Bônus Damien

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- Isso é pra você aprender, filho do sapateiro! - ele gritou depois de me dar outro soco.

Eu ainda estava caído no chão, limpei minha boca, da onde um filete de sangue escorria e ri.

- Só isso? - eu perguntei vendo a fúria de Maurice aumentar - Emanuelle me fez sangrar mais, arranhando minhas costas, enquanto eu a fo. . .

- Seu bastardo!- ele avançou sobre mim, mas eu me levantei rápido, me esquivando - Eu vou mata-lo!

- Muito fácil me ameaçar, quando seus amigos cães de guarda, estão por perto. Você sabe que se me enfrentasse sozinho, não teria chance nenhuma.

- Mas eu não preciso - Maurice disse na minha cara, enquanto dois amigos seus me seguravam - Eu tenho dinheiro, muito dinheiro! Não sou o filho de um sapateiro bêbado como você!

Eles me deram uma surra, mas nada que eu não pudesse aguentar, já tinha tomado tantas pela minha vida. Ser filho de um pobre sapateiro, que depois que perdeu a esposa virou um bêbado, não me fez muito popular.

Quer dizer, posso ser pobre, mas minha aparência sempre chamou a atenção das "donzelas". Moças que deviam ser recatadas e inocentes, mas quando ficavam sozinhas comigo, mostravam quem era de verdade. Eu já tinha ouvido tantas vezes "Que pena que você não é de família". . .

Elas nunca poderiam assumir ter algo comigo, ser vistas na minha companhia, eu era um zé ninguém!

Se eu me importava? No começo, confesso que sim. Agora eu me aproveitava para tirar tudo o que eu podia delas.

As casadas era minhas favoritas, me davam qualquer coisas para me mantar ao lado delas, mas em segredo. Quantas vezes eu tinha que ir nas casas delas para fazer novas medidas para sapatos exclusivos ou entregas demoradas, muito demoradas. . .

E seus maridos estúpidos e gordos, aristocratas imbecis não tinham medo, eu era só mais um da ralé, um serviçal ordinário.

Cheguei em casa de madrugada, meu corpo doía, mas logo passaria. Pra variar, meu pai estava bêbado, jogado numa poltrona, roncando.

- Brigas-te novamente? - minha irmã mais nova perguntou.

- O que ainda fazes acordada Beatrice? - perguntei para ela, ela tinha apenas treze anos.

- Papai não terminou as encomendas de amanhã, alguém precisava - ela deu de ombros, como se fosse normal, mas não era para ser.

- Ja pensas-te na proposta da tia Amelia? Deveria ir morar com ela, ela cuidaria de ti como deveria ser cuidada- a beijei no topo da cabeça.

- Não poderia, quem cuidaria de você e seus ferimentos? - ela sorriu tão docemente, ela lembrava minha mãe.

- Vá dormir que eu termino aqui. E sem reclamar!- ela não queria, mas eu podia ver em seus olhos o quanto estava cansada. Ela me deu boa noite e foi dormir.



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Ja era fim de tarde quando eu estava voltando para casa, tive que passar na casa de uma das clientes, ela acabou me atrasando para voltar a sapataria. Nunca tinha sido tão bom assim, mas eu tinha gozado e ganho um par de brincos que daria de presente para minha irmã.

No começo da rua eu senti o cheiro de queimado, quando levantei os olhos vi a fumaça negra, meu coração gelou e eu corri, muito rápido, o máximo que pude.

- Beatrice!- eu gritei, a sapataria pegava foco, nós morávamos no andar de cima da sapataria. A parte debaixo tomado pelo fogo. Outras pessoas assistiam tudo, ninguém fazia nada? Passei pela multidão que se formava, empurrando os outros, encontrei com meu pai, de joelhos, chorando - Onde está Beatrice? ONDE ELA ESTÁ?

AngelusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora