Ele se entreolharam e Azriel sacou a reveladora da verdade, ao mesmo tempo em que viam uma sombra gigantesca surgir em meio às trevas da floresta.
Era uma criatura gigantesca e sinistra, com a pele escamosa refletindo a luz do sol tímido que aparecia por entre as nuvens, chifres longos e com pontas afiadas e os olhos amarelos brilhavam com uma malignidade intensa. Brianna também sacou a espada que tinha pego no castelo, vendo as faíscas produzidas pelas garras afiadas nas patas da criatura conforme tocavam o chão.
Brianna e Azriel se moviam instintivamente, afastando-se da criatura, seus músculos tensos e prontos para a ação. O rugido da criatura reverberou novamente, enviando um arrepio pela espinha de ambos.
Separam-se quando a criatura se aproximou, indo cada um para um lado. Brianna saltou, conseguindo alcançar o flanco da criatura e golpeando seu pescoço com a espada. Azriel mirava na cabeça e no abdômen, lutando para escapar das garras afiadas e dos dentes que pingavam um líquido espesso e em um tom escuro de verde, que queimava o chão onde caia. Veneno.
Ele arregalou os olhos, vendo a criatura mexer a cabeça freneticamente, tentando se livrar dos golpes de Brianna.
-Brie! Veneno! - ele gritou, mas foi tarde demais. Uma das presas maiores fincou-se no braço de Brianna. Ela gritou também, sentindo seu braço queimando, e a criatura aproveitou essa distração, conseguindo tirá-la de suas costas.
Brianna caiu no chão, e antes que pudesse correr, foi atingida pelos chifres da criatura, e seu corpo foi arremessado pra longe, e ela não se moveu mais.
A criatura então, voltou sua atenção para Azriel, correndo na direção dele. Ele preparou-se para golpeá-lo, mas a criatura o atingiu com a cabeça e o levou até uma árvore, o deixando preso entre os chifres.
-Deixe eles! - Azriel viu uma criatura parada a alguns metros de distância, com uma feição determinada. Ela bateu suas asinhas rapidamente, e a terra começou a tremer.
A criatura rugiu, conseguindo se libertar da árvore, e se virou em direção a criatura. Azriel aproveitou a distração e enfiou a lâmina de sua espada em um dos olhos do monstro, que gritou, ao mesmo tempo em que começava a cair em uma cratera que havia surgido graças aos tremores produzidos pela criatura.
Ele, vendo a criatura ser engolida pela cratera, correu em direção a Brianna. Ela estava desacordada, com um corte profundo no braço, arranhões pelo corpo e um sangramento intenso na têmpora direita. Ele começou a monitorar cada respiração dela, e a floresta ao seu redor se silenciou, como se entendesse o que ele estava fazendo.
Ele abriu os lábios, querendo encontrar um lugar seguro para cuidar de Brianna. Seu coração batia forte em seu peito, e ele podia sentir o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Com cuidado e delicadeza, ele a pegou em seus braços, mantendo-a próxima ao peito. Sua respiração era irregular, misturando-se com os sons da natureza ao seu redor. Ele olhou para Brianna, seus olhos cor de aço cheios de preocupação.
-Você vai ficar bem, Brie- ele sussurrou, tentando convencer a si mesmo.
Azriel conseguiu sair da do local do ataque, e chegou a um lugar que parecia um refúgio. Era uma clareira, com vagalumes de todas as cores. O tempo estava firme e as estrelas brilhavam, e mesmo ainda estando em Hybern, e a sensação que tinha é que nenhum mal os alcançaria ali.
Ele a colocou no chão delicadamente, se ajoelhando ao lado dela, a analisando e tentando compreender a totalidade e a gravidade de seus ferimentos. A pele de seu braço começava a escurecer ao redor do corte, e ele levou as mãos à cabeça, começando a se desesperar ao pensar no veneno desconhecido.
-Mae, me ajude - ele orou a Mae, sabendo que tinha o mínimo conhecimento sobre medicina, e viu pela visão periférica a criatra pousar ao seu lado, trazendo algumas flores.
-Precisa dar isso a ela! - exclamou acelerada - Vai bloquear o veneno e purificar o sangue - explicou e ele assentiu. Ele pegou as flores, as transformando em uma pasta e misturando com a água, levando-a até os lábios de Brianna e a fazendo engolir. Depois, ele começou a trabalhar no corte, limpando e arriscando-se a dar pontos, sem se preocupar com a estética.
Depois, molhou o pano e o levou até a têmpora dela, tentando estancar o sangramento e ver a profundidade do ferimento. Não era profundo, mas mesmo assim, fez um curativo e suspirou, encarando o sangue em suas mãos. O sangue de Brianna.
-Acho que ela precisa se aquecer - a Criatura disse suavemente e Azriel sacudiu a cabeça, saindo de seus pensamentos.
-Tem razão - ele concordou e a encarou - O que você é? - perguntou, a analisando. Ela era semelhante a uma joaninha, mas em um tamanho maior e com um casco feito de pedra.
-Uma Pebble Sprites - a criatura disse orgulhosa, parecendo realmente feliz que alguém tenha se interessado em saber sobre a espécie dela - Parecemos pedras para nos camuflar nos ambientes, e temos asinhas translúcidas - se virou de costas, abrindo suas asas - Me chamo Geodita - se apresentou.
-Sou Azriel - ele respondeu - Pode ficar de olho nela enquanto eu acendo a fogueira? - Azriel pediu e Geodita assentiu. Ele respirou fundo, se levantando e começando a recolher galhos e gravetos para poder acender a fogueira.
Com a fogueira acessa, ele colocou Brianna mais próxima do calor e a cobriu com a manta que ela sempre usava junto ao saco de dormir. Sua pele ainda estava pálida e seus lábios levemente azulados, mas sua respiração estava mais ritmada e forte.
Os olhos de Azriel estavam fixos em Brianna, uma mão dela firmemente presa à dele. Geodita também estava aconchegada perto dela, os olhinhos presos em seu rosto, parecendo procurar algum mísero movimento.
Só que nada acontecia.
【...】
Brianna acordou lentamente, a dor percorrendo seu corpo como uma corrente elétrica. Seus olhos piscaram, e ela viu Azriel ao seu lado, dormindo sentado e segurando sua mão com firmeza.
-Az... - ela sussurrou, com a voz rouca, apertando a mão dele suavemente. Ele sacudiu a cabeça, despertando e a vendo acordada.
-Pela Mãe, Brianna - ele exclamou - Como se sente? - perguntou preocupado.
-Todo meu corpo dói - ela respondeu, levando a mão a cabeça e sentindo o curativo - O que aconteceu? - ela perguntou confusa.
-A criatura conseguiu te atingir com as presas, e depois te arremessou para longe - Azriel contou - Você foi envenenada, e Geodita encontrou algumas plantas que acabaram filtrando o veneno.
-Quem é Geodita? - ela perguntou confusa, e logo a Pabble Sprites apareceu em frente ao seu rosto.
-Eu! - ela exclamou e Brianna sorriu.
-Oi, Geodita - a saudou - Sou Brianna - se apresentou -Me ajuda a sentar? - ela pediu e ele se ajoelhou, a ancorando enquanto ela se sentava, sentindo todo seu corpo doer.
-Você está com febre - Azriel comentou preocupado, sentindo a temperatura da pele dela.
-Eu vou ficar bem - ela respondeu e olhou em volta - Onde estamos?
-Eu não tenho muita noção - Azriel respondeu - Eu só pensava em encontrar um lugar seguro onde pudesse cuidar de você - ele respondeu e Brianna apertou suavemente o braço dele que a segurava.
-Hoje é o dia de você salvar a minha vida - ele sorriu pra ela.
-Vou atrás de algumas frutas - ele comentou - Mas, qualquer coisa, grita - pediu e ela assentiu - Cuide dela, Geodita.
-Pode deixar - Geodita respondeu, se aconchegando no colo de Brianna, enquanto Azriel se afastava.
Azriel voltou com um punhado de frutas frescas, algumas das quais ele havia encontrado nas proximidades. Ele as colocou suavemente em uma folha grande que servia como uma espécie de prato improvisado, ao lado de onde Brianna estava deitada.
-Aqui estão as frutas que eu consegui encontrar - ele anunciou, e Brianna pegou uma maçã.
Personagem novo na área!
Não coloquei uma imagem de Geodita pois ela foi criada pelas vozes da minha cabeça, mas a descrição está totalmente fiel a como eu imagino ela: uma joaninha de pedra com asinhas translúcidas
Não se esqueça de deixar o seu feedback e a sua estrelinha *-*
Volto me breve!