Coração Pirata

GiuliaPereira9 tarafından

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Elizabeth Salazar foi encontrada no ano de 1700 ainda bebê por pescadores. Ninguém soube ao certo como ela so... Daha Fazla

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Aviso
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21

Capítulo 5

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GiuliaPereira9 tarafından


  Havia sido ideia do Sr. Lackwood e me atrevo a dizer que meu pai também tinha dedo naquilo. Como eu precisava ser apresentada aos jovens que iriam ao baile e como Zachary precisava, aparentemente na cabeça da minha mãe, ter uma entrada triunfante, eles decidiram que a nossa primeira dança na noite seria juntos.

Já era esperado que eu não soubesse dançar, mas ninguém esperava que Zachary não soubesse.

- Como assim você não sabe dançar, Zachary? Você já participou de bailes, certo? – Minha mãe perguntou.

- Sim, mas faz muito tempo e eu não tirei nenhuma menina para dançar na época, era jovem demais. Além do mais, você sabe que papai não é o tipo de homem que frequenta esses lugares, então ele não viu necessidade em me ensinar. – Cora virou-se com uma carranca para o Sr. Lackwood.

- O que? Não gosto desses bailes e eu odeio usar aquelas perucas ridículas. – Richard disse.

- Pois saiba que você terá que usar no baile de Zachary.

- Eu não vou usar. – Zack disse cruzando os braços.

- Nem eu. – O Sr. Lackwood concordou.

- Era só o que me faltava. – Cora disse deslizando a mão pelo rosto me fazendo rir.

A aula de dança que deveria durar só alguns minutos, acabou durando algumas horas além do que era previsto e, enquanto ensaiávamos a coreografia que minha mãe, meu pai, Percival e o Sr. Lackwood nos ensinavam, eu ria porque Zack não sabia onde colocar as mãos e os pés.

- Se você pisar nas meninas do mesmo jeito que está pisando em mim, ninguém vai se interessar por você, Zack. – Comentei rindo.

- Engraçadinha. – Zachary disse rabugento e tentando não repetir os mesmo erros.

Zachary era um bom aluno, não demorou para terminar de aprender os passos de dança, o problema mesmo seria para eu lembrar de como mover meus pés na frente de todas as pessoas que estariam lá. Eu nunca recebia tanta atenção, me lembro de até sentir as pernas tremerem só de pensar em ter tantos olhos me fitando.

No dia do baile, Melissa e mamãe concordaram em me preparar juntas. Mamãe com todas suas tradições portuguesas de como preparar uma garota para seu primeiro baile e Melissa com todos os seus conhecimentos trazidos da França mesclados com todas as suas viagens pelo extremo Oriente.

O sr. Lackwood havia cedido um quarto de hóspedes relativamente maior para que as duas se sentissem à vontade realizando suas tarefas de embelezamento. A janela do cômodo dava vista direta para o jardim norte da casa, onde os serviçais iam e vinham organizando o local. O sr. Lackwood havia contratado alguns empregados extras para trabalhar, devido a grandiosidade que seria o evento. Pessoas de todo lugar iriam vir, inclusive alguns amigos de Londres. O baile seria ao ar livre e mesmo não sendo mais verão, o outono não havia começado tão rigoroso para nossa sorte. Não choveria naquela noite.

Minha mãe fechou as cortinas assim que Melissa chegou ao quarto com meu vestido. Havia ficado deslumbrante, do jeito que a costureira havia prometido.

As duas me cercaram o dia inteiro e começaram suas atividades logo pela manhã. Colocaram-me em uma tina, encheram a água com sais de banho que Melissa havia comprado em algum lugar da Ásia, e esfregaram minha pele com panos macios. Meu cabelo nunca foi tão puxado e repuxado quanto naquele dia.

- Este, mon petit, é um dos meus xampus preferidos, meu marido me deu em uma de suas muitas viagens à Índia. – Ela derramou uma boa quantidade nas mãos e a esfregou em meu cabelo. Um cheiro de sândalo se espalhou pelo quarto e eu fechei meus olhos apreciando a sensação de me imaginar em um lugar exótico como aquele país.

- É muito cheiroso. – Comentei.

- Oui, oui. Tudo que é da Índia é assim. Aprendi isso com uma amiga de lá. – Ela falava enquanto mamãe se preocupava em deixar o biombo alinhado. – As indianas não são como nós. Elas são cobertas por peças de ouro o tempo todo e são muito bonitas. Até a pele delas é mais dourada e escura que a nossa.

- Ah é? – Me interessei.

- Oui. Não ficam vermelhas quando o sol entra em contato, para falar a verdade, chérie, lá tem muitos mais dias de sol do que aqui. Por isso tomam banho o tempo todo e criam esses sabonetes e xampus maravilhosos. Os cabelos ficam sedosos e brilhantes.

- Nossa! – Exclamei encantada. Eu amava o verão por causa das temperaturas mais quentes, apesar de Ilha das Flores ter um clima ameno. Fiquei imaginando como seria maravilhoso viver em um lugar onde a temperatura fosse tropical.

- Não fale essas coisas à menina, ela vai começar a querer ter a pele escura como as mulheres da Índia. – Cora disse sem tirar a atenção de seu trabalho.

- Que mal a nisso? – Melissa questionou.

- Que mal a nisso?! Mulheres escuras são escravizadas. Não tem espaço entre a sociedade. São trocadas como animais.

- Bom... Então não são muito diferentes de nós. – A modista confessou.

- Ah são! Com certeza são...

Quando Melissa terminou, eu mal pude acreditar a diferença que aquele banho havia feito à minha pele e ao meu cabelo. O cheiro de sândalo emanava da minha epiderme macia e branca feito alabastro e as madeixas caíram leves, onduladas e brilhantes pelas minhas costas.

Elas continuaram os trabalhos delas me secando e me ajudando a colocar as peças íntimas. Primeiro o calção que ia até os joelhos, a peça superior de alças e por fim a camisola. Logo depois, chegou a parte que eu particularmente achava mais dolorosa. O espartilho.

Mamãe se responsabilizou por essa função e eu não imaginava que ela fosse tão forte até ter que passar por aquele processo. Ela colocou os cordões e começou a puxá-los enquanto eu me segurava em uma mesa. Minhas costelas pareciam que estavam sendo remodeladas.

- Mamãe, está faltando ar. – Falei com a voz entrecortada.

- Só vai estar perfeito quando não tiver como respirar. – Ela respondeu puxando com mais força.

- Como vamos maquiá-la? Eu estava pensando em algo para corar o rostinho...

- Não vamos usar maquiagem em Elizabeth, ficaria vulgar! Não queremos que ninguém pense que ela é uma cortesã!

- Disse a mulher que queria deixar explícita a cintura da menina. – Cora levantou os olhos com raiva, mas não respondeu. – As mulheres da França já aderiram isso como moda, ma chérrie.

- Ainda estamos em Açores, querida.

- Eu uso maquilagem e não pareço uma vadia. Os homens sabem diferenciar muito bem.

- Bem... isso é o que você pensa.

- O que está querendo dizer?!

- Entenda como quiser.

A discussão depois foi longa e eu passei a maior parte do tempo me concentrando em minha respiração para não desmaiar enquanto Cora continuava puxando o espartilho. Nunca me esqueço de como doeu daquela vez e como tive de me acostumar com a sensação rapidamente. Talvez os braços de mamãe tenham se motivado com a discussão e tenham puxado com mais força, mas eu não sei dizer com certeza.

Quando minha mãe e Melissa terminaram, me colocaram na frente de um espelho de corpo inteiro e eu não reconheci a figura deslumbrante que me olhava de volta. Haviam dado um jeito de deixar meu cabelo cheio de cachos e prenderam metade dele em um penteado bem simples. Minha aparência carecia de joias, mas a modista me emprestou um par de brincos de safira e um colar. As pedras tinham tons bem escuros e formatos quadrangulares. O colar me lembrava uma coleira justa de cachorro com uma pedra azul no centro. Não bastava o espartilho que atrapalhava a respiração, tinha que ter algo no pescoço que me sufocasse.

- Você está magnífica, Ellie. – Mamãe disse emocionada. – Será a jovem mais bonita do baile. – Ela estava quase chorando pude perceber.

- De certo, ela será a que chamará mais atenção. É difícil encontrar beleza tão exuberante como a que Elizabeth exala. – Melissa disse sorridente. – Ninguém vai estar com um vestido parecido com o seu, petit, prepare-se para ser o centro das atenções.

- Eu disse que ela ficaria perfeita! – Cora pronunciou.

- Não se esqueça de que fui eu que desenhei o vestido. – Melissa disse. – E eu sei o impacto que a minha criação vai fazer na sociedade rica. Tive medo de estar criando um escândalo, mas... Ma chérrie, quem diria que você se escondia por trás daqueles trapos! Você é a garota certa para esse traje. Todas as jovens naquele jardim vão querer se vestir igual a você. Hoje, nós estamos fazendo moda! – Dei um sorriso para a modista e juntei as mãos sobre o vestido.

Então eu vou ser a única naquele jardim que não vai querer estar dentro desse vestido.

A garota no reflexo do espelho não era eu. Talvez até fosse uma versão minha, mas era algo que Cora havia criado e apesar de estar linda, exótica e perfeita, eu não enxergava nem um pouco de confiança no espelho. Eram tantos tecidos, babados e fitas que a minha personalidade havia sido perdida e aquilo me assustava tremendamente. Porque mesmo que eu não encontrasse um noivo naquela noite, eu continuaria sendo aquela versão até encontrar um e continuaria sendo aquela versão quando me casasse. E... Seria um ciclo sem fim. Aquilo nunca acabaria e eu estaria perdida para sempre entre os babados da minha mãe.

Depois que Cora e Melissa pararam de ficar me bajulando, ou melhor, bajulando o trabalho minucioso delas, ambas começaram a se preocupar com a própria aparência e seguiram seus rumos para se aprontarem para o baile. Mais uma cortesia do Sr. Lackwood, na verdade, porque não era de todo necessário que as duas participassem. Apesar de minha mãe ter organizado grande parte dos preparativos, ela nunca saia de sua posição dos bastidores. Seria a primeira vez que ela se deleitaria com seu trabalho.

Elas me mantiveram no quarto com ordens de não sair até a sua volta e mandaram que trouxessem o chá da tarde para meu provisório aposento. Houve certa relutância de minha mãe quanto a isso, ela tinha medo de que eu me sujasse, mas havia sido um mês de preparação e ela acabou dando um voto de confiança. Havia sido muito mais fácil me movimentar com o pannier, a estrutura que dava volume ao vestido, do que eu havia pensado. Depois de tanto tempo usando vestidos como aquele, meu corpo havia simplesmente se acostumado.

Depois de ser servida, andei pelo quarto, inquieta e me lembrei do objeto que havia trazido mais cedo para o aposento. Um objeto que eu havia guardado no momento que o Sr. Lackwood disse a minha mãe o lugar onde poderia me arrumar. Puxei o punhal escondido debaixo da cômoda e o guardei no largo bolso do vestido, localizado entre as duas saias. Ainda me lembrava dos conselhos de Zack para tomar cuidado e eu não era o tipo de garota que brincava em serviço, nunca fui na verdade.

O tempo passou rapidamente. O fim da tarde se aproximou e o burburinho de vozes começou a se espalhar pela mansão assim como o meu nervosismo. Minhas mãos começaram a suar e meus dentes começaram a morder meus lábios. Havia passado o dia inteiro me preparando para aquilo e a ansiedade estranhamente havia chegado nos últimos minutos.

Recusei-me a espiar pelas cortinas, tinha a impressão de que ficaria pior se soubesse como estava o jardim, então me sentei em uma das poltronas do quarto e fiquei torcendo as mãos esperando, até que alguém bateu à porta. Engoli em seco e respirei fundo.

- Pode entrar. – Minha voz saiu baixa e rouca.

- Ellie? – Levantei-me para receber meu pai. – Ah querida, você está linda! – Ele sorriu.

- Obrigada, papai. – Senti meu rosto corar. Logo atrás dele vinha o Sr. Lackwood e fiquei feliz por Percival não estar com eles.

- Pequena Ellie! Olhe só para você! – O Sr. Lackwood exclamou. – Está maravilhosa!

- Obrigada, Sr. Lackwood. – Respondi com um sorriso casto.

- Hoje, você está muito parecida com minha irmã...

- Sua irmã Anne? – Perguntei já sabendo a resposta.

- Sim. – Ele disse. – Está igualzinha.

Ambos os homens, apesar de serem chefe e empregado, não usavam roupas luxuosas e nem muito diferentes. Pelo contrário, haviam escolhido por habitats simples e com poucos detalhes nos casacos. Os dois tinham fugido das ideias da minha mãe que incluíam perucas.

- As coisas já estão bastante animadas lá embaixo e sua mãe está ocupada recebendo os convidados. – O Sr. Lackwood disse.

- Essa não deveria ser obrigação do aniversariante? – Questionei.

- É preciso que tenha muitas pessoas para a entrada triunfante de Zachary... Foi o que sua mãe disse. – Pedro falou. Parecia que Cora não estava só comandando a minha vida, mas a de todas as pessoas na mansão. Aquela era noite dos sonhos dela.

- Onde está Zachary? – Perguntei.

- Ele está no quarto. Admito que não o vejo desde manhã. – Disse Richard. – Ele... Não quis falar direito com ninguém hoje.

- Hm. – Murmurei. Deve estar se preparando psicologicamente para essa noite.

- Eu acredito que já esteja na hora de você descer ao jardim. – Disse o Sr. Lackwood olhando o relógio de bolso.

- Viemos aqui apenas para apreciar sua beleza antes de todos os outros, querida. – Pedro confessou.

- Assim que sairmos daqui, mandarei que Zachary venha buscá-la. – O Sr. Lackwood anunciou.

- Não, eu irei até ele. – Falei espontaneamente.

Eu não entendia os sentimentos de Zack por completo, mas eu tinha a impressão de que ele estava tão nervoso quanto eu e talvez até raivoso com o pai pelas decisões que ele teria que tomar naquele baile. Ambos éramos resultados de situações que nossos pais haviam criado e decidido sem nosso total conhecimento. Eu tinha noção que talvez eu fosse a única que entendia Zachary e que provavelmente eu era a pessoa que ele receberia melhor.

- Tudo bem então. – Meu pai disse. – Iremos descer e avisar a Cora que vocês estão a caminho.

- Prometo não demorar.

- Estaremos esperando. Vamos Pedro, estou louco por uma taça de rum e eu adoraria tomar algo antes do baile efetivamente começar. Espero que Cora não tenha cortado minha bebida preferida do cardápio.

- Receio que ela tenha, senhor. Mas, não se preocupe encontraremos algo no mesmo nível para bebermos.

Os dois saíram do aposento ainda discutindo sobre as bebidas alcoólicas que poderiam degustar. Saí do quarto me encaminhando para os aposentos do meu amigo. Lembrei-me de caminhar com cuidado por causa dos sapatos diferentes que minha mãe havia me arranjado e de suspender o vestido com delicadeza, me preparando e testando meus modos para a noite.

Atravessei a mansão em direção à ala oeste e deixei os ruídos de música, tilintares de talheres e vozes se afastarem. Consegui deixar minha mente livre de pensamentos conflitantes por alguns momentos, me concentrando no som dos meus sapatos e nos tons marrons do chão. Meu corpo havia me levado automaticamente à frente do quarto de Zachary e quando percebi meu estado de topor me largou.

Bati a porta de madeira e escutei o estalido que soou.

- Entre. – Escutei ele dizer. Passei pela entrada com passos leves e observei o quarto.

Zachary tinha a mania de sempre deixar as cortinas fechadas, mantendo o quarto sempre um tom de meia luz. Ele nunca acendia todas as velas deixando o quarto escuro, mesmo tendo todo o aspecto para ser um aposento claro, como as paredes em tom de verde pastel e os móveis com detalhe em bege. Eram raras as vezes que eu via a cama de casal desarrumada e aquilo me dava à impressão de que ele nunca dormia.

Ao todo, as coisas que davam a personalidade do garoto naquele estranho e amplo cômodo eram os equipamentos de pesca organizados em um armário com portas de vidro, as espadas de esgrima suspensas nas paredes, a estante e a escrivaninha de madeira, ambas repletas de livros, cadernos e desenhos dos protótipos de suas invenções. Ele perdia muito tempo com suas pesquisas e costumava deixar seu ambiente de estudo um caos.

- Desculpe senhorita, receio que este quarto não esteja aberto para visitação. Peço-lhe que saia, por favor. – Ele havia se virado brevemente e voltara sua atenção para um livro. Arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços, risonha.

- Está expulsando sua companheira de armas, Zack? – Questionei.

- Companheira de ar...? – O rapaz virou-se na cadeira observando-me melhor. – Ellie?

- Feliz aniversário, Sr. Lackwood. – Fiz uma reverência como minha mãe havia ensinado. – Desculpe-me se eu o atrapalhei. Apenas vim cumprir a tarefa de chamá-lo para sua "entrada triunfante". – Comuniquei com um tom de voz zombeteiro.

- Você quis dizer a nossa entrada? – Ele questionou sorrindo, me fazendo revirar os olhos. – Agora eu realmente acredito que é você, ninguém revira os olhos de um jeito tão irritante. – Aproximei-me de sua cadeira. – Nossa Elizabeth, pensei que você precisaria nascer de novo para ficar desse jeito. Você está totalmente diferente.

Não eram aquelas palavras que eu estava esperando, tenho certeza que meu rosto se fechou em uma carranca naquele momento.

- O que Cora Salazar não consegue fazer? – Perguntei. – Ela finalmente chegou a um consenso com Melissa e elas criaram... Bem... Tudo isso. – Suspirei.

- Você irá causar um choque nas pessoas quando descer.

- Eu sempre causo. Mas, talvez a falta da sua peruca seja algo mais impactante. – Falei. – O que você estava lendo? – Ele virou o rosto para a escrivaninha e fechou o livro rapidamente.

- William Gilbert. É para o meu futuro projeto.

- Uma das suas pequenas bugigangas?

- Não são bugigangas. – Ele respondeu chateado me fazendo rir.

- Sua futura esposa vai ter que aguentar essas suas peculiaridades, Zack. – Parei por um instante e refleti o peso daquelas palavras. Direcionei meus olhos para a escrivaninha e visualizei uma pulseira ao lado dos muitos livros. Zachary percebeu e esticou a mão para pegar o objeto.

Era um bracelete dourado simples, no entanto com pingentes extremamente detalhados em forma de conchas de todos os tipos. A pigmentação era curiosa, de um tom diferente de qualquer outro dourado que eu já tinha visto. Ele revirou o acessório entre os dedos.

- Pulseira bonita. É para sua futura noiva? – Perguntei. Zack balançou a cabeça.

- Não, uma moça que conheci perdeu-a na praia.

- E por que não procurou a dona? – O rapaz arqueou os músculos dos ombros, arrepiado.

- Não tenho interesses em revê-la. Mas, você pode ficar com o bracelete se quiser.

- Isso não seria roubo?

- Achado não é roubado. – Ele disse. Fixei os olhos em seu rosto procurando algum vestígio de hesitação em sua expressão, porém ele apenas puxou meu antebraço e fechou o acessório em meu pulso. O bracelete era estranhamente quente, parecia que uma mão morna me envolvia. - Veja só, combinou com você. – Tirei minha atenção da pulseira e respondi.

- Obrigada. Só espero que ninguém venha prestar contas comigo depois.

- Pode ter certeza de que não vai. – Zack disse risonho enquanto eu passava os dedos pelos pingentes e sentia um estranho formigamento nas pontas deles.

- Você está pronto? – Perguntei. - Para a noite mais decisiva da sua vida?

- Nem um pouco. – Ele respondeu.

- Nem eu. – O nervosismo da tarde pareceu se lembrar de sua existência e voltou a me atormentar.

- Você está tremendo, Ellie. – O garoto murmurou com um sorriso e tomou minhas mãos nas suas com firmeza. – Não se preocupe, vai dar tudo certo.

- Será? – Questionei. – Nada parece certo, como você pode ter tanta certeza? – Zachary não respondeu e eu soube que ele estava tão duvidoso quanto eu.

- Você está com o punhal? – Ele perguntou. O objeto no bolso do vestido pareceu queimar. Acenei com a cabeça positivamente. – Então não há o que temer. Você é a melhor espadachim que eu conheço.

- Eu sou a única espadachim que você conhece. Não me venha com essas conversas Zack, eu não posso usar um punhal em todo pretendente que tentar se aproximar de mim, apesar de ser exatamente isso que eu queira fazer. Hoje tudo vai mudar e você não pode me prometer nada. – Ele suspirou.

- Eu sei. – Ele murmurou me soltando.

- Você deveria estar me confortando.

- Você é teimosa e esperta demais para escutar uma mentira.

- Então me diga algo verdadeiro. – Pedi. Ele sorriu e levantou-se.

Vestia um habitat azul escuro e branco com detalhes dourados. Zachary me pareceu muito mais alto do que o normal naquele instante, fazendo minhas pernas amolecerem e meu coração disparar. Suas mãos envolveram meu rosto e acariciaram minhas faces com delicadeza.

- Você está muito bonita esta noite, Elizabeth Salazar. – Zachary disse. – Será uma honra ser o primeiro a dançar com você.

- Você promete não me deixar cair? – Perguntei. Zachary achou graça e riu do teor de inocência que resoou naquela frase.

- Eu prometo.

3475 palavras

Okumaya devam et

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