| PRÓLOGO 🐍

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— E assim finalizo a conclusão formulada por mim, que reforça o meu cliente ser inocente

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— E assim finalizo a conclusão formulada por mim, que reforça o meu cliente ser inocente. — Coço a garganta ao terminar de dizer para o juiz o que tenho estudado durante meses, tornando a me sentar em seguida. Sentado ao meu lado, aquele homem, sempre com o seu jeito irônico de ser, sorriu com os lábios fechados para mim, contornando seu olhar do meu rosto ao pequeno decote da minha blusa social. Ignorei o contato visual que Pierre Ruban se esforçava em ter comigo.

Ele era meu cliente e estava sendo acusado de assassinato, e durante todos estes meses venho estudando o seu caso, que não era nada fácil. Porra, como eu iria defender tão simplesmente um criminoso, de certa forma? Todos ali presentes sabiam da sua má conduta, sua fama de cidadão completamente arruinada. A maioria temia perder sua vida ou sua herança para ele, embora fosse discreto em seus feitos. Não era eu, uma mera advogada, que seria capaz de limpar toda a sua ficha. Sinceramente, eu nem sabia o porquê ainda não havia sido preso. Manipulação de pessoas superiores, talvez?

Ou quem sabe ele fosse o seu próprio superior.

No entanto, eu, com todos os anos de carreira de advocacia que tenho em mãos, compreendi que esse erro ele não havia cometido. Tinham muitas provas ao seu favor, e o que alegava era quase certo de ser real: alguém havia colocado a culpa do assassinato de um gerente de banco para cima de si, e não importava o quanto eu perguntasse ao meu cliente com quantas pessoas ele havia brigado na semana do incidente. Ele era rival de muitas.

Ver Ruban como inocente comprovava que a inocência não escolhe face, e pode se abrigar nas piores carnes já vistas.

Entre conversas com outros participantes do caso e decisões, o martelo do juiz enfim soou, e fui salva pelo gongo. Digo, pelo seu veredito. Pude ouvir a sua voz determinando que ele fosse liberado, visto que seu caso havia se prolongado quatro cruéis meses.

Foi ali que soltei meu primeiro suspiro de alívio da semana. Menos um problema em meu nome.

Recolhi meu material, pus a bolsa em meu ombro e caminhei em direção à saída. Enquanto caçava a chave do carro, o observei andar despreocupadamente, com as mãos nos bolsos de sua calça social. Embora não parecesse tão ético da minha parte, precisava admitir que Pierre era bastante atraente. A sua barba por fazer moldava um maxilar rígido e marcado, contrastando os lábios rosados meramente carnudos. Seus olhos tinham cílios grandes e flexíveis, junto com um par de íris castanhas. A pele bronzeada e os seus 1,90 de altura eram bons o bastante para os seus trinta anos.

Eu tive quatro meses para detalhá-lo, mas agora não mais. Apenas me virei de costas à sua direção, e aproveitando que não havia me visto, continuei a procurar pela chave.

— Aí está ela. — A sua voz rouca e grossa soou atrás de mim, pelos meus ombros, que rapidamente se enrijeceram, tensos. O olhei com os olhos semicerrados. O dia estava levemente ensolarado, e aquele blazer bege me matava pouco a pouco. — Conseguiu o impossível. Me fazer parecer bom o bastante. — Seus olhos percorreram, mais uma vez, para o tecido da minha blusa. Notei quando passou rapidamente a língua pelos lábios, me observando. — Era o mínimo que esperava depois de ter pago uma fortuna pelo seu serviço.

— Confesso que foi difícil — O analisei por alguns instantes, e ele fez o mesmo. Suas sobrancelhas estavam franzidas ao meio e seu semblante não revelava nada além de mistério e pura ganância. Olhar para ele era uma fantasia distante, mesmo que tão simples. Uma incógnita. —, mas não existe nada que eu não consiga fazer. — Ajeitei a bolsa em meu ombro, não retirando o olhar do seu. — E é importante que saiba que fortuna alguma me impediria de colocar alguém na cadeia. Se advoguei para você, foi porque realmente vi inocência em seu caso, por mais estranho que seja.

Nos olhamos por instantes em silêncio, e naquele mesmo momento o vi se aproximar de mim lentamente enquanto me encarava diretamente nos olhos. Seus cabelos lisos e escuros estavam despenteados, com uma das finas mechas pousando sobre a lateral do seu rosto.

Receosa, desviei o olhar da sua boca. Foi quando senti sua mão no bolso traseiro da minha calça.

— Exceto — A outra mão em que tinha livre veio em minha cintura, a apertando. Prendi o ar. —, encontrar as chaves do carro que estão no seu próprio bolso.

Com o bolo metálico de chaves em suas mãos, as sacudiu em minha frente, estendendo-as para mim em seguida. O olhei fixamente, e prendendo o riso, ergui o rosto para si, tomando o objeto de forma brusca.

— Sou advogada, mas não vidente. — Falei seriamente, suspirando em seguida. — Aproveite sua liberdade, Sr. Ruban. Tenho certeza que nos veremos novamente, já que seu histórico é um dos piores que já peguei.

Sorrindo sarcasticamente, negou em um balançar de cabeça. Desde o primeiro dia em que nos vimos, não nos demos bem. Para que a sua defesa funcionasse e pudéssemos comprovar sua inocência neste caso, precisamos largar as provocações de lado, que partiam especialmente dele.

O homem vive de orgias, drogas e êxtases, mas para ele eu sou a errada por advogar e seguir uma vida plena. A sua raiva por mim era ser tão correta, um dos aspectos que mais ironizava ao me ver. Já o meu desprezo por ele era somente pelo fato de ser o Pierre Ruban. Ser ele mesmo já era o suficiente para que quisesse distância.

No carro, o observei através do retrovisor. Ele assistia minha partida de longe, e quando sua imagem passou a não ser tão reconhecível com a distância entre si e o veículo, pude soltar o ar de alívio, dessa vez mais intensamente.

Eu o queria longe. 

 

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