Prologo

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Angelus: do latim, Anjos

Séculos atrás

Ele abriu os olhos com dificuldade, piscando várias vezes até conseguir tê-los abertos de fato. Pequenas pedras arranhavam seu rosto. Demorou para entender onde se encontrava.

Estava deitado no chão, no que parecia ser o pé de uma montanha. Aparentemente tinha desmaiado naquele lugar isolado. Estava na Terra? Por que estava na ali? Não conseguia se lembrar de nada.

Tentou se levantar, mas seu corpo doía, sua cabeça pesava. Sentou-se com dificuldade. Olhou a volta, ainda sem entender o que tinha acontecido. Tentou abrir suas asas, mas uma doía demais! A tinha quebrado?

- Não! - uma suspeita - Não, pode ser!

Alec estendeu sua asa boa e ficou paralisado quando viu suas belas penas agora negras como a noite.

Demorou um tempo para assimilar o que de fato acontecera: ele tinha caído!

Ele que sempre fora fiel e leal, cumprira cada missão que lhe fora dada sem nunca falhar, que já tinha percorrido todos os vales do inferno, mais de uma vez, para cumprir suas obrigações com o Conselho, tinha sido chutado para fora dos Céus como um cão sarnento? E, pior, sem ao menos saber o porquê!

Alec urrou de raiva, caindo de joelhos começou a socar o chão. Suas mãos indo de encontro ao solo arenoso cheio de pedras, acompanhando seus berros de raiva.

Não era justo!

Ele era Alec, o Tenente mais forte e poderoso dos Céus, o mais fiel, único que, em séculos, nunca falhara. Nunca contestara ou questionara, tinha cumprido cada ordem, confiara em seus supostos líderes e eles o tinham traído!

Alec parou de socar o solo e sentiu suas mãos arderem. Sangue escorria dos ferimentos que ele fizera, mas que já estavam se curando. Era um sangue vermelho, escuro e pegajoso, não o seu brilhante e dourado sangue angelical.

- Isso acontece quando você caí - uma voz masculina soou e Alec levantou num pulo, preparado para lutar, caso fosse necessário - Hey, calma, vim em paz!

O homem estava sentado numa grande pedra da montanha, ficando um pouco acima de Alec. Ele se levantou com as mãos pra cima, em sinal de rendição, mostrando a Alec que não estava a procura de brigas.

- Quem é você? - Alec perguntou ainda na defensiva.

- Me chamo Edgar - o homem era ligeiramente mais alto que Alec, não tão forte, cabelos ruivos e, claramente, outro anjo caído - Sabe, fico até ofendido que não me conheça, porque eu te conheço, já ouvi muito a seu respeito Alec.

- O que ouviu sobre mim? - Edgar não parecia oferecer riscos, mas Alec não estava disposto a confiar cegamente em mais ninguém.

- O que todos já ouviram o Poderoso Alec, o Primeiro Tenente dos Céus. Suas histórias de batalhas, você é uma lenda no meio Sobrenatural, sabia? Confesso que, quando vi que mais um anjo estava caindo, nunca imaginei que seria você!

- O que você quer? - Alec não queria dar explicações de algo que ele nem sabia, não sabia o porquê tinha caído, mas descobriria.

- Sim, me desculpe. Eu sou o líder de um grupo de anjos caídos, toda vez que mais um anjo caí, venho oferecer abrigo e um lugar para que possa recomeçar.

- E o que você ganha com isso? - olhou-o de forma desconfiada.

- Alec, você verá que aqui é diferente de lá de cima, sobreviver sozinho é quase impossível. Ficarmos unidos é o melhor jeito de continuarmos vivendo.

Ele podia ter razão, esse mundo era pouco desenvolvido e intolerante, ele ainda estava fraco, precisava de um lugar para se restabelecer.

- Olhe, - Edgar prosseguiu- sabemos que você precisa de ajuda para se adaptar e seria excelente se você pudesse treinar alguns de nós, nos ensinando a se nos defendermos. Seria uma troca de favores e você pode ir embora à hora que quiser.

Alec pensou um pouco depois concordou:

- Esta bem.

Edgar estendeu a mão em acordo:

- Que bom! Ah, em relação à sua memória, eles fazem isso, quando vão te expulsar, apagam tudo que envolva o motivo de você ter caído. Às vezes você consegue lembrar com o tempo, outros conseguem no máximo pequenos flashes de memórias, alguns nunca se lembram.

Alec apenas assentiu, ainda não tinha lembrança nenhuma, mas sabia que nunca teria feito nada contra o Conselho, nunca os traíria como tinham feito com ele. Alguém tinha armado para que ele caísse.

Ele jurou para si mesmo que faria de tudo, se lembraria porque tinha caído e faria o culpado pagar muito caro por isso!

AngelusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora