DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)

Capítulo CLXIII

(Sarah narrando)

Ema dirigiu até um bairro um pouco afastado do centro, seguindo as orientações de Layla, que indicava ocasionalmente o caminho. Optei por permanecer em silêncio durante a viagem, observando de vez em quando Ema. Era desconfortável ter sua ex-namorada ali, vendo-as interagir tão naturalmente, como se fossem velhas amigas. Talvez Layla ainda conhecesse Ema melhor do que eu.

— Desculpe a pergunta, Ema, mas você está realmente bem? – disse Layla inclinando-se entre os bancos.

— Estou. Vaso ruim não quebra fácil. – respondeu Ema, com um pequeno sorriso.

— Que bom. Quando soube do seu desaparecimento, fiquei apreensiva, mas sabia que você daria um jeito de aparecer sã e salva.

— Não dei um jeito, fui resgatada. Certamente, não estaria aqui sem os sacrifícios que Sarah fez por mim. Ou você acha que Sarah casou com a Norman por amor? – indagou Ema, olhando para Layla pelo espelho.

Layla me olhou confusa.

— Norman me disse que vocês tinham problemas conjugais, mas não imaginei que a situação fosse pior. Você foi obrigada a casar com ela?

— Sim, mas logo vou resolver essa situação e casar com a mulher que realmente amo, que é a Ema. – respondi, olhando para ela.

— Mal posso esperar pelo seu divórcio. – disse Ema, sorrindo para mim.

— Fico contente por vocês. Ema sempre foi uma pessoa que inspirava confiança. Será uma boa esposa e uma boa mãe. – disse Layla.

— Hm... Você busca o quê? – perguntei, olhando para Layla.

— Não sei, ainda estou tentando me encontrar. – respondeu Layla, sorrindo sem jeito. — A única coisa que sei é que vou ficar bem longe da Norman.

— Como ela te encontrou? – indaguei, curiosa.

— No Instagram. Nos seguíamos desde Santa Mônica. Eu gostava de ver a vida agitada dela. Baladas, festas na piscina, carros de luxo. É o tipo de coisa que chama muita atenção em uma cidade pequena. A gente nunca trocou mensagens até uns dias atrás, quando ela me convidou para beber com uns amigos. Achei que não teria problema algum. Quando estávamos em um bar, ela deu em cima de mim. Achei estranho, mas...

— Gostou. – disse Ema. Você aceitou ir pra cama com ela pelo que ela podia oferecer. Estou certa?

— Não, eu achei ela legal, mas pelo visto estava enganada. – respondeu Layla.

— Leia melhor as pessoas. Norman é sinônimo de problema. – aconselhou Ema.

— Eu acho que também sou sinônimo de problema. – murmurei. — Mas amo tanto essa mulher. – observei Ema. Ela estava irresistível com aquele conjunto de terno feminino, sua calça preta e o terninho contrastavam com a blusa branca de gola triangular. Seus cabelos soltos cobriam parte dos ombros, sua maquiagem era leve, e ela usava apenas um relógio como acessório. Nos pés, um par de tênis brancos.

— Você não é um problema. – disse Ema, tocando minha coxa exposta pela fenda do meu vestido.

— Estamos perto. – disse Layla.

— Está bem. – Ema respondeu, voltando sua atenção para o volante.
Nos despedimos de Layla, deixando-a em casa. Ela acenou ao sair do carro, e nós acenamos de volta. Ema subiu o vidro automático e me olhou.
— Pronto.
— Podemos jantar agora? – perguntei.
— Sim. – ela respondeu. — Você vai adorar a comida do meu restaurante favorito. É excelente.
— E depois? Podemos fazer o que eu quiser? – Ema indagou com um sorriso sugestivo.
— Sim, adoraria ser surpreendida, sabia? – murmurei, mordendo o lábio inferior.
— Fiz reservas. – disse Ema, dando partida no carro.
— Ah, meu Deus! Você vai me surpreender? Para onde vamos depois do jantar? – perguntei, ansiosa. — Motel?
— Poxa, Sarah. Eu sou realmente previsível. Reservei uma suíte temática no motel. Chama-se Suíte Sado. –  explicou Ema.
— Aaaaah! – gritei eufórica, e Ema se afastou um pouco assustada. — Desculpa, amor. É que estou muito feliz. Você é a melhor namorada do mundo.
— No momento, amante. – corrigiu Ema.
— Nada disso. Esta noite, a existência da Norman foi anulada, então, meu único compromisso é com você. –  declarei.

CONTINUA...

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