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                  Merida Martir                               ≛

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                  Merida Martir
                             

— EU NÃO QUERO PARTICIPAR DESSA SELEÇÃO!— gritei pela milésima vez implorando pra que minha mãe entendesse, mas ela apenas respirou fundo

Provavelmente se segurando pra não lançar um tapa em meu rosto.

— Merida. Você não tem escolha, isso vai ser bom pra você. Entenda!— ela insistiu

—Bom pra mim ou bom pra você?
— perguntei, acho que estava claro no meu rosto o quanto toda aquela discussão me doía, eu provavelmente estava com os olhos vermelhos de tanto chorar

Como sempre fico.

— Não ouse me colocar como vilã! Eu só quero o melhor pra você e você também sabe que precisamos. Enquanto você estiver lá, receberemos uma boa quantia e regalias, talvez até proteção, quando tiver outro daqueles ataques horrendos.— ela falou e eu fechei os olhos

— Você vai estar praticamente me vendendo, você não vê isso?
— perguntei, segurando mais choro que queria sair

— Meri...— ela sussurou cansada

— O que estava acontecendo?— meu pai perguntou chegando na casa

— Ah, graças aos céus, Philip.— minha mãe falou aliviada e eu corri até meu pai, me lançando nos seus braços

— Por favor, diga que o senhor não está de acordo com ela. Eu não quero ir.
— implorei chorando e ouvi ele suspirar

— Podemos conversar depois do jantar? Agora preciso falar com sua mãe.— ele falou fazendo carinho nos meus cabelos e eu concordei

Me afastei dele, limpando as lágrimas e subi pro meu quarto.

Não demorou muito e Lizzy apareceu, com um sorriso fraco no rosto, e se sentou de frente pra mim.

— Do que tem tanto medo?— ela perguntou, após estarmos a um bom tempo em silêncio.

— como assim?— perguntei confusa

— Você tem medo. Não quer ir ao castelo, porque tem medo de algo. Qual o seu medo?— ela perguntou calma

Como essa menina pôde descobrir exatamente o que eu sentia?

— Vamos Meri, seja sincera comigo.
— ela pediu e segurou minha mão.

Abaixei a cabeça e soltei um leve suspiro.

— Enquanto eu assitia a seleção do Rei Erik, via como a rainha Amber sofria. Como tinham ataques constantes ao Palácio e o quanto o rei foi rude com ela. Sei que por trás daquela dureza havia um motivo, que não foi revelado, já que é um segredo dos dois. Mas temo que Matheo seja igual ao pai e que não goste de mim, ou pior.—deixei uma lágrima escapar.— Eu realmente nunca quis ser rainha, pelo menos nunca foi um dos meus objetivos, mas só de me imaginar tão perto disso. Sinto uma esperança, sinto que pode realmente acontecer. Mas não gosto de sentir isso. Porque sei que é impossível.— falei

Já estava me enrolando com as palavras. Minha respiração estava acelerada, sentia que nada do que eu dizia fazia sentido.

— Resuma Meri.— Lizzy pediu me fazendo rir fraco

— Tenho medo de me apegar. Medo de me apaixonar e ser enxotada. Todas sabem como o príncipe é belo e galanteador, e eu sou tão boba e frágil. Estando la por ele, para ele. Ele pode brincar comigo como quiser, pode me fazer achar que me ama, pode até achar que me ama e depois perceber que não sou a escolha certa. Tenho medo do futuro aqui e mais medo ainda do futuro comigo estando la.— soltei um longo suspiro

— Mas você não acha que vale o risco? Sabe, pode ser divertido, você pode se machucar? Sim, mas também pode criar boas lembranças. E é normal se machucar, você precisa disso pra crescer e aprender com a dor.— ela falou e eu a encarei

— Garota você tem 16 anos ou 30?
— perguntei e ela riu alto

— Você é péssima Merida.— ela falou me fazendo rir

— Lizzy, será que posso conversar com a sua irmã?— meu pai pediu entrando no quarto e minha irmã levantou da cama em um pulo

— Claro papai. Te vejo no jantar Meri.

E então ela saiu do quarto, pulando feito um Coelho, como se seu trabalho estivesse feito.

Soltei um suspiro e me endireitei na cama. Dando espaço para meu pai se sentar a minha frente.

— Achei que só conversariamos depois do jantar.— falei confusa e ele sorriu

— Resolvi as coisas com a sua mãe mais rápido do que imaginava que seria.
— ele deu de ombros

— Então. Conseguiu convence-lá a me deixar ficar...— falei, por mais que eu mesma já esteja repensando isso.

— Merida, querida. Você sabe que eu sempre quero sua felicidade, sempre digo para por o coração e sua saúde mental acima de tudo. Sabe que nunca te obrigaria a fazer nada contra sua vontade.— concordei com e que ele disse.— Então sim, conversei com a sua mãe e consegui convence-lá. Não posso dizer que ela está contente e muito menos que olhara no meu e no seu rosto nos próximos dias, mas sei que logo isso passará. Só espero que você também perceba a grandeza dessa decisão e a oportunidade que está perdendo.

Suspirei.

— Por mais que seja incerto, se você vai ganh- — ele se corrigiu.— se vai se casar com o príncipe ou não, você poderia tentar. Poderia se esforçar, para -talvez- fazer ele feliz, ser feliz ou até mesmo governar junto dele.— ele continuou e fechei os olhos

Sentindo uma enchaqueca vir.

Já estava cansada de tanto falar sobre aquilo.

Mas também sabia que os meus dias estavam acabando e que uma hora ou outra eu teria que decidir.

Sabia também que me arrependeria quando visse todas as garotas reunidas na TV.

E por isso, resolvi pelo menos uma vez na vida. Seguir o conselho de toda minha família e me arriscar.

Afinal, eu podia ser humilhada, magoada, despedaçada naquele lugar. Mas pelo menos estaria tentando e ajudando minha família.

-, talvez eu não seja humilhada e despedaçada, exagerei‐

Por fim. Abri os olhos e encarei os olhos negros de meu pai, que me observavam esperando uma reação.

— Acho que eu devo tentar. Não tenho nada a perder mesmo.— sussurrei e vi um sorriso discreto crescer em seus lábios

— Essa é a minha garota!— ele falou e me abraçou

Esse é o lugar onde me sinto verdadeiramente em casa. Não é nessa casa. Não é nesse quarto. É no abraço. Tanto de meu pai, quanto dos meus irmãos.

E sabendo que mesmo se eu perdesse, eu ainda teria isso. Já foi o suficiente pra me encorajar.

Eu faria isso.

Me esforçaria pra ganhar, mas também
não me importaria tanto se perdesse.

Me esforçaria pra ganhar, mas também não me importaria tanto se perdesse

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A chance to love - Timothee ChalametOnde as histórias ganham vida. Descobre agora