Menino Raposa

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Kida (Humanimal Tigresa)

15 dias depois


Quinze dias e quinze noites, andando pela direção oeste, descobrindo vilas novas, florestas grandes para pegar alimentos e passar a noite com sons dos animais à nossa volta.

Faz dois dias desde que o Bicudo (dei esse nome por pássaro de bico grande), desapareceu e nenhum sinal dele, por isso ainda estou continuando no mesmo caminho.

Sempre paramos em uma floresta para descansar. Levo o Vento (dei esse nome por cavalo) para beber água enquanto Kirara foi vigiar o território. Nos dias que a Kirara achar uma vila de Cidadãos, deixo Kirara escondida na floresta enquanto eu ia com o Vento para ir comprar alimentos ou acessórios para viagem.

Graças ao meu cabelo curto, roupas longas e capuz preto, me disfarço de homem misterioso e nunca conversa com ninguém. Já que como mulher sozinha, chamaria muita atenção deles, principalmente para os Humanimais, e até agora não encontrei com nenhum outro tipo de Humanimal.

Essa noite passamos dentro da floresta e assar carne de porco na fogueira.

Deitou-me entre raízes da árvore e Kirara dormindo ao meu lado, aquecendo minhas pernas, e o Vento comendo a grama. Antes de dormir eu converso pouco com Arya e até com a Sombra.

Desde que consegui dom de controlar Sombra, fui sentindo melhor a energia e sentimentos dela. E ela é bem chata quando grita pra chamar minha atenção. Pelo menos eu queria ter um sono tranquilo sem uma alma animal maligna gritando na minha mente e Arya gritando pra ela calar a boca.

Olhei para estrelas e pensando o que a mestra Parvati e Úrsula estavam fazendo e onde estão. Queria vê-las, mas tenho que fazer essa jornada sozinha, procurar minhas lembranças perdidas e quebrar a maldição.

Antes de fechar os olhos, falei boa noite pra elas, como faço todas as noites.

***

Na manhã seguinte depois de atravessar toda a floresta, paramos numa cachoeira pra pegar água. Na bolsa de pele, que eu mesma costurei, vi tínhamos poucas ervas medicinais e os vegetais tinham acabado.

Tenho que passar numa vila próxima, espero que na próxima seja de Humanimais.

Estou cansada de cidadãos me encarando o tempo todo e alguns falam uma língua diferente.

Mas Arya falou que como os animais podem se comunicar com muitos tipos de animais, eu posso entender e falar com os cidadãos de línguas diferentes e eles podem me entender.

Kirara foi caçar enquanto subi em uma árvore mais alta e não dava pra ver por causa das outras árvores. Fui descendo até ver que Kirara me esperando e disse mentalmente:

"Achei uma vila de humanos, meio perto daqui."

Eu a segui até uma cerca entre a floresta e um campo de plantação. Do outro lado está uma vila dos Cidadãos.

Preparei-me para ir, vestir capuz cobrindo a maior parte do lado esquerdo para esconder o braço coberto de pêlos pretos.

- Me espere na cachoeira. - falei pra Kirara enquanto montei no Vento - Volto antes de anoitecer.

"Tá bom, Kida."

A vila é pouco maior do que imaginava.

Na rua principal está tendo uma feira, cada barraca tinha mercadorias diferentes, frutas, armas, plantas, grãos, alimentos e animais.

Deixei Vento com outros cavalos bebendo água e andei entre a multidão, as pessoas abriram passagem pra mim e sussurrando nas minhas costas.

Aproximei numa barraca de ervas e uma senhora de pele escura, usando um vestido velho e um lenço na cabeça me atendeu.

Jornada da Tigresa Where stories live. Discover now