Capítulo Seis [penúltimo]

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17 de agosto, 1958.


Não deu pra tirar ela do pensamento
Eu ia dizer que estava apaixonado
Recebi o convite do seu casamento


— Por favor, irmão, deixe-me. — implorara Kim pela quinta vez desde que seu irmão, Ed, adentrou seu quarto à força.

— Há 55 dias que tu vives dessa maneira, irmã! O que queres, afinal? Matar-se?

Evitou olhá-lo nos olhos. Sabia que estava furioso porque se importava com a irmã.

— Não és necessária a tua revolta. Estou bem. — disse Kim pouco antes de tentar levantar-se e, indo contra tudo o que disse, fraquejou, caindo de volta à cama.

Ed, deixando com que sua fúria se esvaísse, aproximou-se da irmã, tomando cuidado para que ela não se desmontasse. Abraçou-a.

— Não quero perder-te. — confessou-lhe.

— Tu não vais.

Afastou-se da irmã para fita-lhe o rosto pálido a procura de algo que afirmasse que estava falando a verdade. Mas não estava. Vi-a sucumbindo cada dia mais quando diminuía suas poções, fechava suas cortinas, quando passava maior parte de seu tempo dormindo, há semanas não lia, não reclamava da Alta Sociedade com suas críticas válidas porém que, por ser mulher, nunca a davam ouvidos. Kim há 55 dias não saía de casa, evitava ver o sol, a lua, até mesmo o carvalho que ela e Bridget nomearam de condessa d’Eu.

— Diga-me o porquê de estar assim.

— Não existe porquê. Por favor, deixe-me.

Os olhos de Ed se cerraram em sua direção. Sentia a paciência se esvaindo e, para não irritar-se com a irmã, preferiu dar como vencido.

— Ficarei aqui. — afirmou já se deitando ao lado da irmã. — Se queres sucumbir a essa vida mórbida, sucumbirei com você.

Interrompeu a irmã antes mesmo que ela gastasse energia para rebater sua decisão.

— Poupe seu tempo! Nada me fará mudar de ideia; ficarei aqui até que me diga o que se passa, ou, de preferência, saía dessa morbidade.

Fechara os olhos para a teimosia do irmão, sabendo que não teria jeito. Contaria a ele.

— Bridget. — sussurrou para os pequenos resquícios de poeira que circulava pelo seu quarto escuro.

Demorou alguns minutos. Ed não disse nada, portanto, Kim continuou:

— Fui tola ao confiar que ela não se casaria um dia com um homem – afinal, tens praticamente 22 anos. Ela se casará com Elliot Singleton hoje a noite.

— Comparecerá?

— Obviamente que não!

— Fomos convidados, Kim. A Alta Sociedade inteira comentará se não comparecermos. Somos vizinhos.

Esse era um detalhe que Kim se lembrava bem. Ed não sabe porém o porquê de suas janelas estarem fechadas é pelo fato de que Kim não quer vê-la, principalmente com Elliot trazendo flores e beijando-a nas despedidas.

— Não irei suportar vê-la se casando. — confessou contragosto.

— Amá-la?

Virou sua cabeça em direção ao irmão, surpreenda-se.

— Amo-a, sim. — virou seu corpo, ficando de frente para ele. — Não enoja-te?

Pensara um pouco antes de responder:

Convite de casamento (romance lésbico✓)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora