Se fosse implementada a sentença: "na terra de cego, quem tem um olho é rei", mudando as palavras chaves "cego" e "olho" por "surdo" e "ouvinte", obviamente que Miguel Toussaint não seria o rei da cidade de Ilha de Musa, só um mero subalterno.
Acos...
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"EM TODO caso, Alex deixou claro que não deveria consumir bebida alcoólica, não quero arriscar e acabar por dar trabalho com vómitos", dígito rapidamente e envio para Roque, ainda sem olhá-lo e com uns passinhos de distância, porém, com os braços apoiados no balcão o olho disfarçadamente e ele parece rir, os seus lábios estão arqueados num sorriso, a balançar a cabeça negativamente.
Eu sinto-me um idiota quando isso ocorre.
"É um adolescente, Miguel. Precisa dar problemas. Quer álcool? Bebe e fingimos que não sabia que era, se TU não quiseres, tudo bem", leio a sua resposta assim que ela entra no meu celular e inclino-me um pouco para frente, ao mesmo que olho para quem se junta ao meu lado, uma moça, mais uma vampira que olha de relance para mim, alta, e uma maquiagem pesada preta nos olhos.
Desvio os olhos e foco nas teclas do meu aparelho, Alex relembrou umas boas vezes do que deveria aqui fazer e não fazer, é patético agora ultrapassar esses limites.
Então respondo: "eu sou menor de idade, eles pedem a identidade!"
"Só diga uma coisa, quer o álcool?
Eu vou cuidar de ti, múmia!"
Aperto o celular na mão e olho para Roque, mas ele não repara para mim como se soubesse que espero que faça isso, ou talvez não faça a mínima ideia disso.
Estico a mão e toco o seu ombro, não parece surpreso com o toque ou a acção, talvez estivesse notando o meu olhar desde sempre.
Balanço a cabeça negativamente quando franze a testa, questionando algo que se converte em silêncio para mim. Pela troca de olhares e hábito, algumas coisas já são evidentes no silêncio.
Ele baixa os olhos e digita algo, rápido e depois ergue a mão para chamar um dos jovens de fantasia de caixa. O meu celular vibra, e não preciso mais olhar para saber que é ele:
"Vou pedir a lista e dita qual quer".
Mandei somente um emoji, como um certo e o vi falar com o moço da fantasia de caixa, mas a outra pessoa que ainda é uma incógnita está do outro lado e, em todo o tempo, não se aproximou para que eu pudesse identificar com exactidão.
