Capítulo Três

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12 de outubro, 1855.


Eu fui seu guardião eu fui seu anjo amigo
Mas não sabia aqui comigo
Por ela carregava uma paixão


A boca de Kim percorria o pescoço de Bridget, inalando o cheiro predominante de sua pele macia e arrepiada – consequência das mãos que estavam fixadas em sua cintura coberta pelo vestido, que relutantemente tentava tirá-lo de seu corpo com o desejo enlouquecedor de tocá-lo mais profundamente. As pernas de Bridget envolveram o quadril de Kim e a puxara contra mais perto de si, mesmo que o ato não fosse – nem de perto – capaz de saciar o desejo de Kim, ela aceitou se abrigar ali enquanto suas mãos subiam as coxas de Bridget – essa que, há três anos atrás quando tinha apenas quinze, nunca imaginara que se deitaria com uma mulher... pior – ou melhor? – com sua melhor amiga!

— Bridget, por favor — exorara Kim entre uma arfada e outra.

— Sim, Kimmy? — respondera a morena após agarrar os cabelos ruivos da outra, obrigando-a a não parar de beija-lhe o pescoço.

— Sei que já conversamos sobre isso — agarrou os pulsos da morena com cuidado e se afastou o suficiente para olhá-la nos olhos. —, mas não estou mais aguentando essa necessidade.

Bridget sabia exatamente do que a ruiva se referia, todavia, em uma rápida tentativa de ganhar tempo para uma resposta que não enfurecesse Kim, ela questionou:

— Qual necessidade?

— A de estar com você!

— Mas estás comigo.

— Não de corpo e alma. — pensara um pouco nos últimos três anos e corrigiu-se: — Digo, somente em alma.

Os lábios de Bridget se moveram e reproduziram um som, algo que Kim não conseguira escutar. De repente, sua visão ficara falha e desfocada. Parecia cair... não, não era uma queda o que estava tento. Algo diferente. Estava sendo chacoalhada e sentia-se sem ar, desesperada tentava gritar. Nada.

E então, ao fim de sua agonia, conseguira finalmente acordar.

— Edward! — bradou à plenos pulmões o nome do irmão gêmeo assim que sentou-se em sua cama, esta tão encharcada quanto seu próprio corpo.

Ao pé da cama, Ed desfrutava aos risos o privilégio de ser capaz de irritar a irmã em pleno domingo ensolarado, e melhor ainda: não ser punido por tal ato. Completara dezoito anos algumas dezenas atrás, portanto, a mãe lhe dera liberdades de um homem, dentre elas a de importunar a irmã.

— Edward é o homem da casa agora — justificava a senhora Mitchell a cada discussão. —, respeite-o.

— Edward é um homem; pois bem, e eu sou uma mulher! Mereço ter o mesmo respeito ao que lhe for dado... embora, nesse caso em que não o tenho, também não o devo. — era sempre a resposta de Kim, afinal, tinha completado dezoito anos juntamente com Ed, adquiriu deveres tal como o irmão,  portanto, por que não ter os mesmos direitos?

Kim sabia a resposta para esta pergunta, mas, nem mesmo por um segundo, conseguia aceitar.

— Irei matá-lo! — jurou veemente ao jogar os lençóis para longe de si em uma tentativa de agarra-lhe, entretanto, Edward já estava fora de seu quarto.

Convite de casamento (romance lésbico✓)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora