Em Lados Opostos da Lei [COMP...

Por PaulineGrasm

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#1 Sheik 🥇 #2 Policial 🥈(23/02/20) | Os opostos se atraem ou se aniquilam? Um atropelamento com uma consequ... Mais

Sinopse | Elenco
Extra | Questão religiosa
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1 - Nunca foi sorte
Capítulo 2 - Onde estou?
Capítulo 3 - Passeio no parque
Capítulo 4 - Alívio
Capítulo 5 - Encontro no centro
Capítulo 6 - Faixa de Gaza
Capítulo 7 - E agora?
Capítulo 8 - St. Paul's
Capítulo 9 - Reunião pedagógica
Capítulo 10 - Maktub
Capítulo 12 - No carro
Capítulo 13 - Nas nuvens
Capítulo 14 - De volta à realidade
Capítulo 15 - Invasão de privacidade
Capítulo 16 - Festa junina
Capítulo 17 - Sobrinho
Capítulo 18 - Nadima
Capítulo 19 - Tentação
Capítulo 20 - A segunda vez
Capítulo 21 - Início da viagem
Capítulo 22 - Tel Aviv, Israel
Capítulo 23 - Piano Bar
Capítulo 24 - A descoberta
Capítulo 25 - Na teia da aranha
Capítulo 26 - Encurralados
Capítulo 27 - Tarde demais
Capítulo 28 - Tormenta
Capítulo 29 - Rosas e espinhos
Capítulo 30 - Telefonemas
Capítulo 31 - Aquarela
Capítulo 32 - Na casa de Cotia
Capítulo 33 - Três vezes
Capítulo 34 - Dia D
Capítulo 35 - No ventilador
Capítulo 36 - Na cela especial
Capítulo 37 - A carta
Capítulo 38 - No shopping
Capítulo 39 - O lenço
Capítulo 40 - Mudando a ótica
Capítulo 41 - No CDP
Capítulo 42 - Na praça
Capítulo 43 - Tempo
Capítulo 44 - Monitorado
Capítulo 45 - Novas experiências
Capítulo 46 - Homem de sorte
Capítulo 47 - Recomeçar
Capítulo 48 - Promessas
Capítulo 49 - Na empresa
Capítulo 50 - Quebra de confiança
Capítulo 51 - No hospital
Capítulo 52 - O exame
Capítulo 53 - No escritório de advocacia
Capítulo 54 - Alianças temerosas
Capítulo 55 - No banho
Capítulo 56 - O intocado
Capítulo 57 - O almoço da verdade
Capítulo 58 - A reunião da delação
Capítulo 59 - Concluindo os trabalhos
Capítulo 60 - Fim

Capítulo 11 - Operação Hefesto

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Por PaulineGrasm

"A meia verdade é uma mentira inteira."

Provérbio judaico

Sara Levy

No dia seguinte, chego ao trabalho um pouco mais cedo. Teremos uma reunião importante, para uma ação conjunta com a Polícia Federal.

Inclusive o Procurador-Geral de Justiça, Dr. Clóvis Barreto, que exerce a chefia do Ministério Público, irá participar pessoalmente.

No horário marcado, nos acomodamos em volta da grande mesa oval da sala de reuniões. Estamos em cinco pessoas, rostos conhecidos e desconhecidos. Sou a única mulher.

Rogério está do meu lado direito, e Dr. Clóvis ocupa a cadeira da ponta. Não conheço os outros dois homens, à minha frente.

Dr. Clóvis é uma figura importante, do alto dos seus 50 e poucos anos, com seu porte magro, elegante, e cabelos grisalhos penteados para cima e para trás, formando um topete.

- Bom dia. - Dr. Clóvis nos cumprimenta. - Hoje a reunião é de extrema importância, portanto, quero a atenção dos senhores. Peço, ainda, sigilo absoluto sobre o que será tratado. Este seleto grupo é formado por pessoas escolhidas a dedo, por mim, em razão do alto grau de capacitação e relevância para a operação.

Ele passa os olhos por todos nós, e volta a falar.

- Em primeiro lugar, vou apresentá-los, acredito que nem todos se conheçam. Deste lado, temos os promotores de justiça do GAECO, Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo, Dra. Sara Levy e Dr. Rogério Ferraz.

Dou um sorriso, e Rogério meneia a cabeça.

- E, deste lado, temos o Dr. Gustavo Peçanha, Superintendente Delegado da Polícia Federal, da Regional de São Paulo, e o Dr. Bruno Hideo, do GOE, Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil do Estado de São Paulo, do Setor de Inteligência.

Os dois são bem alinhados, engravatados, entre 35 e 40 anos. O primeiro tem traços negros, e o segundo, orientais. Dr. Gustavo exibe um lindo sorriso nos lábios carnudos, Dr. Bruno mantém uma postura mais fechada.

Não posso deixar de pensar que Amanda ficaria doida se visse os homens bonitos deste grupo. Até o Dr. Clóvis, apesar de mais velho, tem o seu charme.

Suspiro, pensando que ainda assim nenhum deles chega aos pés do meu Sheik. Meu?! Ah, bem que eu queria...

Aquele sorriso, aqueles olhos intensos, aquela boca... Antes que o calor que começo a sentir se espalhe, me repreendo mentalmente. "Foco, Sara! Mais tarde, na cama, você voltar a pensar nestes 'detalhes'."

Depois de devanear um pouco, volto a ouvir a voz do Dr. Clóvis.

- Pois bem. Há tempos investigamos os membros do PCC, Primeiro Comando da Capital, acompanhando a movimentação do grupo que comanda assaltos, sequestros, assassinatos, tráfico de armas e drogas. - ele pigarreia, e volta a falar.

- Recentemente, interceptamos mensagens e conversas de membros do PCC que se encontram em presídios, e temos fortes suspeitas de que estão participando de algo grandioso. Como sabem, a facção atua principalmente em São Paulo, mas também em outros estados e países da América do Sul. Entre eles, a Colômbia, o berço das FARC. - Dr. Clóvis pega o tablet e continua a falar.

- As FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, nasceram na década de 60 e deixaram de existir oficialmente em 2016, por meio de um acordo de paz. O problema é que, desde o mês passado, órgãos de inteligência militar vem acompanhando a reorganização das FARC. Inclusive, neste mês, a mídia mundial noticiou a retomada de armas, como nesta reportagem da Folha de São Paulo.

Coloca o tablet no centro da mesa, nos mostrando a imagem da reportagem, cujo título é "Um terço dos membros das Farc retomou armas após acordo de paz, aponta relatório", datada de 05 de junho de 2019.

____

____

- Agora, os senhores devem estar se perguntando: qual é a relevância, para nós, do que acontece na Colômbia? A resposta está justamente nas fortes suspeitas de que o PCC esteja por trás do fornecimento destas novas armas das FARC.

Dr. Clóvis muda a imagem exibida no tablet, nos mostrando prints de conversas e mensagens.

- Nas mensagens interceptadas, membros do PCC oferecem a integrantes das FARC "pacotes" com armas e munições, com fuzis, metralhadoras, granadas e outros. Mencionam até mesmo a possibilidade de lhes fornecerem mísseis israelenses.

Ele fecha o tablet e torna a nos olhar.

- Cabe ao Ministério Público, órgão que tenho a honra de chefiar, combater as ações do PCC, por meio do GAECO. Por isso, montei este grupo. Vamos unir forças para a identificação e punição dos líderes criminosos. Posso contar com o trabalho dos senhores?

Todos nós assentimos, com entusiamo.

- Por fim. - Dr. Clóvis retoma a palavra. - Precisamos, ainda, investigar quem são os responsáveis pelo ingresso destas armas no Brasil. Se é verdade que existem inclusive mísseis de Israel em jogo, quem tentar trazê-los deve ser algum "peixe grande". Agora, a última informação. A Polícia Federal batizou esta operação especial de "Operação Hefesto".

***

Hassan Abdul

Continuo encarando Halim, sem saber o que lhe responder.

Halim é meu irmão caçula, que chegou hoje de viagem e se instalou aqui em casa. Somos bem parecidos fisicamente.

Olho para a foto que tiramos no final do ano, que está em um porta-retrato sobre a estante do escritório, e confirmo as nossas semelhanças. Impossível negar que somos irmãos.

Halim é dois anos mais novo, e sete centímetros mais baixo. Mas, o que lhe falta em altura, lhe sobra em ambição.

E é exatamente por causa desta ambição fodida que está me perturbando nas últimas horas.

- Hassan... Não seja burro. É muita grana. "Pecunia non olet". O que significa "dinheiro não fede". Pouco importa a origem: dinheiro é dinheiro, porra.

- Halim... Sabe dos nossos motivos para não negociar com os aqueles merdas de Israel...

- Mas não seria uma negociação nossa com eles, não entende?! Nosso contato aqui de São Paulo só precisa que alguém coloque as armas para dentro do Brasil, e nossos contêineres com tapetes são perfeitos... Foda-se que são armas de Israel. A negociação, a compra e venda, é tudo com eles. Nós apenas fazemos a intermediação e o transporte. Somos a porra do Sedex! - ele ri alto com a comparação idiota.

- Não sei, meu irmão. A tentação é grande, mas ainda penso nos riscos...

- Hassan, corremos riscos todos os dias, cacete. O que só nos deixou cada vez mais fortes e mais ricos. Não vamos fraquejar, irmão... Se perdermos este contato para a concorrência será um prejuízo do caralho.

- É verdade... Quer saber? Foda-se. Você venceu, Halim. Mas vamos organizar tudo direitinho, nos mínimos detalhes. Não admito um passo em falso.

- Assim é que se fala! Boa! - Halim me abraça, empolgado. - Agora precisamos dar um jeito de entrar em Israel. Um de nós tem que ir até lá, pessoalmente, para avaliar as mercadorias. São valiosas demais para deixar a cargo de qualquer um...

- Merda... Bem lembrado. E a imigração em Israel é uma das mais fodas do mundo, pior até do que a dos Estados Unidos. Não temos parentes, amigos ou negócios lícitos que justifiquem a nossa ida ao país. As chances de sermos barrados são enormes... Porra.

Uma batida na porta nos interrompe, e pergunto quem é. Tânia abre uma fresta, está com os meninos que voltaram da escola, e fala com a voz baixa.

- Com licença. Me desculpem... Os meninos souberam que o tio está em casa, e...

- Podem entrar. - lhe respondo. Em seguida, murmuro para Halim. - Amanhã voltamos a falar sobre isso, na empresa.

Então vejo Khaled correndo até o meu irmão.

- Ti-tio Halim! Sa-saudades!

Halim joga o pequeno para o alto, arrancando-lhe gargalhadas.

- Senti a sua falta, pequeno! A sua também, garotão! - ele coloca Khaled no chão, e bagunça o cabelo de Said, que está logo atrás.

- E aí, tio?

- Tudo certo na escola, meninos? E as namoradinhas? - Halim pega Khaled no colo, se senta no sofá e puxa Said para perto.

- Te-tenho du-duas na-namoradas! E vão da-dançar co-comigo no sá-sábado, as du-duas!

- O que tem sábado? - Halim quer saber.

- A festa junina da escola. Quer ir? - pergunto, já sabendo a resposta.

- Ih, já tenho um compromisso, que pena!

Eu já sabia. Seguro a risada, é nítido que está mentindo.

- Tu-tudo bem! Pa-pai, po-podemos cha-chamar a ti-tia Sa-sara?

- Quem é "tia Sara"? - Halim ergue a sobrancelha, interessado.

- Ninguém. - corto o assunto, mas então uma ideia me vem à cabeça. Será? Sim, pode dar certo. Tem que dar certo, porra!

Puxo meu irmão para mais perto, e sussurro.

- Quer mesmo saber quem é Sara?

- Fala logo, caralho. - ele me olha impaciente.

- Sara é o nosso passaporte para Israel. - respondo, com os olhos brilhando.

***

Mais tarde, já tenho o plano todo traçado em minha cabeça. Vou unir o útil ao agradável.

Sara irá comigo a Israel, sei ser convincente. Será bem mais fácil o meu ingresso no país ao lado dela, por ser de família judia, e por possuir um cargo de respeito.

Além disso, a viagem não lhe fará mal algum. Pelo contrário, vou garantir que ela aproveite o passeio, o hotel, os bons restaurantes.

Depois daquela sexta-feira no apartamento dela, tive a confirmação de que a química entre nós é tão forte, mas tão forte, que seria um desperdício ignora-la.

Gosto de Sara, até mais do que deveria, mas sou realista. Sei que não temos futuro juntos. O que não significa que não possamos aproveitar a companhia um do outro, de forma casual e descompromissada. Se ela estiver de acordo, é claro.

Vou jogar limpo quando a isto, espero que Sara aceite. E já sei o dia ideal para conversar com ela a respeito.

Pego o celular e abro nas mensagens, digitando rapidamente.

H: "Boa noite, Sara! Está livre no sábado de manhã? Tenho um convite para você."

S: "Boa noite! Convite para que? P.S. Você não ia desaparecer da minha vida?"

Dou risada, e já digito a próxima pergunta.

H: "Está reclamando?"

S: "Ainda não. Conta logo sobre o convite de sábado, só para eu ter o prazer de lhe dizer não."

H: "Posso pensar em maneiras melhores de te dar prazer."

S: "Cão que muito late não morde."

H: "Você já sabe que eu mordo, sim... E não vejo a hora de morder mais uma vez, bem ali... Morder, passar a língua, beijar..."

Incrível como consigo ser solto e descontraído com ela. Quando a conheci, nunca imaginaria esta troca de mensagens entre nós dois.

S: "..."

H: "Assustei você? Não vamos fugir do assunto, já estou me empolgando demais... Quer fazer uma aposta?"

S: "Que aposta?"

H: "Aposto que você vai aceitar ir comigo em um determinado lugar, no sábado, e nem vou precisar insistir."

S: "Valendo o que a aposta?"

H: "O perdedor terá que realizar um desejo do vencedor." Sorrio pensando nas possibilidades.

S: "Isso é muito amplo, não vale."

H: "Ok. O perdedor terá que realizar um desejo do vencedor, desde que este desejo seja dele também. Melhorou?"

S: "Sim. Valendo."

H: "Khaled vai dançar na festa junina da escola, e pediu para te convidar. Aceita ir com a gente? Ou para ganhar a aposta você teria coragem de decepcionar uma criança que te adora?"

S: "Jogou sujo, hein? É claro que eu vou."

H: "Nunca disse que jogo limpo! Ganhei a aposta. Até sábado. Te pego às 10h."

S: "Combinado!"

***

N/A - Nota da autora

Boa noite! Já estão percebendo a confusão se formando?! Vocês não viram nada... O bicho vai pegar!

Para quem curte imagens, seguem as dos personagens novos mencionados no capítulo:

Dr. Clóvis Barreto (PGJ):

Dr. Gustavo Peçanha (PF) e Dr. Bruno Hideo (GOE):

O nosso Sheik e o irmão Halim:

Obrigada por acompanharem, não deixem de clicar na estrelinha e comentar! Beijos mil! 🥰💋

***

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