o chá da tarde

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-Querida, você tem que se arrumar...

O foco de Anne mudou assim que a governanta quebrou o silêncio.

-logo o Duque Benjamin irá chegar e você tem ciência como sua mãe é severa com pontualidade-a voz da velha governanta saiu como na maioria das vezes, contida e ponderada.

Anne ergueu os olhos da página do seu livro e tentou não bufar.

Questionou pela quinta vez porque teria que participar do chá que sua mãe daria para receber o tal Duque engraçadinho.

-Vos sabe o quanto estou ansiosa- esboçou um falso e teatral sorriso- há tanta empolgação que mal posso conter.

A governanta se aproximou com o vestido. O vestido era claro com detalhes dourados. Bordados com flores eram brancos como a neve, assim como as luvas longas de seda cobrindo até os cotovelos.

Anne revirou os olhos, pois ao olhar para vestido só conseguia imaginar a sua mãe dizendo que isso deixa as mulheres aparentando delicadeza, fragilidade e era exatamente isso que um cavaleiro procurava em uma esposa.

Para Anne, Duque ou qualquer homem não estava à procura de uma esposa, e sim, de um fantoche para obedecer às suas ordens e desfilar pela sociedade como se fossem tão perfeitos quanto anjos, pois era exatamente isso que todos à sua volta buscavam. Tipos contos de fadas, onde damas tomavam um chá e cuidavam de seus lares enquanto serviam de fantoches para satisfazer e agradar os seus maridos.

Anne agradeceu por não pensar como todas as damas ou concordar em se casar para satisfazer as vontades dos seus pais e do seu futuro marido.

A Lady Anne por nenhum momento escondeu a sua falta de interesse para o tal chá da tarde. Deveras entediada.

Lady Mary obrigou a filha a vestir um espartilho tão apertado que a jovem bufou diversas vezes. Chegando a pensar em fugir, mas sabia das consequências e aliás, a sua família vivia status social, não queria cometer o erro de ser culpada mais uma vez por estragar a imagem da sua família na sociedade.

Anne depois de uma exaustão pelo processo para ficar uma dama apresentável segundo as ordens da sua mãe olhou-se no espelho.

Os seus longos cabelos estavam escondidos em um chapéu verde com fitas em dourado amarrado em seu pescoço.

Segundo Mary, era inadequado deixar o cabelo de Anne solto. Ela achava o cabelo da filha selvagem demais e estranho para não mantê-lo escondido em chapéus.

Anne ouviu isso tantas vezes durante sua vida que se convenceu ser a melhor opção.

Anne não tirava os seus chapéus, apenas em seu aposento ao se escolher para dormir. Todos estavam tão acostumados com isso. Anne por muitas vezes esquecia como o cabelo ficava ao ser solto ou na luz do dia.

No começo da tarde, quando o sol havia baixado e a temperatura despencado no casarão da família Fênix, Anne deslizava pela escada com dificuldade para respirar e desajeitada, pois odiava os espartilhos extremamente apertados que sua mãe lhe obrigava a usar.

Lorde Joaquim Fênix a esperava no último degrau. Então ele estendeu o braço e seguiram para o jardim.

Anne percebeu a angústia nos olhos do seu pai. Sabia o quanto ele estava sofrendo com a história de Beatriz, mas havia algo por trás de tudo isso.

Sim, lady Beatriz havia causado muitas emoções naquela família nos últimos dias. todos estavam muito confusos em relação à fuga da filha mais nova. Ninguém sabia ao certo como interpretar essa situação.

A lady indomávelWhere stories live. Discover now