— Oi, Srta. Policial. – disse ela, sugando um pouco da bebida enquanto me observava.
— Eu vou... Eu vou ao banheiro. – anunciou Nicolas, abandonando-me.
— Não estou no serviço, sou apenas Ema neste momento. – respondi à jovem.
— Hm. – ela abaixou a taça. — Quase não a reconheci. Está diferente fora da delegacia. Mas quando fui pegar uma bebida, vi o seu amigo te chamando de Ema. E me lembrei que a policial que invadiu meu quarto no motel tinha esse nome.
— Lamento, na próxima vez, te deixo presa à cama até o amanhecer. – respondi. Ela sorriu sem mostrar os dentes.
— Bem, pode ser divertido.
— O que quer comigo? – cruzei os braços. O barman havia se afastado, e estávamos longe da agitação das pessoas que dançavam.
— A bebida era um pedido de desculpas. Eu desmenti você perante o delegado. Isso deve ter te chateado.
— Não, pouco importa o que aconteceu no motel. Tenho assuntos mais interessantes para lidar.
— Eu soube que você foi suspensa. Eu não quis te prejudicar. Eu só...
Interrompi ela.
— Já basta. Não vou aceitar suas desculpas. Cumpri meu trabalho. Minha suspensão foi injusta. – falei, chateada.
— Eu sei, Ema, mas precisa entender que certas coisas devem continuar ocultas.
— Está falando da sua parceira de... – respirei fundo, impaciente. — Não ligo para o que fazem entre quatro paredes, só não quero ser envolvida nisso novamente, entendeu? – encarei a jovem.
— Entendi. – ela fez um leve aceno com a cabeça. — A propósito, me chamo Sarah. Te daria meu cartão, mas não o trouxe. Se precisar de uma advogada, estou à sua disposição.
— Advogada? – estreitei os olhos.
— Sim. Já ganhei muitos casos. Pode confiar na minha competência. – ela voltou a soltar o líquido da taça.
— Não preciso de uma advogada. – respondi.
— E de uma companhia para hoje?
— Do que está falando?
— O jeito que você me olhou no motel... Você gostou do que viu. Estou te dando a oportunidade de me conhecer melhor. Além disso, quem sabe mude de opinião sobre mim.
— Não tenho interesse em você.
— Você é durona. – Sarah sorriu, mostrando os dentes. — Eu gosto disso em você.
— Não quero a sua simpatia. E, se me der licença, já estou de saída. – dei passos na direção da pista.
— Ela é loira.
Me virei para trás ao ouvir Sarah.
— Por que está me dizendo isso agora?
— Vai me dar sua atenção? – Sarah indagou.
— Depende, tem algo relevante para me dizer? – questionei. Ela assentiu com a cabeça.***
estacionamento da boate, a atmosfera era mais tranquila e silenciosa. Pude ouvir melhor Sarah, que estava sentada no capô do seu carro, um sedã prata. Ela estava com as pernas cruzadas. Cruzei os braços, posicionando-me à sua frente.
— Sou toda ouvidos. Fale o que sabe sobre a atiradora do motel.
— Como mencionei antes, não conheço o rosto dela. Nunca tive permissão para vê-lo. Quando estávamos juntas no carro dela, eu precisava manter os olhos fechados. No quarto, ela usava uma máscara branca que cobria o rosto, tornando difícil enxergar até seus olhos. No entanto, eu conseguia ver seu cabelo, que era loiro e liso.
— Você disse lá dentro da boate que certas coisas precisam ficar ocultas, mas agora está falando sobre a sua parceira comigo. Por que está fazendo isso?
— Você parece confiável. E, além disso, ela não será mais minha mestra. Vou romper o contrato. – Sarah respondeu.
— Quando fala sobre um contrato. Está se referindo a documentação registrada? – indaguei.
— Como mencionei, sou advogada. Fizemos um contrato que fosse benéfico para ambas as partes. Funcionou por um tempo, mas o incidente no motel me fez ver o óbvio. Ela não é a pessoa ideal para mim. Ela me abandonou, ignorando uma cláusula crucial do nosso acordo, deixando-me sozinha e vulnerável.
— Você a defendeu para o delegado. E agora, resolveu mudar de ideia sobre ela? – questionei, intrigada.
— Não desejo mal a ela. Tivemos bons momentos juntas, mas agora acabou. Ela seguirá a vida dela, e eu seguirei a minha. – Sarah respondeu.
— Pretende ir embora, já que a relação de vocês terminou?
— Não sei o que farei. Talvez, eu fique mais um tempo. Meu escritório tem alguns clientes importantes aqui. – disse Sarah. — E... Bem, gostaria de sair com você.
— O que disse? – franzi a testa.
— Podemos comer algo em algum lugar?
— Está sugerindo um encontro?
— Estou. – Sarah se levantou, ficando mais próxima de mim. Seus saltos nos deixavam quase na mesma altura.
— Isso parece inadequado.
— Por quê? – Sarah me olhava nos olhos. — Você não pretende jantar? Que mal teria jantar comigo?
— Você pratica algo que eu não compreendo muito bem.
— É só um jantar, Ema. – Sarah disse em tom mais suave, fazendo-me esquecer dos preconceitos. Naquele momento, ela parecia ser apenas uma mulher comum, propondo algo aparentemente agradável.
ESTÀS LLEGINT
DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)
Relat curtEma, uma policial de uma pacata cidade, tem sua vida transformada ao se deparar com Sarah. A presença enigmática de Sarah não apenas surpreende Ema, mas a conduz a um universo inexplorado, onde as algemas não servem para prender criminosos, mas dese...