Capítulo 27

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Matthew Miller 🕸️

Coloquei a taça de vinho sobre a mesa e me remexi sobre a cadeira de estofado, ainda incomodado com a gravata apertada em volta do meu pescoço. Eu não estava confortável, tudo estava me deixando irritado e desconfortável.

As conversas, as risadas e até mesmo as insinuações da senhora sentada em minha frente. Por Deus, essa velha tem idade para ser minha avó e fica me encarando como se quisesse que eu a comesse em cima dessa mesa nesse momento.

As eleições estão chegando e toda vez é a mesma tortura, jantares torturantes e cheio de mentiras e falsidades. Meu pai jurando que vai ser um ótimo vice-presidente enquanto meu avô faz promessas que ele obviamente não vai cumprir quando se tornar presidente, sem contar a minha mãe toda amigável com as outras mulheres. Sendo que pode trás chega crucifica-lás.

"Então Matthew, como vai os estudos?"-Sr. Cooper se direciona a mim-"Soube que é capitão do time, isso é um ótimo título. Vai te ajudar muito quando se tornar senador"

"Por que acha que eu insisti tanto ao treinador?"-Meu pai responde em seguida-"Temos que ter nossas artimanhas"

Odeio com todas as forças o fato do meu pai e meu avô me empurrarem para esse mundo da política.

"Na verdade, por mais que meu pai tenha pagado uma boa grana ao treinador. Eu ainda continuo como capitão porque sou bom"-Respondo com ácidez-"E agradeço ao meu pai, porque ele me fez perceber que é exatamente isso que eu quero. Ser um jogador profissional"

Assim que terminei minha frase meu pai começou a tossir, engasgado com o próprio wisky. Enquanto meu avô me olhava como se tivesse a beira de um colapso. Minha mãe com certeza gostaria de se enfiar de baixo da mesa.

"Um profissional?"-Sr.Cooper continuava me encarando-"Você vem de uma longa linhagem de políticos, não pode parar essa herança agora"

"Pena que não é você quem decide isso"-Tentei não parecer tão grosseiro, mas não adiantou.

"Saia da mesa"-Meu pai bateu o guardanapo com força sobre ela-"Vá para o escritório e me espere lá"

Eu o encarei apertando meus punhos com força por debaixo da mesa. Então me levantei sem questão alguma de ser educado e me despedir de todos ali. Por mim eles poderiam ir para o inferno.

Eu fui de encontro ao escritório e entrei fechando a porta atrás de mim, afrouxei aquela maldita gravata e abri dois botões da camisa que estava usando. Assim que me virei a porta se abriu outra vez e meu pai entrou fazendo o mesmo que eu. Mas diferente de mim, ele me acertou um soco

Meu corpo bateu contra a mesa derrubando algumas coisas e no mesmo instante o gosto de sangue invadiu minha boca. Suas mãos envolveram minha cabeça e ele chegou tão perto que o bafo de sua bebida me fez ficar enojado

"Qual é a porra do seu problema?"-Ele se esforçou para não gritar.

"Nenhum!"-Respondo com desdém.

"Que palhaçada foi aquela?"-Eu via em seus olhos a raiva que o mesmo estava sentindo -"Você tem noção da vergonha que me fez passar? Agora todos vão achar que meu filho é um merdinha"

"Palhaçada? Eu apenas disse o que quero fazer da minha vida"-O empurrei-"Eu fui sincero sobre o que eu quero, diferente de vocês que só saber mentir e fingir ser o que não são"

Ele se aproximou rápido o suficiente para eu sentir meu rosto arder com outro soco. Dessa vez o gosto metálico do sangue ficou ainda pior.

Ele me puxou me jogando contra a parede e apertou meu pescoço com tanta força que eu já não podia respirar com tanta facilidade.

Devil's childrenWhere stories live. Discover now