CINCO

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            Era um plano arriscado com inúmeras chances de dar errado. Se algo saísse do planejado, tudo iria por água abaixo e teríamos que enfrentar as consequências por desafiar o rei.


            Tentava me lembrar de todos os passos do plano enquanto estava escondida no porta- malas da diligência, coberta por mantos pretos, atravessando os portões do castelo e reunindo toda coragem que ainda me restava:


            — O rei sabia que vocês viriam? — perguntou uma voz que imaginei ser de um dos guardas reais.


            — Diga que é a princesa Isabel que deseja vê-lo. Ele certamente a atenderá — respondeu a voz que eu sabia ser do chofer.


            Um dia antes, eu e Isabel passamos o dia acertando os detalhes do plano, repassando várias vezes e tentando descobrir o que poderia dar errado e o que faríamos caso isso acontecesse. Isabel era uma mulher inteligente e, juntas, descobrimos o que imaginamos ser o único meio de conquistar o nosso objetivo.


"O chofer vai posicionar a diligência bem próximo à porta da casa de ferramentas" Isabel disse, "ninguém vai entrar lá, pode ficar tranquila, meus infiltrados deixarão a porta destrancada para você, mas seja rápida!".


Fui rápida. Em um fôlego só, saltei da diligência e entrei na casa de ferramentas sem que ninguém me visse. Era muito escuro lá dentro, tentei enxergar o lado positivo e constatei que seria mais fácil me esconder no escuro caso alguém entrasse inesperadamente. Eu já era oficialmente uma invasora da propriedade da realeza, passível das punições adequadas ao crime de traição.


            Isabel estava dentro do castelo nesse momento, ela precisou inventar algum pretexto para encontrar o rei, dessa forma nós duas poderíamos nos infiltrar no local. A situação de Isabel é delicada, pois ela precisa estender a conversa tempo o suficiente para um dos guardas lhe entregar as plantas roubadas e eu cumprir a minha parte do plano.


"Eles vão lhe dar um sinal quando for a hora certa de sair", Isabel disse. "Vão bater na porta duas vezes".


Fiquei atenta esperando o toque, com medo de me distrair por um segundo e não o ouvir. O que aconteceria se esse toque nunca ocorresse? Quando seria seguro fugir?

            Depois de dez minutos, ouvi os tais dois toques, abri a porta dando de cara com dois guardas, meu corpo inteiro gelou.


            Um deles colocou o dedo indicador frente à boca em sinal de silêncio:


            — Você precisa ser rápida — ele disse. Eram os nossos cúmplices.


            Onde está? Perguntei, tentando não parecer muito nervosa.


            — Me acompanhe. Pode ficar tranquila, esse trajeto estará limpo. Nós somos os responsáveis por essa área.


            Corri logo atrás deles, tentando fazer meus passos serem os mais suaves possíveis e olhando para todos os lados. Sempre que ouvíamos um barulho, parávamos por um segundo para verificar se estava tudo bem e prosseguíamos o trajeto.

MAIS LEVE QUE O AR (HISTÓRIA COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora