Lua Imortal - Sangue de Prata...

Od BlueMelione

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♚♚♚♚♚♚♠♚♚♚♚♚♚ 2° Livro - Trilogia Lua Imortal Fadada ao Alfa ♚♚♚ O que faria se descobrisse que amas um lob... Více

♚♔ Anteriormente ♔♚
Capítulo 01 - E se...
Capítulo 02 - Vasculha?!
Capítulo 03 - Palavras...
Capítulo 04 - Campiny
Capítulo 05 - Ciúmes!
Capítulo 06 - Custar!
Capítulo 07 - Escurecesse
Capítulo 08 - Sei lá!
Capítulo 09 - Tentar!
Capítulo 10 - Oceanos
Capítulo 11 - Profundo
Capítulo 12 - Falecer
Capítulo 13 - Pedra
Capítulo 14 - Separados
Capitulo 15 - Indecifrável
Capítulo 16 - Inevitável
Capítulo 17 - Pesadelo
Capítulo 18 - Imóvel
Capítulo 19 - E agora?!
Capítulo 20 - Brain
Capítulo 21 - Não me ama
Capítulo 22 - Felicidade
Capítulo 23 - Koválgmas
Capítulo 24 - Matem-o!
Capítulo 25 - Monstro
Capítulo 26 - Mais uma vez!
Capítulo 27 - Tempo
Capítulo 28 - Alcatéia
Capítulo 29 - Lobos do Norte
Capítulo 30 - Armadilha!
Capítulo 31 - Mãe?!
Capítulo 31 - Transformação!
Capítulo 32 - Parte 1
Capítulo 32 - Parte 2
Capítulo 32 - Parte 3
Capítulo 33 - Princesa!
Capítulo 34 - Espera!
Capítulo 35 - Datena!
Capítulo 36 - Lobinho!
Capítulo 37 - Asher Mikkelsen!
Capítulo 38 - Luna
Capítulo 39 - Herói!
Capítulo 40 - Asher?!
Capítulo 41 - Feliz Aniversário
Capítulo 42 - Ele estava ali...
Capítulo 43 - Pai?!
Capítulo 44 - Alcatéia
Capítulo 45 - Passado
Capítulo 47 - Luto
Capítulo 48 - Retorno
Capítulo 49 - Prata
Capítulo 50
Capítulo Final
Carta
Agradecimentos
Publiqueiiiiiiiii

Capítulo 46 - Guerra

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Od BlueMelione


♚♚♚♚♚♠♚♚♚♚♚♚

♚ Pov Asher

Minhas palavras soaram desacreditadas.

- Sim, você ainda a ama. - Loriana sorriu de lado.

- Ardena será apenas o meu passado. - disse olhando-a nos olhos.

- Ma ainda não é Asher. Não conte vitória antes do tempo.

Estávamos sentados na grama do jardim encarando a floresta.

- Tenho uma reunião daqui sete minutos. - comentei impaciente.

- Meu noivo é tão ocupado. - brincou.

- Se você pudesse ser algo além de rainha, o que seria?

- Eu seria estilista. - ela tinha uma brilho nos olhos. - E você? Sei não gostaria de ser rei.

- Eu seria domador de cavalos.

- Não sabia que amava tanto cavalos. - comentou enquanto deitava minha cabeça em seu colo.

- Lembra do Hayke?

- Claro. Aquele maldito cavalo nunca me deixou montá-lo.

Me lembrei de Ardena.

- Ele permitiu que ela o montasse. - comentei.

Loriana olhou para longe, buscando respostas para as perguntas que fazia para si mesma.

- Você reparou que todos os caminhos levam até ela? - seus olhos negros encaram-me.

- É, eu reparei. Sinto muito.

- Eu sei que ela está voltando. O que fará?

- Eu a darei o que sempre desejou, algo que tirei dela.

- E o que seria?

- A liberdade. A deixarei livre de mim.

- O que quer dizer?

- Assim como Dakota, eu a farei esquecer. Devolverei pelo menos uma parte do que roubei.

- Asher... Se fizer isso...

- É preciso ser feito. É mais do que justo.

Eu estava decidido. Ela tinha o direito de viver uma vida longe de mim. E se ela deixar de me amar, não sofrerá quando eu partir.

Eu não contei a Loriana, a pouparia da dor.

- Você sabe o que faz.

- Obrigado por estar aqui.

Ela me fazia bem nos poucos segundos que estava comigo.

- Eu sempre estarei. - ela mexia nos meus cabelos fazendo meus olhos se fecharem.

- Asher? - sua fina voz soou pelo jardim.

Pensei estar tendo um sonho, mas quando abri meus olhos, ele estava ali.

Me levantei surpreso.

- Nann?

Ele caminhou até mim com um olhar distante. Eu corri até ele e o levantei.

- Ei, meu campeão - peguei em sua cintura e joguei pelo meu ombro como um saco de batata.

- Asher? - chamou.

Eu o levei até Loriana que ria.

- Asher me põe no chão. - sua voz saiu séria.

O fiz estranhando seu comportamento. Nann estava estranho.

- O que foi?

O brilho que sempre encontrava em seus olhos não estava mais lá.

- Precisamos conversar.

- Eu tenho que ir, vou olhar alguns vestidos na Internet. - Loriana disse. - Foi um prazer vê-lo, Nann.

- O prazer foi todo meu. - disse educadamente.

Ele esperou que ela saísse e encarou-me seriamente.

- Quem te trouxe?

- Vincenzo! Viemos para a reunião. - respondeu seco. - Por que não me contou?

- O quê?

Meu coração pulou algumas batidas fazendo meu corpo se tensionar.

- Ardena está viva. Como nas minhas visões.

Nann parecia estar mais crescido. Sua voz estava mais grossa, e ele parecia mais forte.

- Sim. Eu iria contar, mas esperaria a hora certa. - confessei.

- E quando seria? Quando Ardena batesse na minha porta?! - eu nunca havia o visto daquela forma.

Nann estava irritado, magoado e frio. Parecia a mim. E isso me incomodava, ser como eu não era uma boa opção.

- O que aconteceu com você? Está diferente.

- Saberia se não tivesse me largado! - sua resposta me cortou como uma faca.

A culpa me consumiu por completo. Eu sabia exatamente o que ele sentia, pois, meu pai também havia me abandonado.

- Sinto muito. - ele desviou o olhar para a floresta pensativo.

- Asher, eu continuo tendo visões.

- Visões? Sobre o quê?

- Sobre a nossa família. Tanto no passado quanto no futuro. - havia incertezas em seu olhar.

Eu não sabia qual dos momentos era pior. O passado ou o futuro.

- Como o quê?

- Alteza? - um guarda se aproximou fazendo reverência.

- Diga.

- Eles te aguardam para a reunião.

Nann bufou e encarou a floresta.

- É importante Nann. Me espere aqui.

- Sempre em segundo plano! - ele cruzou os braços e se sentou na grama.

- Por favor não vá embora. - pedi.

- Não irei!

...

- Ah, Alteza? O Almirante John Block chegou e está na sala de reuniões com as demais Cortes.

Entrei na sala sem a farda e fui para o meu lugar.

- Asher cadê sua roupa? - Allan perguntou me seguindo.

Meu pai desaprovou meu comportamento apenas com o olhar.

Olhei para a janela e vi John de braços cruzados sorrindo para mim. O cumprimentei com um aceno de cabeça no qual fui retribuído.

John era uma das únicas partes boas da minha infância. Talvez a única.

Era bom tê-lo ali.

A reunião se deu aos novos projetos e acordos. Todos queriam negociar de alguma forma conosco.

Eu me orgulhava do país que tínhamos. Éramos unidos e fortes.

Meu pai falou na maior parte do tempo, mas minha cabeça estava longe dali.

Nann continuava a ter visões e isso não era bom. Mas de certa forma nos dava uma grande vantagem. Eu gostaria de saber quando iria partir.

- Quanto a expansão territorial? - o rei de Campiny perguntou. - Seria vantajoso.

- O quê? - perguntei voltando ao foco.

- Sim. Estamos pensando sobre isso. O alvo é a Escócia e futuramente a Irlanda. - meu pai disse sonhador.

- Não haverá expansão! - afirmei sob os murmúrios insatisfeitos e assustados dos demais.

- Como é? - meu pai questinou com os olhos raivosos.

- A Escócia não nos dará seu país de mão beijada. Não irei começar uma guerra.

- Qual o problema com a guerra? - perguntou um dos reis.

- Ela mata pessoas inocentes! - respondeu John óbvio.

- Sim. Não precisamos de mais uma expansão territorial. As terras do País de Gales já foram suficientes para crescermos. - acrescentei.

- Devemos tomar toda a ilha da Grã-Bretanha. - um deles falou.

- Não iremos fazer isso. Não será fácil uma unificação cultural, eles tem costumes bem distintos. Não será como o País de Gales.

- Essa decisão ainda não foi tomada. - me levantei com sua audácia.

- Eu sou o Imperador e você o Rei de um dos meus reinos. Então faça juízo ao seu lugar! - bati as mãos na mesa chamando sua atenção. - Essa reunião está encerrada!

- Asher, ainda temos muitos pontos a resolver. - comentou Allan.

- John me substitui. Tenho um assunto importante para resolver. Aproveitem a festa.

- É assim que quer me mostrar que se tornou um homem? - meu pai disse quando chegava a porta.

- Pai, eu sou homem desde dia que aceitei fazer parte desse mundo. Eu não tenho que te mostrar nada. Pelo contrário, é você que tem que provar que é digno da minha confiança. Eu sou o líder quet não você queira ou não!

Esse era o certo a se fazer. Eu aprendi algo naquele dia, família sempre em primeiro lugar.

E não importava mais, meu pai não iria mudar e eu não voltaria a ser o monstro que era.

Nann ainda estava sentado lá. O céu estava mais escuro dando sinal de que a tarde se aproximava.

O palácio estava cada vez mais agitado para a festa que iria se seguir. Os empregados passavam de um lado para o outro carregando coisas.

- Nann? - o chamei fazendo-o levantar.

- Asher.

- Podemos conversar agora. - disse me aproximando.

- O que eu tenho para te dizer será breve. - seus olhos continham um brilho triste.

Eu estava com medo.

- O que é?

- Durante o período que estive com Vincenzo, eu aprendi a me controlar, e pedi a ele que me ensinasse a esconder esse lado dentro de mim.

- O que você está falando? - perguntei confuso.

- Eu pesquisei sobre a minha família e descobri algumas coisas.

- Que coisas Nann? - estava claro que muito tuim vinha a seguir.

- Eu sou o fruto de um estupro. E pelo que li eu sei exatamente quem foi.

- Meu Deus. Não se preocupe eu resolvo! - afirmei a ele. Eu faria o que fosse para ajudá-lo.

Nann parecia não se abater com aqurla informação, algo me dizia que ele sabia disso a muito tempo.

Eu vou matar esse cara!

- Não! Essa luta não é sua Asher. É minha. Mas não foi só isso que eu encontrei.

- O que mais? - era nítido o medo em minha voz vacilante.

- Uma tia. Irmã da minha mãe.

Meu coração se acelerou.

- Uma tia?

- É. Em Dundeya. Ela é professora.

- E... - eu realmente queria que um raio caísse sobre minha cabeça para não ouví-lo.

- E você sempre exigiu de mim a sinceridade. E agora está na hora de ser sincero. Eu não quero essa vida. Eu perdi a minha mãe, e você me adotou. Me acolheu como um filho. Mas você é Asher Mikkelsen e não pode ter filhos. Tudo o que você pode ter é herdeiros. E eu não sirvo para seguir essas regras. Viver nesse mundo. Porque descobrindo como é ser uma aberração, você percebe que ser normal é o melhor que se pode ser. Eu quero ir a escola, frequentar a lanchonete com os meus amigos, jogar futebol aos sábados. Coisas que você não pode me dar. Eu quero uma vida longe desse mundo ruim. E a minha mãe não me criou para ser assim. - ele disse firmemente.

Eu não conseguia respirar. Meu coração parou.

Eu estava perdendo mais alguém. Talvez o alguém mais importante. Eu não estava pronto para perder o meu filho.

- Nann, por favor. Não me abandona. - eu limpei os meus olhos um pouco atordoado.

- Me deixe ir, pai? - cerrei os meus dentes olhando para o céu.

- Não me peça isso.

- Então me dê um tempo. Me deixe ser feliz por alguns meses? - havia confusão, medo e tristeza em seus olhos. - Eu quero ter a chance de ter uma vida normal como antes.

- Não.

- Asher? Você quer a verdade? Eu vi o seu passado. Eu vi tudo o que você fez, as pessoas que matou, os motivos pelos quais te levou a cometer aquelas atrocidades. Mas Asher, você tinha razão. Eu não posso conviver com isso. Por longas noites eu pensei ter pesadelos, mas era o seu passado. Era você o monstro dos meus sonhos. Você Asher, destruiu a imagem que eu tinha do meu herói. Tem tanto sangue nas suas mãos que eu me pergunto se um dia não terá o meu.

Toda a minha esperança se esvaiu com um piscar de olhos. Todo o resquício de felicidade e fé que tinham mim morreram.

- Me perdoa por tudo. Eu sei o que dizer. - confessei.

Eu não sabia o que dizer...

- Você teve os seus motivos, mas isso não apaga o que fez. A verdade Asher é essa, por mais dura que seja. Eu não quero viver aqui e correr o risco de ser como você. Eu me lembro do que me disse, me fez prometer que eu seria diferente, e essa a única forma de não chegar a ser a escuridão que você se tornou. Me deixe ser feliz por alguns meses, é tudo que te peço.

Essa foi uma das coisas mais difíceis que eu tive que fazer.

- Não Nann. Eu não vou te deixar ser feliz por alguns meses. Mas sim, por longos anos.

- O quê?

- Você está livre para viver um vida bem longe disso. Bem longe de todo o mal que eu me tornei. Eu nunca devia ter entrado na sua vida. Não podemos mudar o passado, mas o futuro sim.

- Vai me deixar ir?

- Sim. Se quiser voltar eu sempre estarei de braços abertos para te receber. Mas quer um conselho, não volte, eu nunca poderei lhe proporcionar a felicidade que você merece. - confessei me ajoelhando a sua frente.

- Obrigado por tudo Asher. Eu sinto muito não poder ficar. - aquilo também era doloroso para ele.

- Eu entendo.

Eu havia abdicado da única parte de mim que ainda era bom. E eu sabia que se continuasse comigo, essa luz se apagaria.

- Você vai ficar bem.

- Sim, eu vou. - garanti.

Um alívio tomou-me. Ele não me veria morrer, talvez a distância o ajudasse a superar mais rápido.

- Vamos?

- Para onde? - perguntei atordoado.

- Trocar de roupa. Temos uma festa.

- Ah... Você vai ficar?

- Amanhã Vincenzo vai me levar para minha tia.

- Eu ainda tenho mais uma reunião. Desta vez com a alcatéia.

- Ah... Posso participar?

- Melhor não.

Eu queria ter o segurado e dito que não o deixaria ir. Mas quando se ama realmente, se quer o melhor para ela, mesmo que seja a distância.

...

Tudo que eu ganhei naquela noite foi mais dor. Eu perdi o meu lar, assim como o meu chão.

Todo o meu alicerce foi destruído. E eu estava sozinho outra vez.

- Eu sou um traidor. - disse erguendo a mão direita.

Aquilo não passava por mero teatro, todos sabiam o que eu havia feito. Mas era um ritual, criado por mim.

- O que fizeste? - perguntou o juiz.

- Eu soltei aos ventos nossos segredos.

- Eu lhe condeno a morte de raça.

Chamávamos Morte de Raça quando éramos banidos de nosso povo.

- Você será rebaixo ao último grau de nossa espécie e abdicará de quaisquer direitos sobre essa alcatéia.

- Sim, eu aceito.

Aquelas palavras soaram em meio ao caos. Alguns lobos uivaram decepcionados para lua. Mas o pior foi vê-los dando um passo para trás.

Estavam desistindo de mim.

Chad, Dakota, Richard, William, nosso pai, Vincenzo. Todos que eu considerava família deram um passo para trás.

E eu quis que alguém, apenas um, desse um passo para frente, mas ninguém o fez.

Eu era um traídor. E recebi minha marca. Um corte no olho. Ferida essa que ficaria para sempre em meu aldo lupino. Era um lembrete para mim e para todos de que eu havia traído o meu povo, a minha raça.

O lugar de Alfa foi devolvido ao antigo líder, meu pai. Que não só estava feliz como carregava também o desgosto para comigo.

Em toda a minha vida eu nunca imaginei perderia tudo o que perdi. Realmente o mundo dá voltas.

Eu estava no topo, e agora no fim de um poço escuro e imundo.

O vazio que havia em mim se expandiu. Meu coração se congelou. E toda a fé se esvaiu como em passo de mágica.

Eu estava destruído.

Eles fizeram o ritual de banimento, enquanto a minha marca Vinaruins queimava como fogo. E ela desapareceu.

Parte de mim deixou de existir ali.

Nos rostos de muitos havia raiva, desprezo. E em outros alívio e vingança comprida.

Deixei a floresta e fui para o meu quarto.

Não estava afim de encarar o meu pai agora.

Tomei um banho e vesti minha farda branca, que também estava larga como a grande parte de minhas roupas.

Eu me toquei de algo. Todas às vezes que eu me olhava no espelho a repulsa pela imagem aumentava.

- Asher Van Der Ville Datena Mikkelsen, futuro Imperador da Inglaterra.

Mas no fundo, eu ainda tinha a minha família, pelo menos parte dela.

Esperei em meu quarto e desci quando os carros começaram a chegar.

O salão principal já estava lotado. Haviam pessoas elegantes e risonhas por todos os lados. Fazia tempo que não participava de uma dessas festas.

Minha mãe entrou no salão ao lado da pequena atriz que representava Dakota.

Ela era a filha de uma das empregadas. Sempre que tínhamos uma apresentação em público ela estava conosco.

E Dakota, fingia ser filha de um Banqueiro muito rico.

Ela tinha que parecer ter dez anos.

Minha família estava espalhada conversando com os convidados.

Dakota e Dhyego riam de algo perto da mesa de comida.

Ela notou meu olhar sobre si e encarou-me assustada.

Dakota tinha medo de mim. Eu provavelmente também era o monstro de seus sonhos.

Chad dançava com Jane alegremente.

Nann rodava pelo salão junto a Vincenzo. Ele vestia um terno azul marinho. Me perguntava onde havia conseguido aquela roupa.

A imagem de Nann sorrindo ficaria sempre na minha cabeça. Assim como suas verdadeiras palavras.

Aquela festa não passava de um silêncio na minha cabeça.

Eu não estava ali, apenas o meu corpo.

- Como estou? - Loriana apareceu em minha frente balançando o vestido lilás.

- Está linda como sempre. - afirmei sorrindo.

- Obrigada. - ela sorriu e encarou a multidão. - Como foi lá?

- Eu sou um Zeta agora. - sorri de lado.

- Eu sinto muito. Vou pegar outra bebida para você. - virei a taça de champanhe na boca.

- O que você fez com o Asher? - John perguntou ao meu lado.

Permaneci com as mãos no bolso.

- Ele mudou.

- O que está havendo Asher? Olha para o seu estado? Está magro, fraco e parece não raciocinar direto.

- É. Isso que dá quando alfas se apaixonam. Não sabemos controlar nossos sentimentos. - comentei encarando o nada.

- Por que me chamou aqui Asher?

- Para me pagar a luta que me deve.

- Vou detonar você. - vi pelo canto dos olhos que sorria.

- Vai nessa.

A festa continuou no mesmo. Tivemos algumas apresentações musicais da banda, mas nada que realmente me interessava.

...

- Sala de jantar. - meu pai disse passando por mim.

Fui ao escritório antes de encontrá-lo.

A minha família estava toda ali, inclusive Dyhego.

Joguei as pastas sobre a mesa e voltei com minhas ao bolso.

- Aí está o que me pediu. O projeto de desenvolvimento de Dundeya eu também fiz questão de fazer.

- Imaginei que não conseguiria em quatro dias. - comentou se levantando.

Todos permaneceram sentados com os olhares sobre mim.

- Você fez algo imprudente hoje. - comentou William.

- Fiz? - ergui as sobrancelhas para ele.

- Fez! E se o título não fosse para mim? Imagina o que aconteceria se eles estivessem se oposto?! - meu pai acrescentou raivoso.

- Eu tinha tudo sobre controle.

- Tinha é? Você é um moleque que age como se soubesse de algo. Você colocou toda a nossa família em risco! Há um motivo para você estar onde está! Temos muitos inimigos, e se eles sequer sonharem que estamos indefesos eles virão se vingar.

- Eu sempre protegerei a minha família! - afirmei.

Ele soltou uma risada debochada.

- Esse é o seu dever! - rebateu autoritário.

- Meu dever?

- É! Porque você acha que chegou ao topo? Pelo seu belo par de olhos verdes?

O encarei com confuso.

- Do que está falando?

- Jeffrey, não! - pediu minha mãe.

Mas ele a ignorou.

- No fundo você sabe que eu o coloquei aí. Fiz um acordo a anos atrás para que o meu herdeiro fosse Rei.

- Isso tudo é era um plano? - perguntei me sentindo uma peça de xadrez, mas nele eu não era o rei, mas sim o peão.

- Claro que é!

- Fez isso com o seu filho? - eu queria entendê-lo.

- Você não é o meu filho! - suas palavras me atingiram como anos atrás. - Você, Asher, é o muro que eu construí para proteger os meus filhos, e a minha família como um todo. Eu sempre soube que o primeiro homem seria o meu herdeiro, e os seguintes, esses sim seriam os meus filhos.

- Chega pai. - pedi me recusando a ouvir tudo aquilo.

- Por que? Quer que eu pare? Seu pobre coração não aguenta a verdade?

- Eu...

- Eu te criei para ser o mais forte, mas acabou sendo o mais fraco. Você é uma vergonha para a sua família. Asher, você sempre foi um menininha frágil e conseguiu ser o maior erro da minha vida. - confessou com um ar superior que costumava carregar.

Eu gostaria de saber porque me importava com o que ele achava. Por que suas palavras ainda me marcavam.

Não importava mais. Essa era gota d'agua.

- Eu não tenho culpa se você não teve competência para ser um bom professor. Se eu sou um erro, foi você o criador.

- E eu me arrependo amargamente. Você devia ter morrido no lugar de Nerida! - ele cuspiu aquelas facas em mim.

- Eu tenho culpa se o seu pai não te amou!

Levei um soco no rosto me fazendo cambalear. Eu havia acertado no ponto certo.

- Asher?! - minha mãe me repreendeu se levantando.

Eu havia pensando que só por um segundo ela estivesse do meu lado, mas não estava.

- Você traiu o seu povo. E eu lhe bano dessa família! - aquilo me abriu um buraco ainda maior.

- Jeffrey?! - minha mãe levou as mãos a boca chocada.

- Alguma objeção? Mãe? - perguntei olhando em seus olhos azuis.

Havia um conflito ali. Mas ela não me escolheu dando um passo para trás.

Era o fim.

- Agora você carrega apenas o sobrenome da corte inglesa. Asher Mikkelsen você não é digo desta família. E é o meu dever nos proteger de todo mau. - meu pai disse seriamente.

Eu daria a minha vida para descobrir se ele sentia apenas um gota de culpa pelo que fazia.

- Eu sou o muro não é pai?! Então sou eu que protejo essa família! - afirmei ficando cara a cara.

- Não mais.

- Então saiam da minha casa. E não me procurem mais.

Sim, aquilo havia me custado a alma.

Minha irmã levou a mão ao peito como se soubesse a dor que sentia.

- Você merece morrer sozinho! - Dakora xingou se levantando.

- Eu fico feliz de saber que não sentirá culpa por me dizer isso. - confessei.

- Do que está falando?

- De nada! - meu pai respondeu apreensivo.

- Asher?

- Cala a boca Allan. E some da minha casa você também! Ou precisa de um convite financeiro para sair?! - olhei para ele severo.

- Cara, não faz isso.

- Esvaziem esse lugar. Eu quero todos fora desse palácio. Acabou a festa!

- Asher não podemos...

- Eu sou o Imperador! E eu dou as ordens por aqui. Quero essa droga vazia em dez minutos. - gritei dando as costas.

Olhei para eles encarando os seus olhares assustados.

- Eu daria a minha vida para não carregar esse maldito sangue venenoso em minhas veias. Se decepcionaram comigo? Fui eu me decepcionei com vocês. Eu acreditei que vocês valiam a pena, e acreditei que eu também valesse.

- Asher ainda não acabamos. Saíam todos. - meu pai disse.

Todos acataram seu pedido.

- O que mais quer conversar? - perguntei rude.

- Sobre a expansão.

- Nós já falamos sobre isso. E eu...

- Você vai morrer. Talvez hoje ou amanhã quem sabe. Mas e quanto ao seu filhinho bastardo? E o que você tinha na cabeça em trazer um mendigo para dentro de casa?

- Lava a boca pra falar dele! Ele não é um mendigo. Filho não tem nada a ver com sangue! - afirmei nervoso.

- Olha só, o gatinho vira leão para defender as crias. - zombou. - Mas me diz, e depois que ele partir?

- Onde quer chegar?

- Quem irá protegê-lo depois que você partir? Vincenzo? Você não tem vergonha na cara mesmo não. Seu avô deixou bem claro que não queria nenhum envolvimento com essa família!

- Está me ameaçando?

- Não. Estou te alertando. E você sabe que é verdade.

- Quer trocar a expansão em troca da proteção de Nann?!

- Exatamente.

...

Eu vi Nann partir. Eu vi a minha família partir. Eles levaram junto toda a minha esperança.

Eu estava sozinho no meio de toda a minha bagunça.

O silêncio era o único presente, o palácio estava vazio.

Não se ouviu um ruído além do vento.

Estava tudo uma imensidão de nada.

Meu ser foi consumido do por raiva, ódio e uma fúria incontrolável.

Eu destruí tudo que estava a minha frente. Todo um andar despedaçado.

Arremessei cadeiras, mesas para fora das janelas que se espatifaram em mil cacos.

Eu estava cego.

Rasguei os sofás com minhas garras e destruí tudo até sobrar mais nada.

A adega foi a única intacta. Peguei um garrafa de Everclear e segui em meio aquela destruição.

- O que faz aqui? - perguntei encarando o jardim de meu escritório por onde antes havia uma janela.

- Se sente melhor em bancar o demolidor? - ele perguntou ainda a porta com as mãos ao bolso.

- Vai embora John. Preciso de um tempo! - afirmei bebendo mais um gole.

- Para que me chamou? - o encarei sério.

- Tudo bem, se quer assim. - me virei em sua direção. - Eu quero ser como antes!

- Um monstro?

- Não! Eu!

- Sabe como foi tranformá-lo de volta Asher? Foram anos. E agora quer voltar a ser um sanguinário.

- Eu quero ser como eu fui criado para ser.

- Não é tão simples. Você era ruim, pelas coisas ruins que passava. Por suas memórias marcadas.

- Então as reviva em mim. Me leve ao meu passado!

- Asher, se fizermos isso agora pode ser que você nunca mais volte a ser como é hoje.

- Já está tudo escuro aqui. Não há escuridão maior que possa me destruir.

- Não faça isso com você mesmo.

- Eu estou morto. Não tenho nada a perder.

- E Nann? Ardena? Sua família? Sua alcatéia?

- Eles me abandonaram. Foram seguir suas vidas sem mim, na tentativa de serem felizes.

- Ah meu Deus. Você foi banido! - ele completou.

- Vai o não me fazer ser invencível outra vez?

- Será insuportável. Doloroso ao extremo. Irei cavar até o fundo e enterrar a sua alma.

- Não há mais alma. - confessei.

- Sempre há esperança.

John era um grande positivista. Mas eu já havia tomado a minha decisão.

- Eu vou voltar a ser aquilo que as pessoas temem. - meus olhos clamavam ódio.

- Você vai conhecer o seu lado negro que ninguém nunca conheceu.

- Estou preparado para ser...

- Ser...?

- Escuro!

- E o que pensa em fazer? - havia medo, incertezas e receio em seus olhos negros.

- Vou começar uma... Guerra.

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