O Assistente (Romance Gay)

Door FabianoNCardoso

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O sucesso de alguém começa com as pessoas que estão nos bastidores. Conheça a história de Gabriel e se surpre... Meer

Secretariado Executivo Trilíngue
Nota do Autor
Do Céu ao Inferno
Ethan
O Advogado
Jason
Metropolitan Hospital Center
Dois
Amor
Os Agentes
A Patente
Recursos
Virada
Chantagem
O Acordo
Recomeços
Coleman & Moura

Decisões

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Door FabianoNCardoso

Ethan só parou de chorar porque apagou de novo. Aproveitei para voltar para casa, tomar um banho, organizar minha vida e voltar para o hospital. Cheguei na hora em que uma enfermeira insistia para que Ethan comesse.


– Pode deixar comigo, esse aí não vai fazer graça com a minha cara – Disse e a enfermeira saiu.

– Não estou com fome Gabriel – Disse Ethan.

– Não perguntei se tem fome, eu disse que você VAI comer e pronto. Se não melhorar logo, vai perder todo o trabalho que fez até agora – Toquei na ferida certa.

– Não gosto de vagem – Disse olhando para o prato e abrindo a boca.

– Fresco – Rebati e juntei uma colherada de comida e pus em sua boca.


Depois de comer a bandeja toda, exceto a vagem, o sono mais uma vez dominou Ethan e ele dormiu por algumas horas. Um médico veio avalia-lo e Ethan acordou durante o exame, mas ficou em silêncio.

Assim que o médico terminou de anotar alguma coisa no prontuário de Ethan, me levantei e saí. Quando o médico saiu eu o abordei.


– E então doutor, como ele está? – Perguntei ansioso.

– O quadro dele ainda é bem ruim. Ele está abaixo do peso, os resultados dos exames de sangue deram muitas alterações e ele ainda está melhorando da desidratação.

– O outro médico disse que ele deve ficar aqui por pelo menos uma semana.

– Concordo com essa avaliação. Antes de sábado ou domingo que vem o sr. Coleman não sai desse hospital.

– Obrigado doutor – Voltei para o quarto e Ethan me encarou.

– O que são todas essas coisas? – Disse apontando com a cabeça para umas bolsas.

– Você não achou que iria ficar sozinho aqui. Achou?

– Você trabalha Gabriel.

– Fui seu assistente pessoal por 2 anos, eu dou conta de ficar uns dias como seu acompanhante no hospital.

– Mas...

– Sem essa de "mas", eu saio para trabalhar normalmente e volto quando o expediente acabar. Você dá conta de ficar sozinho durante o dia.


Passamos o domingo praticamente todo em silêncio. Não que eu achasse que seria de outra maneira, mas sei lá. Segunda-feira eu acordei as 5 da manhã e fui para casa, tomei um longo banho e me arrumei para ir trabalhar.

Foi difícil encarar o trabalho sem ficar com uma pontinha de ressentimento do que tinha acontecido com Ethan. E aquela situação iria ser resolvida, eu nunca duvidei disso.

Sai do trabalho e fui direto para o hospital. Concluí que era mais fácil ir para casa e depois para o trabalho do que para casa e depois para o hospital.

A semana foi longa e silenciosa, mas a recuperação de Ethan estava se mostrando muito boa. Já era visível o ganho de peso, a desidratação severa já estava tratada e agora era melhorar algumas alterações eu seu exame de sangue.

No sábado Ethan recebeu alta e sob protestos eu o enfiei num táxi até minha casa. Ele parecia uma criança de cara amarrada quando chegamos.


– Desfaz essa cara feia que não vai adiantar – Disse assim que fechei a porta.

– Não tem necessidade de me trazer para cá, eu posso muito bem voltar para meu apartamento.

– Sem chances, não vai ficar sozinho naquele apartamento. Dá próxima vez pode não ter tanta sorte e só ser encontrado morto.

– Gabriel, eu não tenho mais nada. Não vou ficar aqui te dando despesas e trabalho. Você não é mais meu assistente... – Disse desabando no sofá.

– Ethan, eu passei dois anos do seu lado, eu acredito de verdade que você é inocente das acusações. Está decidido, vai ficar aqui em casa.

– Todos os meus bens foram congelados ou bloqueados, eu não tenho um único centavo e nem de onde tirar qualquer dólar que seja.

– Eu já pensei nisso.

– Não vou ser uma despesa para você – Retrucou.

– E não vai. Vamos dar um jeito naquele apartamento e fazer um contrato de sublocação.

– É proibido.

– Não exatamente, eles não têm valor legal caso você queira processar o locatário por falta de pagamento do aluguel ou coisa do tipo.

– Ainda não entendi onde quer chegar.

– Faremos um contrato curto e barato. A pessoa que alugar vai pagar o condomínio, as contas da casa e um aluguel "simbólico".

– O que quer dizer com simbólico?

– Um apartamento como o seu vale algo em torno de 2500 dólares por mês só de aluguel. Vamos alugar por 1000. É mais do que suficiente para você passar o mês.

– Continue.

– Você fica no quarto de hóspedes e pode se dedicar a provar a sua inocência.

– Parece um bom plano – Concluiu.

– É um bom plano, fui eu quem bolou – Me gabei.

– Mas você vai me deixar ajudar com as despesas da casa.

– Se insiste tanto – Eu não ia discutir.

– Seu quarto de hóspedes não estava vazio?

– Contratei uma designer para fazer um projeto e ele ficou pronto tem pouco tempo – Disse orgulhoso.

– Podemos ir até meu apartamento amanhã? Tenho que pegar minhas coisas.

– Faz uma lista do que você quer que eu busco. Não está em condições de sair daqui tão cedo.


Ethan nem protestou, pediu papel e caneta e fez uma lista de coisas que queria eu trouxesse. O acomodei no quarto e hóspedes e acredite, esse foi nosso maior diálogo durante muitos dias.

Organizei a minha agenda pessoal para que naquela semana eu pudesse resolver as coisas para Ethan. Por ter compromissos fora do escritório, eu tinha a desculpa perfeita passa prolongar meus tempos de "trabalho de campo".

Primeiro eu contratei uma empresa de limpeza para dar um jeito naquele lugar que estava uma perdição. Levou dois dias inteiros de trabalho para que o lugar ficasse limpo e apresentável. Enquanto elas limpavam no primeiro dia eu empacotei todas as roupas e itens pessoais de Ethan e separei as coisas de sua lista.

Contratei um serviço de depósito bem maneiro. As coisas de Ethan estavam em 3 caixas grandes e ele pagaria 30 dólares por mês para que suas caixas ficassem guardadas. Achei barato, vantajoso e mandei ver.

Alugar o apartamento foi mais fácil do que eu imaginei. Anunciei em alguns lugares e recebi muitas respostas de interessados. Uma moça em particular me chamou atenção.

Conversei com ela e expliquei que o dono do apartamento ficaria fora por pelo menos 6 meses e que ele queria alugar só mesmo para cobrir as despesas da casa e o condomínio, e o aluguel era algo simbólico.

Ela estava vindo para a Big Apple para trabalhar na montagem e organização da filial da empresa que ela é sócia. Conferi todas as referências dela e fechamos um contrato de gaveta.

Desde que Ethan foi lá para casa, minha rotina doméstica estava diferente. Ele passava quase o dia todo no quarto, trabalhando no computador. Eu me sentia tão sozinho quanto antes.

Eu adoro cozinhar e então fazia sempre uma refeição bem legal para o jantar e que fosse suficiente para que Ethan almoçasse no dia seguinte. No primeiro dia ele não comeu e eu ameacei mandar desligar a internet.

Tomávamos café da manhã e jantávamos juntos. Ethan depois de comer lavava a louça e voltava para o quarto. Umas duas vezes eu cheguei do trabalho e seu prato do almoço estava vazio ao lado do laptop.

Depois de quase 10 dias nesse esquema eu tive uma surpresa. Chegando próximo da porta de casa eu senti um cheiro muito bom e ao entrar Ethan estava cozinhando.


– Você cozinha? – Perguntei entrando assustado.

– Oi Gabriel! Como foi o seu dia? – Respondeu Ethan animado.

– Aconteceu alguma coisa? – Eu me sentei num banquinho e me debrucei para ver o que preparava.

– Eu finalmente terminei o programa que estava desenvolvendo.

– Programa?

– Eu sei que os dados que a auditoria achou foram adulterados, eu não sei como, mas acho que posso ter descoberto por quem.

– Sério!?

– Eu sempre tive cópias dos meus HDs em servidores pelo mundo. Analisando esses dados eu consegui identificar uma assinatura digital.

– Eu vou fingir que estou entendendo e você continua.

– Todo hacker tem uma assinatura digital. É uma forma de identificar que o trabalho é seu. Eu não sei quem é a pessoa, mas vou descobrir mais cedo ou mais tarde.

– E todo o trabalho no computador era pra achar essa assinatura?

– Não, eu desenvolvi um software que analisa o tráfego de dados em alguns nós na rede e se por um acaso esse hacker passar por eles, eu devo ser capaz de rastreá-lo.

– Parece coisa de cinema.

– Meu forte nunca foi programação desse tipo, mas eu prestei bem atenção nas aulas. O meu maior problema foi me adaptar a uma nova linguagem de programação já que a que eu aprendi está bem ultrapassada.

– Agora é só esperar?

– Sim e enquanto eu não acho o desgraçado eu resolvi fazer o jantar.

– Vou perguntar de novo, desde quando você cozinha?

– Eu passei 6 anos na faculdade até sair de lá com meu MBA. Eu tinha bolsa que cobria a mensalidade, mas precisei me virar para sobreviver.

– E era chef de cozinha? – Ele estava picando um talo de alho-poró como aqueles caras da TV.

– Não, mas trabalhei um tempo na cozinha do campus. Eu comia de graça e ainda ganhava um trocado. Completava a grana das despesas dando aulas particulares.

– Sempre imaginei que fosse rico – Disse na maior ingenuidade e Ethan deu uma gargalhada alta.

– Quem me dera. Meu pai faleceu cedo e minha mãe tinha 3 empregos para criar minha irmã e eu. Ela nos ensinou que a única forma de termos uma boa vida era estudando.

– Meus pais tem o mesmo pensamento.

– Eu e minha irmã sempre fomos os melhores alunos, as maiores notas, ajudávamos em casa e praticamente criamos um ao outro. Ela é um ano mais velha que eu só. Você tem irmãos Gabriel?

– Talvez.

– Como talvez?

– Minha mãe teve um problema de saúde que a impediu de ter filhos, eu fui adotado. Mas continua sua história, a minha eu conto depois.

– Minha irmã sempre foi muito boa com crianças e decidiu que o melhor para ela era educar as futuras gerações. Ela fez faculdade, tirou a licença para dar aulas, cursou pedagogia, fez mestrado e hoje em dia é diretora de uma escola.

– E você escolheu a engenharia – Deduzi.

– Eu sempre gostei de tecnologia e no começo da faculdade eu encontrei a carreira que seria ideal para mim. Eu fui estagiário na empresa e depois de me graduar engenheiro eu fiz o MBA para chegar onde eu estava.

– E sua mãe?

– Faleceu quando eu estava no primeiro ano da faculdade. Não temos nenhum contato com outros parentes e desde que me formei minha irmã e eu nos falamos muito pouco.

– E sua irmã?

– Como eu disse, ela hoje é diretora de uma escola, tem um filho de 7 anos chamado Brian. Eu todo mês faço, aliás, fazia uma contribuição para a sua poupança da faculdade.

– Eu acho engraçado que o ensino superior aqui seja pago. A universidade é pública, mas não é de graça. Não faz o menor sentido.

– É assim desde sempre e esse é um tema que muitos políticos abordam, mas no final continua tudo igual.

– No Brasil as universidades públicas são totalmente gratuitas. Existem as particulares e mesmo nelas, o governo concede bolsas de estudos.

– Nossos países deveriam fazer um intercâmbio de ideias.

– O cheiro disso está maravilhoso, o que é?

– Lá na cozinha do campus, nós aproveitávamos os alimentos não consumidos e inventávamos receitas. Um cara uma vez fez isso que eu estou fazendo.

– Que é?

– É uma espécie de salada refogada e macarrão.

– Falando assim não parece tão apetitoso mais.

– É como um yakisoba.

– Agora parece muito apetitoso.


Ethan terminou de preparar o tal prato e estava sensacional. Acho que posso dizer que aquele jantar foi um divisor de águas.

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