Provocando Amor - Série Endzo...

נכתב על ידי MariaFernandaRibeir2

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A vida de Peter é uma montanha-russa. Desde que engravidou a tia mais jovem do melhor amigo, as oscilações na... עוד

Prólogo
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Epílogo

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נכתב על ידי MariaFernandaRibeir2

Quem se importa se mais uma luz se apagar?
Bem, eu me importo.
(One More Light - Linkin Park)
Noelle

Algumas coisas que desejamos muito acabam por nos prejudicar mais que imaginamos. Tentar entrar na faculdade, enquanto estudo na comunitária, está sendo assim. Estudar para os testes está me deixando maluca, e eu tento não demonstrar isso quando o Peter está aqui, mas quando estou sozinha choro só de tentar ler o livro.

A minha sanidade restou somente para que eu possa não demonstrar o quão destruída estou. Saio para caminhar e espairecer um dia, e me pego encarando a água que corre abaixo de uma ponte, pensando em tantas coisas ruins que saio correndo e quase derrubo uma senhora, que aponta a bengala para mim e me ameaça. Só paro de correr quando entro no restaurante da minha mãe. Ela percebe que não estou bem e me faz companhia na mesa, a roupa de chef atraindo olhares.

— Posso saber a razão para você estar encarando este livro com tanta raiva?

— Este livro me odeia. — empurro ele.

— Se ele te odeia, para quê você está lendo?

— Estudos, mãe. Estudos. A matéria de química não era tão difícil na escola, mas eu posso lidar com isso.

— Ok então. Hoje o Peter passou no restaurante com aquela menininha adorável e um cachorro, estava atrás do seu pai. Há alguma chance dele deixar o cachorro comigo um pouco, algum dia? Ouvi que ele vai trabalhar para o Maurice, e isso vai fazer com que o cachorro fique sozinho.

Sorrio.

— Mãe, você não conhece a Amigão. Na semana passada ela mastigou o controle da televisão do Peter e enterrou o que sobrou no quintal, para que ele não descobrisse. É um cachorro e tanto, mas cada vez que vou visitar ele há uma bagunça nova causada pelo cachorro. Você terá que ser firme, sem ceder.

— Eu posso fazer isso. Ei Noelle, o que é isso no seu rosto? Mon Seignur Jésus, são as olheiras mais escuras que já vi, e olhe que fui maquiadora. Você está dormindo direito?

— Sim. Eu durmo muito bem. — minto.

— Certo, e essa coisa roxa debaixo dos seus olhos é maquiagem. Entendido.

Levanto os olhos do livro, encarando ela. Abaixo o livro e encosto o rosto nas mãos.

— Estou ótima.

Ela pega as cápsulas de café que tomei nas últimas horas e coloca no pote de coleta das cápsulas. Encara o meu estado lastimável, e ao meu rosto em seguida.

— Noelle Tulipe Bertrand, quando foi a última vez que você dormiu?

— De noite. — digo, mas não lembro qual noite exatamente.

— Sei. Você está indo se consultar? Teve uma hora ontem.

Comprimo os lábios, sem dar uma resposta.

— Filha, o que está acontecendo? 

— Não achei que as provas da faculdade fossem tão difíceis, mãe. Eu preciso passar, mas tentar entender essa matéria é impossível. — reclamo.

— E você acha que acabar no hospital vai te ajudar a passar? Sanidade, Noelle, não é água. Você não abre a torneira e toma um gole de sanidade. É muito mais fácil se perder no meio de horas sem sono com muito estudo que se encontrar em um sono normal com uma quantidade saudável de estudo. Você acha que deixar de dormir vai te ajudar, não vai, só vai te deixar exausta e sem memória.

— Eu vou dormir assim que terminar aqui, ok?

Pego o lápis para voltar a escrever, mas ela puxa o caderno.

— Não. Vá para casa. E não dirija, chame um carro. — manda, e leva o caderno para a cozinha.

Me sinto tão esgotada que lágrimas pinicam meus olhos. Encosto a cabeça na mesa, não querendo chorar na frente do restaurante e o peso da minha rotina me esmaga assim que fecho os olhos. Levanto assustada com uma mão tocando minhas costas.

Mein Herr Jesus. Você está bem, gata?

Nego e ele senta ao meu lado, colocando a mão na minha testa. É bom vê-lo, essa semana foi ocupada para ele, trabalhando e cuidando da Gwen, passeando com a Amigão e tudo mais. Eu não fui chamada pelo meu pai essa semana, e isso causou uns quatro dias longe dele.

— Sem febre. O que aconteceu? Você parece ter sido atropelada por uma cáfila de elefantes. — é impossível não dar ao menos um sorriso para a confusão dele com as palavras.

— Manada, Peter. Cáfila é de camelos. Eu não tenho dormido direito.

— Por que não? Você tem um lugar ótimo para dormir. Não me diga que saiu de casa. — estreita os olhos.

— As provas são muito difíceis. Se eu não estudo durante o tempo disponível, vou mal. Não posso me dar este luxo.

Ele coloca os cotovelos na mesa e me olha.

— Certo. Suponho que o tempo disponível seja sua hora de dormir? — questiona suave, sem acusação na voz.

Sinto vontade de beija-lo por ter tanta paciência, mas a minha cabeça está pesada demais.

— Qualquer hora possível. Trabalho durante o dia, de manhã aqui, de tarde levando animais para o veterinário e de noite estudo como posso. Quero ser a melhor.

— Você não tem que estar em número alto para ser a melhor. Adianta ser a primeira e não conseguir levantar da cama por exaustão? O professor não vai até o seu quarto, você nem tem uma tela para o computador dele! — aponta e eu rio. — Você ri, garota, mas é sério. Uma posição ou dez não tem diferença alguma. É possível ser a número um? É. Vale a pena, no entanto?

Penso nisso, mas não chego a lugar nenhum. Sinto minha cabeça doer e sei o que devo fazer.

— Me leve para casa, preciso dormir.

— Isso é o não mais claro que alguém já disse.

Me apoio na mesa para levantar e ir com ele, mas ele me pega no colo. Grunho com o quão bom não ter que andar é.

— Vamos lá, Prinzessin. Você tem que salvar a si mesma neste capítulo da sua vida, eu sou um peso morto nisso.

— Pesos mortos não levam essa coisa que você me chamou para lugar algum. Você está me levando para casa. — aponto e ele me deixa no carro e abaixa para afivelar o meu cinto.

— Sim, mas o seu maior objetivo é ir para casa? Se for, então me dê a medalha.

Entendo o que ele quer dizer. Se eu não lutar por mim, será difícil outra pessoa conseguir o mesmo. Encosto a cabeça na janela quando a porta é fechada e apago.

Peter

Aproveitando que a Gwen só sai da escola daqui três horas e a Amigão está no veterinário, fico perto da Noelle no quarto. Um funcionário novo da casa quase chamou a polícia ao ver a garota desmaiada nos meus braços, o cara que ele viu no jornal policial. O cara da piscina é quem salvou minha pele e avisou que a casa da Noelle estava sob limpeza e mostrou o quarto dela na casa maior. Esse lugar é cheio de lembranças da infância dela e sorrio ao ver desenhos como os da Gwen. Vejo algumas fotos na parede e reconheço apenas a Noelle em três, concluindo que é a família biológica dela ali. O progenitor parece ser um ginasta, e me lembra o pai do Zack quanto ao tamanho dos braços.

Me pergunto se o progenitor dela era tão horrível quanto o do meu amigo, e se foi isso que fez a mãe dela entregar a filha a outra pessoa.

— Ele era bom na maior parte do tempo. — a voz sonolenta dela me assusta — Não queria te assustar.

— Tudo bem. E no resto do tempo? — inquiro a questão subentendida na resposta dela.

A raiz do problema dela pode ser qualquer uma, mas isso soou muito como algo grande.

— No resto do tempo, ele era o pior pesadelo. Tenho medo de ter me tornado ele cada vez que tenho um ataque. Ele é o tipo de pessoa cujo você teme olhar nos olhos errado. As pessoas me olham assim depois de um ataque. Tentar controlar as explosões é impossível, e só queria que isso parasse antes que eu faça o que ele fez.

Não sei o que ele fez, mas o terror no olhar dela me dá algumas pistas.

— O buraco que sinto dentro de mim desde que fui entregue à minha mãe me dá uma certa segurança, sabe? Se não cabe nada no espaço dele, não preciso me preocupar se será preenchido pela fúria que o move no resto do tempo. — continua.

Isso me deixa muito triste, por ela acreditar que isso é normal. Que se sentir vazia é normal e melhor que tentar se preencher com algo bom.

— Gata, não diga isso. Você nunca fez algo tão ruim. Não precisa aceitar conviver com a culpa de algo que não é seu. O que ele fez foi ele quem fez, não você. O ato de outra pessoa, mesmo que tão próxima, não te define. Se ele lidava com a vida na base da fúria, você lida com perseverança e um desejo de melhorar sempre. Só isso mostra que você é boa, porque você quer ser assim.

Ela coça os olhos, afastando lágrimas que partem meu coração.

— Ei, preciso ir buscar a Amigão agora, você vai ficar bem?

A expressão dela afunda o que restou do meu coração muito forte. Quase chorando junto com ela, beijo a boca e me afasto.

— Te fiz chorar, sou uma pessoa horrível. — ela ri, limpando minhas lágrimas.

— Você me fez chorar por ser uma pessoa incrível, e isso me faz odiar ver você sofrer.

Ela inclina e me dá outro beijo.

— Vá buscar seu cachorro. Prometo que vou ficar bem e não vou estudar mais hoje.

— Noelle, você pode estudar, desde que não se mate por isso. Não espere por mim para ler sobre coisas que você quer ler. Volto mais tarde, com a Gwen provavelmente, para ver como você está. Seus pais estão bem com mais uma visita?

O balanço de cabeça dela é convicto.

— Com certeza. Eles adoram crianças, só cuidado para a minha mãe não entupi-la de doces. Já acha a Gwen fofa do restaurante, quando lembrar que é sua filha vai querer fazê-la sorrir toda hora, e açúcar é eficaz nisso.

— Instruir a Gwen a não comer nada açucarado aqui, entendido. — brinco e abro a porta.

— Peter. — chama de volta. — Você é o melhor.

Sem saber como responder a isso, balanço a cabeça e saio, olhando para o céu.

Eu sou o melhor para ela, mama. Espero que você esteja tão feliz que dance por onde quer que esteja aí em cima.

Adoro esse amor do Peter com a mama dele <3 Esse capítulo serve, em parte, de exemplo para todo mundo que vai fazer vestibular. Não adianta estudar até perder a sanidade, se você precisa da sanidade.

E gente, hoje faz um ano que Chester Bennington morreu. Uma das razões da história da Noelle ser contada é o que aconteceu com o Chester, que sofria de depressão e não suportou mais. Se você sofre de sintomas da depressão, por favor, procure um psicólogo. Por favor, não sofra calado. Quando a gente tá no escuro, a tendência é achar que a luz apagou para sempre, mas há muito da vida que a escuridão esconde, e ter ajuda é ter uma lanterna que vai te fazer achar o interruptor.

O CVV também pode te ajudar, é só ligar 188. É de graça, é anônimo.

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