Capítulo CLXII

228 33 0
                                    

A noite mal começava quando Sarah e eu descemos as escadas, ansiosas por um jantar romântico fora de casa, em um restaurante escolhido por ela. Na sala, Norman e Layla estavam sentadas no sofá, bebendo gin tônica. Sobre a mesa de centro, latas de energético amassadas contrastavam com uma bandeja de petiscos requintados, como queijo, presunto de parma e tomates cerejas. Norman, ao nos notar, posicionou o braço esquerdo atrás de Layla, como se quisesse provar que havia intimidade entre elas.
— Vão se juntar a nós? – perguntou Norman, erguendo um copo de bebida. 
— Não, iremos ter um maravilhoso jantar a SÓS. – respondeu Sarah, enfatizando a última palavra. Ela estava deslumbrante, com os cabelos levemente ondulados e um vestido preto que realçava sua cintura, enquanto uma pequena fenda revelava seu joelho esquerdo a cada movimento. Sua maquiagem destacava os lábios com um vermelho intenso, e seus saltos vermelhos de salto fino completavam a elegância. Adornos delicados, como um colar fino com um pingente e brincos, embelezavam seu corpo, enquanto apenas um anel de rubi reluzia em sua mão esquerda. 
— Não acha que está se exibindo demais com a sua amante? – provocou Norman. 
— Pouco me importo com a aparência. Estou decidida a pedir o divórcio. Não vou permitir que meu pai continue me chantageando. – retrucou Sarah. 
— Seu pai vai te jogar na lama. Você vai ter uma vida medíocre com essa policialzinha de quinta. – disparou Norman, voltando seu olhar para Layla. — Diga a ela como era entediante viver com a Ema.
— Não, Norman. Não direi isso. – Layla se opôs, visivelmente desconfortável. 
— Diga! – insistiu Norman com ímpeto. — Eu te proporcionei muito mais que ela, nesses poucos dias que ficamos juntas.
— É melhor eu ir embora. Você bebeu demais. – respondeu Layla, levantando-se.
— Não. – ordenou Norman, agarrando o pulso de Layla. – Senta agora, sua cadela. 
Sarah e eu nos entreolhamos, cientes do absurdo diante de nós. 
— Eu vou embora. – anunciou Layla, puxando o braço, e Norman ergueu-se diante dela. 
— É o seguinte, se eu digo late. Você late. Se eu digo senta, você senta. – Norman encarou Layla. 
— Quer dormir em uma cela pequena, Norman? Posso te proporcionar isso. Basta continuar tratando a Layla dessa forma. – intervi, advertindo-a 
— Ah, claro. A miss justiça vai me prender. – debochou Norman. — O que entende de dominação? Hm?! – virou-se na minha direção. 
— O suficiente para saber que você está ultrapassando limites. Você não tem o consentimento da outra pessoa, portanto, está sendo desrespeitosa. – argumentei. Norman riu. 
— Blá-blá-blá. – Norman agarrou o braço de Layla e puxou-a em direção à escada. Logo, intervi, posicionando-me à frente dela. 
— Chega, Norman. Se comporte como uma mulher de verdade, deixe Layla ir embora. Você está bêbada e vai acabar fazendo alguma besteira. – repreendi. 
— Ei, vem comigo.  – disse Sarah, oferecendo a mão para Layla. —Podemos te deixar na sua casa. 
Retirei a mão de Norman do braço de Layla, que imediatamente se afastou. 
— Vai com a Sarah. – orientei. Norman me empurrou, irritada. 
— Qual é o seu problema? – disse ela, encarando-me. 
— Sarah, entra no carro com Layla. Já encontro vocês. – avisei. Sarah assentiu com a cabeça e deixou a sala com Layla. 
— Satisfeita? Agora vai poder foder as duas vadias. – disse Norman com desdém. 
— Deveria aprender com seus erros. Algum dia seu pai vai cansar das suas idiotices e vai te descartar. – mantive-me firme diante de Norman.
— Foda-se você e ele! – Norman me empurrou pelos ombros, e eu tropecei no primeiro degrau da escada, caindo sentada no terceiro degrau. 
— Pare de me empurrar. Eu não estou te agredindo. Estou apenas conversando. – levantei-me, ficando sobre o primeiro degrau. Norman se aproximou e cuspiu no meu rosto. 
— Me prende! Vai, me mostra sua autoridade. Ou ela só funciona com vadias no cio? – um sorriso debochado estampava o rosto de Norman. 
— Deveria rever seus conceitos, Norman. Para alguém que diz gostar de dominar, você parece ansiar por ser subjugada. Eu não te darei esse prazer. Procure outra. – desci do degrau, desviando de Norman, e segui para o lavabo, onde lavei meu rosto e enxuguei. Ao retornar para a sala, ouvi berros histéricos e ofensas de Norman, mas optei por simplesmente sair da residência. Um sorriso brotou em meu rosto. Eu sabia que havia nocauteado Norman, sem precisar desferir nenhum golpe.

Quando cheguei à garagem, Layla estava sentada no banco detrás do carro, e Sarah me aguardava fora do veículo. 
— Amor, você está bem? – ela veio ao meu encontro. 
— Estou. – abracei-a. — Não vamos deixar isso estragar nossa noite. – beijei sua testa.
— Claro, amor. – Sarah sorriu para mim. — Você agiu bem. A mistura de raiva e álcool não faz bem pra Norman. Amanhã mesmo vou dar um jeito de tirar ela daqui.
— Não pense nisso agora. – fiz carinho no rosto de Sarah, olhando-a nos olhos. — Deixaremos a Layla onde ela quiser, e depois vamos jantar. Algo me diz que nossa noite vai ser incrível. – sorri para Sarah. 
— Eu tenho certeza. – Sarah me deu um selinho. — Eu mereço por virar babá da sua ex. – brincou.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now