Ensina-me amar

Da alinemoretho

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Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... Altro

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Seis: Nova Vida
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Treze: Bagunça
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezoito: Sentimentos
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Seis: Confusão
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Dois: Correção
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Vinte e Cinco: Retorno

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Da alinemoretho

Retornar para Santa Fé não me trouxe tanta alegria quanto eu esperava sentir. Tudo bem, os momentos conturbados onde eu quase morri me assustaram bastante, mas logo depois tudo se resolveu e minhas pequenas férias continuaram a serem incríveis.

A família de Victor foi maravilhosa comigo. Cuidaram de mim e Mabel com todo amor e nos paparicaram até não poderem mais. Depois de um café da tarde reforçado, o pastor Apolo ainda nos convenceu a participar do culto vespertino onde fomos abençoados com uma mensagem ressaltando a importância de confiar no Senhor em todos os momentos e para o meu constrangimento, ele até usou minha situação no Rio Sião como exemplo, comparando as dificuldades da vida cristã com alguém sendo levado por uma correnteza e a graça de Deus como uma mão poderosa a nos socorrer. E então veio a hora mais triste, a despedida.

Dona Rita foi muito clara em exigir nosso retorno a Nova Canaã e Marissol não se esqueceu de me passar o seu contato, me ameaçando caso eu não lhe mandasse mensagem. Após uma série de abraços e recebimento de presentes, nós entramos no  carro e partimos rumo à Santa Fé.

A viagem de volta foi tranquila, contudo o clima diferente entre Victor e eu me deixou ainda mais confusa em relação aos meus sentimentos por ele. Meu coração se mostrava ainda mais balançado pelo doutor e depois de ser salva e tratada com tamanho zelo durante todo aquele dia eu voltei novamente ao estado de adolescente apaixonada.

Mãos suadas. Coração acelerado. Olhares discretos. Sensação de estar prestes a desmaiar.

Só Deus sabia o quanto eu sofria sem saber nem mesmo como levar uma conversa até o fim e não pensar no quanto ele ficava lindo quando dirigia e falava com tanta convicção e conhecimento sobre Deus e a bíblia.

Por que Victor precisava dificultar tanto a minha vida se mostrando tão mudado e diferente?

E quando pensei não haver mais como piorar a situação, nós chegamos ao Instituto no início da noite e eu passei a sentir uma dor no peito, imaginando quão amargo seria ficar longe daquele homem.

Nós descemos do carro e ele insistiu em me acompanhar até a entrada do casarão, e excessivamente preocupado não me deixou levar uma mala sequer e nem mesmo Mabel que dormia profundamente apoiada em seu ombro.

— Se você precisar de qualquer coisa, não hesite em me ligar, Sarah — ele pediu quando chegamos a varanda iluminada em parte por algumas lâmpadas fluorescentes e em outra pela luz da bela lua prateada e suas estrelas. Paramos alguns instantes para conversar antes dele finalmente partir. — Eu estarei de plantão, mas posso arrumar um jeito de vir pra cá.

Dei um sorrisinho reprimindo meu coração a fim de não deixá-lo se levar por aqueles belos olhos e o fato de eu amar quando ele se mostrava preocupado comigo.

— Pela milésima vez, eu vou ficar bem — garanti e ao perceber o silêncio persistente, eu voltei a encará-lo e o encontrei com um semblante triste acariciando as costas da filha.

Ele também sofria. Não por mim, é claro, e sim pelo fato de precisar se afastar de nossa pequena repetidas vezes.

— Eu estou muito agradecido ao Senhor pelo tempo que passamos em família, Sarah — disse emocionado causando um nó em minha garganta e depositou alguns beijinhos na cabecinha da bebê. — Vocês duas são preciosas demais pra mim.

Mordi meu lábio inferior, tentando suprimir a vontade de abraçá-lo por estar sendo tão bondoso.

— Eu amei seus avós e seus primos, Vic — revelei e ganhei dele um sorriso aberto e sincero. — Foram momentos especiais, intensos e um tanto radicais, eu diria, principalmente quando quase morri.

Ele riu com a minha gracinha, mas logo em seguida ergueu o tronco se mostrando um pouco tenso.

— Você me assustou, dona Sarah. Quando vi seu desespero ao tentar sair da água, meu coração veio na boca — confessou, fixando o olhar aflito em mim. — Graças a Deus, eu te observava o tempo todo.

Segurei um pouco o ar, refletindo um pouco sobre o verdadeiro significado daquelas palavras.

— Eu também senti muito medo, garanto. — Fiz uma pausa. — Na verdade, não conseguia parar de pensar em Mabel. Foi muito doloroso imaginá-la vivendo uma realidade semelhante a qual eu vivi, talvez pior. — Ponderei, sentindo uma agonia dilacerante subindo do meu peito para minha garganta. — Ela não teria ninguém.

Ao ouvir aquilo Victor ergueu suas sobrancelhas e pareceu chocado. Ele adiantou um passo em minha direção, deixou as bolsas carregadas no chão, ajustou a bebê em seu colo e com a mão livre segurou a minha.

— Quantas vezes eu vou precisar repetir até você acreditar que não vou embora? — questionou com um tom grave e sério e me fez levar um pequeno susto. — Se acontecesse algo com você, e glória ao Senhor porque não aconteceu, eu seria o mais miserável dos homens. Sofreria muito de todas as formas. Mas jamais, repito, jamais deixaria minha filha sozinha. Ela teria a mim.

O coração disparou e eu precisei mirar um ponto distante no chão.

— Eu sei, mas...

— Não tem "mas" — interrompeu-me, fazendo com que eu me sentisse como uma criança levando bronca da mãe. — Sei o quanto deve ser duro pra você confiar em mim depois de eu tê-la magoado tanto. Contudo, por favor, passe a me enxergar como um novo homem, servo de Cristo que deseja fazer o certo, ser um amigo pra você e o melhor pai do mundo para a Maria.

Minha vista foi ficando embaçada devido ao excesso de lágrimas e precisei secar uma delas quando escorreu pela bochecha. 

— Seja paciente comigo, Victor — implorei com a voz falha. — Eu estou tentando bravamente lidar com meus conflitos e ser forte para engolir tudo isso acontecendo ao mesmo tempo. Não é assim tão fácil. — Umedeci os lábios, respirei fundo e o mirei. — Entretanto, você tem sido ótimo em tudo, mais até do que eu gostaria de admitir. Eu só preciso me acostumar.

Ele sorriu, acariciou meu braço com o polegar e logo se afastou. 

— Bem, você tem todo tempo do mundo para se acostumar. — Ponderou um pouco e coçou a cabeça. — Contudo, não minto, eu espero já ter ganhado pontos suficientes com você quando Maria estiver na fase de gritar "papai" por aí. 

Cruzei os braços e ergui as sobrancelhas, fingindo estar indignada.

— Está me pressionando, doutor? — perguntei em tom de zombaria, ele negou com a cabeça e ergueu uma mão em sinal de rendição. — Mais do que qualquer um, o senhor deveria saber como o tempo é o melhor remédio para cicatrizar algumas feridas.

Vic deu de ombros e fez uma careta. Conhecendo-o bem, deveria estar formulando algum modo científico de corrigir minha frase.

— Você pode estar certa. Mas se quiser eu posso te receitar boas pomadas que podem ajudar no processo — brincou e piscou com charme, o engraçadinho.

— Sua conduta terapêutica não diz respeito aos assuntos do coração ou a alma — corrigi, me exibindo com uma suposta sabedoria.

Ele inclinou-se em minha direção e colocou a mão ao lado da boca, agindo como uma criança prestes a contar um grande segredo.

— Existe um remédio para tal — sussurrou todo misterioso. — Entretanto, nem todos o conhecem.

Franzi o cenho, mantendo-me cética.

— É mesmo? E qual seria, doutor Victor?

— E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas — citou e aproveitou a proximidade para me entregar Mabel com muito cuidado e permanecer mais alguns segundos me olhando — O Deus que nos ensina o perdão, pode fazer tudo novo, Sarah.

Podia ser coisa da minha cabeça maluca, mas eu simplesmente não consegui ignorar o duplo sentido contido nas palavras do médico amado. Se eu estivesse certa em minhas interpretações, ele gostaria de deixar nosso passado para trás e viver o presente com Cristo. Talvez isso pudesse significar um novo recomeço para nós dois também.

— Preciso ir trabalhar agora. Vamos, vou levar vocês lá em cima — avisou ligeiro, sem me dar tempo de questioná-lo e enquanto eu ajustava Mabel ao meu corpo, ele pegou as malas novamente e foi andando rumo ao casarão.

Andamos lado a lado e por onde passávamos, eu notava os cômodos á penumbra os quais me ajudaram a chegar a conclusão de que àquela hora as moças deveriam estar dormindo

Nós subimos as escadas e chegamos a entrada do meu quarto. Vic deixou meus pertences em um canto perto da porta e se recusou a entrar no cômodo.

— Pronto madames, as senhoritas estão entregues — declarou forçando um tom pomposo na voz e fez uma mesura. — Agora se me dão licença, eu preciso mesmo ir.

Novamente senti aquele incômodo persistente.

— Não nos deixe sem notícias e veja se arrume um tempo para nós — pedi enquanto o observava dar os primeiros passos rumo a saída.

— Prometo me esforçar. Entretanto, fique ciente  que á partir de agora, se eu quiser concluir minha residência até o meio desse ano, precisarei me dedicar o dobro ao trabalho — informou e provavelmente flagrou os sinais de tristeza tomando conta do meu semblante, por isso tentou me passar algum consolo. — Eu sei, não faça essa cara. Farei o possível para vir vê-las, prometo. Ah! E poderemos passar o dia juntos em minhas folgas.

Precisei conter minha vontade de pedir para ele não ir e concordei com a cabeça.

— Ok, mas Mabel sentirá sua falta — murmurei chateada, sem querer admitir quem realmente se importaria com a ausência dele.

— Então lembre Mabel o quanto eu a amo, por favor — pediu e finalmente nos deixou, levando consigo um pedaço do meu coração.

Para extrapolar minha cota de vergonha pra um dia, depois de assisti-lo descer os degraus eu andei o mais rápido que pude até a varanda localizada no fim do corredor daquele mesmo andar apenas para ver Victor saindo com o carro. Contudo, meus planos falharam quando, para minha surpresa, acabei encontrando Karen e Anelise acordadas e conversando naquele mesmo lugar. Ao me verem elas vieram prontas a pedirem um relatório completo sobre meu tempo com Victor. Eu me sentia cansada, por isso preferi ser sucinta, mas não omiti como fui feliz naqueles dois dias que se passaram. Também procurei saber se todos estavam bem e acabei descobrindo como em minha ausência dona Socorro decidiu passar algum tempo com a grande família do Coelho.

— Espero que voltem logo, estou com saudades — comentei sincera.

— Ah, não se preocupe. Amanhã pela manhã já estão aí — informou Anelise.

Karen concordou balançando a cabeça.

— É mesmo. Ainda mais porque dona Sô estava com medo de você não voltar mais — contou suprimindo a risadinha.

Franzi o cenho, sem entender nada.

— Por que eu não voltaria? Victor não é um sequestrador — pontuei com seriedade e isso fez as duas bobas rirem ainda mais.

Anelise chacoalhou os ombros.

— Não sei... De repente você poderia decidir morar em Nova Canaã e nos trocar pela família do seu querido médico — ela falou com uma tom pomposo. — Ou o próprio médico.

Aquilo parecia tão improvável que eu não tive outra escolha há não ser cair na gargalhada.

— Que absurdo! — exclamei inclinando o corpo levemente para frente.

— Bem, pelo modo como vocês se olhavam enquanto vinham do carro para cá, não é tão absurdo assim, Sarinha — Karen revelou com ar de menina levada e acabou confessando a bisbilhotice das duas.

— Não acredito nisso! Suas xeretas — briguei, mas não consegui me manter séria quando elas passaram a encenar de um jeito exagerado o modo como eu falava com Victor.

— Estávamos com saudades, Sarah. Ainda bem que vocês duas voltaram para nós. Não estamos prontas para dizer adeus, embora isso não deva demorar para acontecer — declarou Anelise e eu senti o aperto na voz dela. Com misericórdia, eu abracei as duas, uma de cada vez, e nós permanecemos ali no corredor tagarelando e rindo até sermos interrompidas.

A porta do quarto ao lado do meu abriu-se com brutalidade e de lá saiu Luana trajada de um pijama azul e a cara amassada.

— Dá para as bonecas ficarem quietas? Eu acabei de conseguir colocar Arthur para dormir — pediu de um jeito mandão e eu precisei me segurar para não responder com rispidez.

— Oi para você também, Lu — saudou Karen com ironia. — Já estamos indo dormir, apenas ficamos animadas com o retorno da Sarah e...

— Boa noite — Luana findou a conversa do modo mais rude possível, fechando a porta em nossa cara.

Meu queixo caiu com aquela atitude e eu senti, além de raiva, uma enorme vontade de ir prestar contas com ela.

Como alguém podia afirmar com tanta veemência ser minha amiga e me distratar de tal forma?

— Qual é o problema dela? Isso tudo é só porque eu voltei? — questionei inconformada e quando me voltei para as duas reparei no modo estranho com o qual se entreolhavam. 

Anelise negou e tocou meu ombro tenso, na tentativa de me transmitir alguma calma.

— Aconteceram umas coisas com ela as quais não valem a pena nem comentar — replicou entristecida. — Mas fique tranquila não é nada com você.

— Como assim, eu...

— É melhor irmos dormir agora. Não acham? — Karen interpelou. — Com licença.

Ela saiu desconfortável e em seguida Anelise fez o mesmo. Sem ter muito o que fazer e frustrada, eu fui para o quarto também e logo me ajeitei para dormir também com Mabel ao meu lado na cama.

Claro que depois de toda a intensidade daquele dia, eu não consegui pegar no sono com facilidade. Os olhos estavam pesados, mas a cabeça cheia tornava dificil a tarefa mais simples de todas. Depois de muito relutar, eu finalmente dormi. 

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