Já se passaram três dias desde sua ultima conversa com Solano na casa do pai, Miranda se remoía por dentro por não ter tido coragem de revelar a ele sua gravidez. Sua consciência lhe dizia que ele tinha o direito de saber, que ele já tinha sofrido o bastante procurando Manuella pelo mundo, que ela não poderia fazê-lo passar por isso de novo. Ela era uma covarde e sabia muito bem disso.
Ela acabava de arrumar Manu para um passeio na pracinha das flores quando recebe uma mensagem de Solano:
Demônio sedutor 16:00
Eu estou com saudades das minhas meninas, será que podemos sair juntos hoje?
Miranda 16:10
Eu já estava de saída com a Manu, quem sabe outro dia.
Demônio sedutor 16:10
Eu encontro vocês, só me diz onde, por favor!
Miranda 16:03
Tudo bem, me encontra na pracinha do centro, já chego por lá.
Demonio sedutor 16:04
Combinado mi amore. ;)
Porque não? pensou Miranda, sua garotinha sentia muita a falta do pai e ela jamais deveria se entrepor na relação dos dois. Miranda optou por usar um de seus vestidos de verão com o tradicional estilo pinup que ela adorava. Desde pequena sempre gostou de coisas antigas, clássicas como ela costuma dizer. Quanto à pequena Manu, uma roupinha adorável que a deixava ainda mais linda aos olhos da mãe.
Ao chegar à praça imediatamente avistou um homem corpulento e alto que se destacava das mães que brincavam com seus filhos no mesmo ambiente. Todas as mulheres lhe atiravam atrevidos olhares despertando um terrível ciúme em Miranda. Ao vê-la ele dá um sorriso aliviado, por um momento pensou que ela não viria. Manu ao ver o pai começou a se agitar no colo da mãe, fazendo com que a mesma a colocasse no chão gramado, imediatamente a pequena correu desengonçada e aos gritos para o pai. Essa cena emocionou Miranda que com os hormônios sensíveis encheu os olhos de lágrimas.
- Minha princesa que saudade! Papai te ama muito filha, perdoa o papai por ter ficado tanto tempo longe de você. Disse Solano emocionado beijando a cabecinha cheirosa de sua menina. Manu apenas sorria e olhava o pai com adoração.
- O importante é que você está aqui agora Solano, nossa filha te ama muito.
- Obrigado por vir Miranda, você só alegra meus dias. É muito ruim voltar para uma casa vazia todos os dias, sinto falta de vocês duas em nossa casa. Ele a encava intensamente, seus olhos lhe transmitiam uma certeza que a deixou constrangida.
- Não somos um casal Solano, como você bem sabe. Disse ela simplesmente e começou a caminhar sem dar-lhe tempo para retrucar.
- Por enquanto eu vou deixar passar, mas logo teremos que conversar sobre isso. Quero você ao meu lado Miranda e falo sério.
- Querer não é poder como você bem sabe. É ali que iremos fazer nosso piquenique. Apontou ela para um canto afastado do gramado e cercado de belas flores silvestres. – a Manu adora flores, esse é seu lugar preferido.
A garotinha afoita já foi logo se remexendo agitada nos braços do pai, fazendo-o a colocar no chão onde ela imediatamente começou a correr na direção das flores conversando animadamente com elas em sua linguagem infantil.
- Ela é tão doce e gentil! Parece com você. Diz ele a olhando profundamente.
- Como você sabe? Você mau me conhece.
- Eu te conheço como a palma das minhas mãos Mira, assim como conheço cada centímetro desse corpo gostoso. Ele acaricia lentamente o rosto dela, fazendo-a fechar os olhos em deleite. Seu toque sempre a deixava assim, o coração acelerado, a pele formigando e um desejo latente.
- Não brinca comigo assim porfavor!
- A verdade é que sem você minha vida não tem cor Mira. Vocês são o sentido da minha vida. Eu sei que fui um idiota com você, mas eu não deitei com mais nenhuma mulher depois de você Miranda. Acredita em mim.
- Eu acredito em você Solano, mas eu não posso ficar com você apenas para ser a mãe da Manu. Eu quero ser amada Solano, eu não mereço menos que isso.
- Você ainda não entendeu não é? Eu quero que você seja minha esposa. Eu estou apaixonado por você!
Eles foram interrompidos por um choro de criança, a pequena Manuella havia espetado o dedinho em um espinho e chorava incansavelmente ao ver o sangue brotar de sua mãozinha. Miranda com toda a calma e paciência o oposto de Solano que se encontrava desesperado pega a menina no colo e começa acalmá-la.
- Solano por favor abra essa bolsa e pegue uma pinça para mim? Solano sem entender muito bem faz o que ela pede, lhe entregando o instrumento. Com muita calma Miranda retira o espinho da rosa que havia entrado no dedo da criança, a distraindo com uma canção de ninar. Livro do espinho a menina sapeca pula do colo da mãe e volta a brincar como se nada tivesse acontecido, deixando Solano impressionado.
-Isso sempre acontece? Pergunta ele.
- Sim, apesar de saber que pode se machucar com os espinhos ela nunca consegue ficar longe das rosas. Por isso sempre estou preparada. Diz ela tranquilamente.
Passado o susto, os três passaram a tarde brincando juntos e desfrutando do piquenique, ao chegar em casa Solano com a filha nos braços acompanha Miranda até o quarto para colocar a pequena na cama. Ele beija a cabecinha perfumada se despedindo e Miranda o acompanha até a porta.
- Hoje foi um dos melhores dias da minha vida. Eu amo você Miranda, volta para mim. Eu te prometo que vou dar o meu melhor para fazer você feliz!
Sem perder tempo ela o beijou, sentindo o corpo tremer por inteiro. Quem ela queria enganar? Ela não conseguia ficar longe. Quando estava nos braços dele ela esquecia todo o resto. Ela o amava. Ele e seu lindo sorriso maroto. Ela escutou uma voz chamá-los. Virou-se interrompendo o beijo e viu seu pai ali fazendo uma careta engraçada. No fim ela sabia que sempre seria a garotinha dele.
– Querida não vai me apresentar seu namorado? Disse Pietro com um sorriso malicioso no rosto.
– Pai ele não é...
– Solano, senhor. É um prazer conhecê-lo. Miranda fala muito do senhor. Miranda estava vermelha assim como seus cabelos. Totalmente embaraçada. Ele nem se deu ao trabalho de desfazer a confusão. Maldito!
– Bom então você está convidado para o jantar! Acredito que está com fome, não? Disse o pai, ainda mais disposto a entrar na brincadeira.
– Estou faminto! Solano afirmou tão animado que ela já sabia que havia perdido a batalha.
– Então vamos jantar! Pietro disse levando Solano para o salão onde todos estavam reunidos. Miranda ficou preocupada. Marcos com certeza acabaria matando Solano se o visse. Tanta confusão.
Solano foi guiado por Pietro enquanto Miranda os seguia nervosa. Ele desejou poder ler seus pensamentos, mas estava curioso para conhecer a família dela.
– Vejam meninos, esse é o pai da Manu e namorado de sua irmã. Disse o pai sorrindo. Miranda quase surtou. Marcos já olhava para Solano irritado e sua irmã ria dos irmãos ciumentos.
– Você é o primeiro namorado de mira que conhecemos. Diz Doug apertando forte demais a mão de Solano. Seus irmãos como Miranda dizia eram do mesmo tamanho de Solano, mas possivelmente mais fortes.
– Doug você vai quebrar a mão dele. Diz Miranda irritada. Solano só ria da situação.
– Está tudo bem, eu faria o mesmo se tivesse irmã. Disse ele, lembrando-se da prima mais nova, ele também tinha esse mesmo ataque de ciúmes.
– Você é filho único? Pergunta o pai de Miranda, tirando-o de seus pensamentos.
– Não, tenho três irmãos e uma prima que eu considero irmã. Diz ele sorrindo. Ela nunca o viu assim, descontraído. Manu que tinha acordado com a algazarra o olhava encantada e logo estendeu os bracinhos para ir com ele. Ela estava no colo de marcos que não ficou feliz em entregar a sobrinha.
– Sou o irmão mais velho, me chamo Marcos. Ele se apresentou. Marcos o olhava e olhava Miranda, ele estava confuso, mas logo se rendeu a simpatia de Solano e já conversavam normalmente. Os homens estavam conversando na antessala enquanto Miranda e a irmã colocavam a mesa.
– Então vocês se acertaram? Perguntou Talia.
– Ele disse que me ama Talia! Não aguentei e pulei nele, papai pegou a gente no flagra.
– Mana eu acho que ele realmente gosta de você. Disse Talia mexendo o molho de parmegiana.
– Eu quero muito que seja verdade mana, eu o amo com todo o meu coração.
– Então dê uma chance a ele mana, você merece ser feliz. Disse Laila sorrindo.
– Chega desse assunto, vamos servir o jantar e acabar logo com isso. Miranda chamou os rapazes e mandou servir o jantar, logo estavam todos a mesa. Solano ao lado dela é claro. Manu estava com a babá no andar de cima e na mesa só estavam os adultos. Era apenas questão de tempo até que começassem as perguntas. Pensou Miranda.
– Então cunhado, como se conheceram? Perguntou um sorridente Doug só querendo irritar a irmã que já ia respondendo, mas Solano a impede.
– Nos conhecemos há dois meses. Ela cantava no hotel onde me hospedei em Milão. Fiquei encantado com a voz dela. Logo descobri que ela tinha adotado minha filha, eu passei meses procurando Manuella. Fizemos um acordo e ela veio morar comigo para que eu conhecesse a minha filha. Miranda só concordou porque jamais deixaria Manu. Sei que ela é a melhor mãe que eu poderia pedir para minha filha.
– E como seduziu minha irmã? Perguntou Marcos com um sorriso preguiçoso na face.
– Marcos! Repreendeu Miranda, mas Solano só sorriu.
– Ela que me seduziu na verdade. Sua irmã é uma mulher bonita, mas vê-la dançar todas as noites na sala de ensaio encantaria qualquer homem. Miranda ficou vermelha. Não sabia que ele a espiava. Mais ainda quando Solano a olhava com ternura. O pai só ria de tudo.
– Então você se apaixonou pela marrenta? Disse Doug rindo. Miranda adorava ele, mas nessas horas ela só queria pular no pescoço do irmão.
– Sim, eu me apaixonei pela marrenta.