Poderosa Lasciva | Impure Prisoner

CAPÍTULO 01

— Porra, cara, como isso foi acontecer, me diz? Quem foi o filho da puta que tentou armar pra gente? — Will perguntou pela milésima vez, desde que descobrimos que existe um traíra entre nós. Enquanto eu desfazia as malas, ele apenas me seguia, exatamente como um servo faria.

Eu estava extremamente puto e esgotado, e a primeira coisa que faria ao pegar o desgraçado que me colocou nessa armadilha seria estourar toda a sua cabeça, o destruir por inteiro.

Era claro que, sendo líder de uma gangue e possuindo terrenos grandes na cidade, estava esperando pelo pior: que decretassem minha prisão. Então, antes de retornar ao tribunal, pedi que Will deixasse tudo preparado para uma possível fuga, e que alertasse ao restante. Não tinha qualquer expetativa naquela advogada. Fui ensinado a não confiar em qualquer participante da autoridade, pelo simples fato da minha lei ser outra. Esperava mesmo que no fim de tudo ela acabasse me entregando aos policias, mesmo sabendo que esse assassinato — este em questão —, não foi eu quem cometi ou arquitetei. No dia do crime estava em Búzios, transando com uma loira qualquer, e pude provar isso aos demais.

E, por causa do oral gostoso daquela loira, escapei de uma possível prisão mais uma vez.

— Seja lá quem for, pode começar a se declarar morto. Avise ao Gonzales que essa noite farei uma espécie de reunião. Peça que traga o desgraçado do Gael, e junto com ele o seu filho. Vou começar pelos dois.

— Vai torturá-los?

Ao tirar todo o dinheiro e armas da mala, a fechei, pondo debaixo da cama, posicionando todos os itens que estavam nela em minha cintura. Will me assistia em silêncio, engolindo em seco em seguida. Ele era o mais novo da família, ainda não estava acostumado com a nossa forma de resolvermos as coisas. Eu disse que, se quisesse permanecer ao meu lado, precisaria aprender, caso contrário estaria contra mim.

E estar contra mim é a pior das hipóteses que alguém poderia possibilitar.

— Quando não torturei? — Recarreguei uma das armas, a arremessando em sua direção. Ele a pega no ar e igualmente a mim põe em sua cintura, escondendo-a com a camisa. — Traga-os até às dez horas.

— Sim, chefe. — E logo se retirou, me deixando sozinho no escritório.

Me sentei na cadeira giratória e pus meus pés sobre a mesa de vidro, acendendo em seguida o charuto que sempre mantinha em minha vista. Havia, tão perto de mim, algum maldito tentando destruir minha reputação, me levando ao buraco, e assim que eu descobrisse o autor desse feito, o mataria com minhas próprias mãos.

Não entrei para a máfia italiana facilmente, tampouco para ser passado pra trás. Tenho sido treinado para a Cosa Nostra desde que atingi a maioridade, e pude ser eleito chefe da família quando a morte do meu pai fez com que o próprio renunciasse o cargo há dois anos. Neste mesmo tempo, tenho controlado tudo o que acontece por aqui. Sou dono de clubes, boates, mansões, embora não frequente qualquer estabelecimento que carregue meu nome. Por dois longos anos me intitulei como sombra, pois vivia escondido pela noite. Tudo meu era bem feito, e sempre seria assim.

Não seria um filho da puta qualquer que estragaria isso. A Cosa Nostra tem seus princípios e vigências, assim como suas passagens e cerimônias. Todos apoiaram minha liderança, sabiam que ela estava destinada a acontecer. Mas não era ela que impossibilitava minha mortalidade, e sim o meu controle. Era ele quem iria dizer às pessoas que jamais poderiam ousar brincar com algo tão sério, algo meu. Mês passado precisei executar cinco homens que não entenderam esse recado, e para o alívio dos demais, nenhum deles eram do nosso grupo, e sim do adversário.

Meu celular tocou. A fotografia da minha mãe surgiu no visor, e logo a atendi.

— Querido — A sua voz estava arrastada, em tom de preocupação. Dona Herian tinha cinquenta e seis anos, e sua condição de saúde não era das melhores. Os últimos meses se passaram com ela de cama, fazendo longas visitas ao hospital após descobrir um tumor, dentre variadas outras complicações que poderiam agravar. Há pouco tempo paguei sua cirurgia e tratamento, e assim o conseguimos remover há tempo. Ela ainda se recuperava lentamente. —, estava preocupada. Disse que me ligaria em breve, e não ligou. Por que? Aconteceu mais alguma coisa?