se eu tivesse morrido junto com ela.

Depois do que aconteceu na floresta eu sumi, apenas para dar um tempo a nós dois. A culpa me consumia e eu não conseguia olhar para ela sem pensar que ela me odiava pelo o que aconteceu, que eu sou um filho da puta detestável e que não mereço nada mais que a tortura, o desprezo e a morte.

A última lembrança dela sobre mim foi naquele momento em que dei as costas pra ela e fui embora. Não houve um adeus, um beijo de despedida ou um abraço de perdão. Ela se foi levando a minha pior parte com ela.

Cai no sofá após cheirar a terceira carreira de pó, enfiei um cigarro de maconha em minha boca e comecei a fumar enquanto segurava uma garrafa de vodka em minha outra mão.

Com um gole generoso encostei minha cabeça no braço do sofá, fechei meus olhos e soltei a fumaça no ar. Meu corpo estava desfalecendo, já fazem dois dias que não como e sobrevivo apenas de drogas e bebidas.

Minha mente viaja o mais longe que ela consegue. Meus dedos não conseguem segurar a garrafa e ela vai no chão se despedaçando. É como ser levado pela névoa obscura outra vez, que vem e me sufoca tirando tudo de mim.

"Aaron!"-A voz distante atravessa a nuvem negra que se forma sobre meu corpo.

O cheiro de morango invade minhas narinas e eu respiro fundo me sentindo como se tivesse tomando um energético. Meu coração pulsa mais forte dentro do peito. Megan!

Estou sonhando com ela outra vez, eu odeio quando isso acontece, porque sempre que abro meus olhos ela não está lá e a realidade cruel me soca na boca do estômago tirando todo meu ar.

"Aaron!"-Sua voz me toma pela segunda vez.

"Megan!"-Suspiro fundo abrindo meus olhos.

Os fios ruivos caem sobre seu rosto e roçam o meu fazendo um atrito agradável. Seus grandes olhos verdes me engolem para dentro de si. Porra, esse é o melhor sonho que já tive em dois meses. E olha que eu sonhei muito com ela.

"Meu Deus, Aaron! O que houve com você?"-Ela toca meu rosto com as duas mãos e as lágrimas caem do meu rosto.

"Me perdoa! Me perdoa!"-Seguro seu pulso-"Megan, me perdoa"

"Está tudo bem, não tem o que eu perdoar"-Seu dedos deslizam por minha pele e eu suspiro

"Não vai embora, por favor!"-Meu nariz mergulha entre seus dedos inalando o máximo que posso de seu cheiro-"Eu não quero acordar, não quero abrir os olhos e você sumir outra vez."

Devil's childrenWhere stories live. Discover now