Velas Negras • MonSam

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Após a morte de seu pai Edward Teach, um dos maiores e mais respeitados piratas da região do Caribe, Mon assu... Daha Fazla

Introdução
Personagens - Os Negros
Personagens - O Bordel
Personagens - Os Vermelhos
2. Decisão Tomada
3. O Acordo
4. Seguir curso!
5. Atitudes Inesperadas
6. O Resgate
7. A Garota da Família Rival
8. Defesa
9. Inconsequência
10. O Julgamento
11. Visitas Inesperadas
12. Vontade
13. Motivos
14. Lidando com os sentimentos?
15. Não é porque eu te odeio que eu não posso mais beijar sua boca
16. A Dançarina
17. Brincando com Fogo
18. Cartas na Mesa
19. Buscando Respostas
20. Traição...?
21. Decisões Difíceis
22. Aliança
23. Afogando-me
24. Fatos e Conexões
25. Você é Bem Vinda.
26. A Última Noite
27. Traidores
28. Guerra
29. O Que Te Feriu?

1. O Pior da Minha Vida

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Kornkamon Teach

A fumaça queimava minhas narinas enquanto eu empunhava minha espada e andava pelo navio inglês em chamas. Meu braço ardia de tanto que eu havia lutado contra os soldados ingleses e ainda assim mais e mais deles continuavam aparecendo.

Havíamos planejado aquele ataque de forma coordenada e eficiente, como sempre fazíamos, mas um segundo navio da guarda costeira inglesa conseguiu nos pegar de surpresa, duplicando o número de inimigos que teríamos que lutar: uma emboscada.

 
Era inviável, impossível darmos conta daquela quantidade de soldados bem equipados.

O caos estava instalado e eu mal conseguia enxergar por entre os escombros de madeira e a fumaça espalhada pelo ar.

- Mon! - Ouço a Tee chamando por trás de mim. Me viro em sua direção, mas não consigo ver muita coisa. Até que sinto uma mão agarrando meu pulso e me puxando. Era ela.

- Temos que ir embora, a batalha está perdida e... seu pai. - Ela apresentava dor em sua face e não parecia ser física.

- Abandonar o navio! - O grito de alguém me tira a atenção da Tee.

Do pouco que eu consigo enxergar pela fumaça, percebo os ingleses se recolhendo. Eles se jogavam ao mar e nadavam até o navio de suporte da guarda costeira, que veio fazer a segurança deles.

Volto meu olhar para a Tee, mas ela já estava de costas andando e voltava a me puxar por entre as chamas que lambiam o casco do navio.

- Tee! - Eu gritava para ela me ouvir. O barulho do navio se esfacelando devido aos tiros de canhões e as chamas era muito alto. Olho pro chão e vejo uma lâmina de água se formando. Tínhamos que sair dali o mais rápido possível.

- Mon... - Ela se vira para mim, apertando meus ombros com as duas mãos. - Seu pai foi atingido.

O terror me assola e sinto meu corpo todo gelar. Não é como se nunca tivéssemos lutado lado a lado antes, desde que tinha completado idade suficiente, eu fazia parte da tripulação do Concorde. Eu lutava lado a lado com ele há muito tempo, foram diversas as vezes que ele se feriu em batalha ou o contrário, mas dessa vez eu sentia que era diferente. 

No olhar que a Tee lançava para mim, sua expressão de medo e tristeza misturados. Eu sabia que era muito pior do que jamais havia acontecido. 

- C-Como assim? - Pergunto em pânico.

- Ele perdeu muito sangue, não vai sobreviver! - Ela fala alto para que eu consiga ouvir.

A cena caótica e apocalíptica que estava em torno de nós já não me importava e o silêncio tomou o lugar do barulho que antes rugia ao nosso redor. Naquele momento eu não ouvia mais nada.

Apesar do meu olhar de pânico e evidente temor, Tee volta a me puxar por dentre os corpos caídos, marinheiros se jogando ao mar e as chamas que não cessavam. Eu não conseguia andar sozinha, por isso ela me puxava para que meu corpo se movesse, até que vejo ao fundo várias pessoas da nossa tripulação ao redor de algo. Ou alguém.

Aperto meus olhos para tentar enxergar e finalmente posso ver o corpo do meu pai estendido no chão de madeira. A Lauren segurava sua cabeça, enquanto tentava em vão conter o sangramento que não cessava em emergir de dentro do ferimento.

Corro até ele e me ajoelho ao seu lado, pegando sua cabeça das mãos da Lauren. Suas vestes escuras estavam empapadas em sangue e havia um punhal enterrado até a altura do cabo, no meio do seu tórax. Quem o empunhou tinha tanta força e raiva que o penetrou profundamente em sua carne, eu não via nenhum resquício da lâmina, estava completamente cravada em seu corpo.

Olho seu rosto, ele apresentava serenidade e eu via o brilho fugindo dos seus olhos. Eu havia chegado em seu último segundo de vida, seu último suspiro. No último lampejo de vitalidade que ele conseguiu apresentar, vejo seu lábio dizer "eu te amo" e então a vida se esvai de seus olhos e seu corpo finalmente relaxa em meus braços.

Sinto meu mundo ir junto com ele. Ele era a minha pessoa, a quem eu era mais apegada e que mais me entendia. Eu dava tudo para estar ao seu lado naquele navio e ele sempre me acolheu e me ensinou tudo que podia.

Sinto uma mão no meu ombro e então retorno a consciência do lugar e do momento em que estávamos. Pisco uma última vez olhando seu rosto sem vida e então me levanto do local.

O que antes era apenas uma lâmina de água, naquele momento a água já beirava quase o meu joelho: estávamos em um navio praticamente afundado. 

Olho para a Lauren, que havia me tirado dos meus devaneios e respiro fundo, tomando para mim a responsabilidade de fazer todos que ainda estavam bem, retornar ao Concorde em segurança. 

- Precisamos recuar... Agora! - Grito para toda a tripulação. - Lauren, vá na frente para avisar aos que ficaram de prontidão no navio que iremos chegar em breve e precisamos sair daqui o mais rápido possível!

Ela atende meu pedido mexendo silenciosamente a cabeça e então mergulhando no mar, nadando o mais rápido que podia. Nosso navio estava há apenas uns 50 metros dali, mas precisávamos ser rápidos, caso contrário quando o navio terminasse de afundar, ele poderia nos puxar para baixo.

- Preciso de mais alguém para levar o corpo do meu pai comigo e os demais saiam daqui, precisamos retornar para a terra! - Então um dos homens da tripulação se aproxima, carregamos o corpo até a beira do navio e pulamos na água.

- Mon! - Vejo a Tee gritando meu nome assim que seu corpo emerge de dentro da água.

- Está tudo sob controle, nade em direção ao navio, chegaremos em breve. - Eu puxava o meu pai com a ajuda de um dos tripulantes. Ele era um dos mais antigos ali e um velho amigo do meu pai.

Assim que chegamos próximo ao casco do Concorde, uma corda é jogada para nós. Amarro o corpo do meu pai para que o icem até o convés e subo pela escada de corda lateral.

Assim que ponho os pés no convés, vejo que o caos era generalizado. Muitos choravam pela morte do capitão e outros não sabiam o que fazer.

- Atenção tripulação! - Grito e todos me olham. - O momento é péssimo, mas temos que focar em voltar para a terra, só então podemos nos dar ao luxo do luto. Içar velas e levantar ancoras! Quero força total a estibordo. - Ordeno e vejo meus companheiros tomando seus postos. Em alguns minutos estávamos em ordem novamente e começando a nos mover em direção ao porto de Nassau.

- Você não precisa assumir esse papel nesse momento, Mon. - Sinto a mão da Tee no meu ombro, em um carinho de apoio.

- Não existe outra opção que não esta, Tee. - Respondo, ainda olhando para frente, enquanto mantinha minhas mãos no leme.

== Flashback Off ==



Samanun Every

- Não faz nenhum sentido ir nesse funeral, levando em consideração que eles são nossos rivais nessa ilha!

Meus pés batiam no solado de madeira, enquanto eu andava de um lado para outro com a irritação tomando meu corpo.

- Não tem o que querer, Samanun. É um ato de respeito, todas as tripulações de piratas que estão próximos irão participar por uma questão de tradição. Se tínhamos boa relação ou não, isso pouco importa. Edward Teach foi um cara importante e temos que comparecer. - Meu pai fala taxativo, enquanto minha irmã tinha seus braços cruzados e uma sobrancelha levantada, com o ombro apoiado no beiral da porta.

- Principalmente você, como capitã do Fancy, irmãzinha. - Engfa fala me alfinetando e eu a fuzilo com os olhos e então volto a olhar irritada para o meu pai.

- Eu vou por uma questão de tradição, não de respeito. Não devo respeito nenhum a ele e nem a nenhum Teach. - Coloco meu sobretudo e saio daquele cômodo, indo em direção ao estábulo.

- Sam... - Kirk adentra o local enquanto eu selava meu cavalo. Ele me observa e então continua. - Eu também não queria ir, mas não temos muita escolha, todos estarão lá.

Continuo o que eu fazia em silêncio e então o Nop chega.

- Eu fiquei sabendo que a Mon levou o corpo dele sozinha até o navio. - Nop fala e o Kirk dá um tapa em sua nuca.

- Como que uma garota de 50 quilos vai carregar um homem de 100, seu animal? - Kirk pergunta sem paciência e o Nop dá de ombros.

- Foi o que eu ouvi no bordel. Só se falava nisso ontem à noite, quando o navio deles atracou no porto. Falaram que ela assumiu o comando assim que o pai morreu e que conduziu a tripulação toda. Vocês teriam ouvido sobre as notícias, se não passassem de um monte de tia velha que não pisam em festa.

- Vocês podem parar de falar nessa garota? - Peço sem paciência.

- Estão falando de quem, da gostosa da Mon? - Engfa entra no recinto e eu reviro os olhos pela sua fala.

- Dela mesmo! - Nop responde animado. - Você ouviu ontem, não foi Engfa?

- Sobre o quê? - Ela pergunta.

- Engfa, você está lembrada que você faz parte da família rival da garota a quem você chama de gostosa? - Pergunto indignada.

- Mas é claro! Pegar ela seria o maior ato a favor do Acordo de Paz! - Ela fala rindo e os demais a acompanham.

- É por isso que você nunca vai ser capitã, você não leva nada a sério. - Toco em seu calo mais profundo, fazendo ela parar de rir instantaneamente e me olhar com fogo nos olhos. Ela então começa a se aproximar de mim e o Kirk intervém, se pondo no meio de nós duas e impedindo que a Engfa se aproxime.

- Parem com isso, vocês duas. A última coisa que queremos agora é que vocês duas cheguem com um olho roxo no velório. Seria patético. - Ele fala, segurando o corpo da Engfa.

- Vocês duas nada, só quem chegaria com o olho roxo seria a madame capitã aqui. - Engfa fala tentando chegar mais perto de mim, mas o Kirk continua impedindo sua passagem.

- Quando você aprender a deixar de ser infantil, você talvez tenha chance de algum cargo importante. - Falo me retirando do local, mas escuto a Engfa gritando com raiva.

- Você precisa transar pra tirar esse rancor do coração, sua escrota!

Subo no meu cavalo e saio em disparada, ouvindo os outros fazendo o mesmo enquanto me seguem até o local do velório.

Cerca de 30 minutos de cavalgada, chegamos ao porto da ilha. Uma multidão se amontoava próximo ao local onde iria acontecer a cerimônia e o ritual já estava começando.

Os demais tripulantes do meu navio, que já haviam chegado, se aproximam da gente e nós começamos a caminhar para mais perto de onde estava acontecendo o velório.

De longe, por entre as diversas cabeças que estavam à minha frente, eu conseguia ver a Kornkamon desatando o nó do pequeno barco em que seu pai estava, envolto em flores e velas. Ao seu lado sua mãe chorava e juntos das duas estava toda a tripulação do Concorde, que se despedia do capitão deles.

Ela então empurra levemente a embarcação. O barco desliza pela água devagar e nós observamos em silêncio, mas a tripulação do Concorde cantava uma música em uníssono. Era bonito, até. Devo admitir.

Quando o barco atinge uma distância considerável, Kornkamon dispara uma flecha em chamas que cai certeiramente dentro do seu alvo, pondo fogo na embarcação.

A multidão assiste enquanto as chamas somem no mar, então todos começam a se dispersar, mas não sem antes se despedir da esposa e da filha do Edward Teach.

Era a nossa vez de prestar as condolências, então como capitã eu começo a andar em direção ao local em que Angelica e Kornkamon Teach estavam, mas assim que me aproximo delas a garota cruza seu olhar com o meu e franze o cenho.

- O que você está fazendo aqui? - Ela pergunta com irritação evidente em sua fala.

Mas logo sua mãe coloca a mão no seu ombro.

- Ela veio prestar condolências ao seu pai, Mon. Não a trate assim. - Ela fala, com tristeza na voz.

Estico minha mão e a cumprimento, mas nada falo. Eu não queria ser rude com ninguém naquele momento, mas também não queria dizer nada que não viesse do coração, porque qualquer coisa positiva que eu falasse ali, seria falsidade da minha parte.

Estico a mão em direção à Kornkamon, mas ela olha para minha palma estendida no ar e volta o olhar para mim. Recolho minha mão e então levanto o queixo, lhe encarando.

- Tenha certeza que eu não queria estar aqui tanto quanto você, mas o dever me obriga.

- Foi muito respeitoso da sua parte vir, Samanun. Obrigada. - Angelica Teach fala no lugar de sua filha e aceno com a cabeça, finalmente me virando para ir embora.

Ando até o Nop, Kirk e Engfa, enquanto eles me aguardavam em ansiedade evidente.

- E aí, o que foi que ela disse? - Kirk pergunta, enquanto me junto ao grupo e começamos a andar de volta para pegar nossos cavalos.

- Nada de agradável, como era de se esperar.

- Ela só estava sendo desagradável, com quem sempre é desagradável com ela. - Engfa fala e eu a olho sem acreditar.

- Você quer tanto comer ela que a defende em detrimento de sua própria família? - Pergunto irritada e ela sorri.

- Deixa de ser idiota que eu não estou defendendo ninguém. Só estou dizendo que você leva essa história de famílias rivais muito a sério. Existe um acordo e pronto, cada um na sua. Supera isso.

- Engfa, abra seu olho. Não existe "cada um na sua" quando o acordo põe um lado em melhores condições, melhores terras... Enquanto a gente fica com a sobra.

- Melhor a gente deixar para debater isso outra hora, estamos começando a chamar atenção e se alguém ouvir que você discorda do Acordo de Paz tão explicitamente assim, pode dar problema. - Kirk fala e então olho ao nosso redor.

- Você tem razão. Vamos para casa.

== 07 dias depois ==

- Sam, não custa nada sair de vez em quando. Faz sete dias que a gente não vai pra nenhuma missão e ainda faltam mais três para cumprir o período de luto. Depois disso iremos voltar à ativa, mas antes da gente voltar você deveria sair pra espairecer um pouco, só fica colada com esses papeis aqui dentro. - Kirk insistia desde cedo para irmos ao bordel. Iria acontecer uma apresentação de uma cantora nesta noite.

E de acordo com as tradições piratas, após a morte de um capitão local, os outros grupos concordavam em respeitar um período de 10 dias sem missões como uma espécie de período de luto. 

- Deixa de ser uma idosa de 90 anos. - Era a vez da Engfa tentar me convencer. - Você tem 24 anos, Samanun, mas se comporta como uma senhora. Quando foi a última vez que foi pra cama com uma mulher? - Reviro os olhos.

- Eu saio quando eu quero, mas hoje não dá. Eu preciso terminar de--

- Sai quando quer?! Então você nunca quer, porque entra noite e sai noite e você está enfurnada aqui dentro desse escritório, irmã.

Eu e a Engfa tínhamos nossas diferenças, mas a gente se dava bem na maior parte do tempo. Além disso, fazia muito tempo que ela queria que saíssemos juntas, coisa que ficou cada vez mais escassa quando me tornei capitã. Eu levava aquele cargo muito a sério, talvez sério até demais. Eu precisava estudar rotas de navegação, traçar planos e estratégias.

Era bem verdade que estávamos em período de luto, mas em breve estaríamos de volta e eu precisava estar pronta para a próxima missão.

- Vamos Sam, vai te fazer bem. - Kirk fala puxando meu braço e eu me dou por vencida. Me levantando sem vontade, quando ouço os dois dando gritinhos de felicidade.

- Eu vou, mas não devo demorar muito. - Respondo, arrastando a cadeira pesada de madeira atrás de mim.

O escritório era um pouco escuro, iluminado apenas com luzes de candelabros e velas. Eu sentava à minha mesa de madeira maciça escura. Ao meu redor haviam livros e documentos sobre o mar, fauna e flora locais, correntes marinhas, tábua de marés. Eu era uma pessoa que acreditava que quanto mais você estudasse e se preparasse para as situações, mais chances tínhamos de fazer as coisas darem certo. Eu não gostava de contar com a sorte ou com algum instinto, eu acreditava em me preparar e saber o que estava fazendo, a cada passo.

Para as missões não eram diferentes. Assim chamávamos as viagens que fazíamos para interceptar navios cargueiros, que assim como o Acordo de Paz previa, podíamos atacar navios espanhóis ou franceses. Esses navios saíam abarrotados de mercadorias provenientes das colônias dos países europeus e sua rota, na maioria das vezes, coincidia com o Caribe, sendo a ilha de Nassau um local estratégico, nos dando muita vantagem.

Além de mercadorias, muitas vezes esses navios carregavam pessoas sequestradas do seu país de origem e levadas à Europa como mão de obra escrava. Assim aconteceu com minha mãe, vinda da Tailândia. Meu pai libertou todos os escravos presentes em seu navio, porém ela não tinha para onde ir, sua família havia sido toda presa e enviada para a Europa, para outras colônias das Américas ou morta. Por isso, ela decidiu ficar em Nassau e estabelecer sua vida aqui mesmo, se aproximando cada vez mais do meu pai, até que eles se casaram.

Ela sempre foi muito culta e educada, adora os livros, adora histórias e adora a ciência. Caracteríticas que eu puxei, diferentemente da minha irmã, que adora ação, luta e as missões como meu pai.

Então, por todo passado da minha mãe, eu tinha uma missão pessoal nas nossas interceptações que iam além do roubo de carga, que era libertar todos os prisioneiros e auxiliá-los a voltar para o seu país de origem. Alguns não tinham mais famílias como foi o caso da minha mãe, então muitas vezes optavam por ficar aqui em Nassau. Nesses casos eu tentava ao máximo ajudá-los conseguindo emprego e moradia e, às vezes, trazendo para a minha própria tripulação, quando eu precisava de pessoas e quando era de sua vontade.

- A sua noite hoje é por minha conta, maninha. Estou muito impressionada que você topou ir, depois de muito tempo presa aqui dentro desse escritório, noite após noite. - Engfa fala me empurrando pelos ombros para fora do escritório, enquanto Kirk nos seguia.

A verdade é que, apesar de adorar os livros e os estudos, eu nunca fui muito de ficar em casa quando eu poderia estar na noite, porém tudo mudou depois que eu acabei me apaixonando por uma das antigas dançarinas de um grupo que sempre se apresentava no Bordel da cidade. Ela fazia parte do grupo itinerante e acabou por ir embora depois que eu já estava muito apaixonada por ela, fazendo eu me fechar para qualquer possibilidade de conhecer alguém. Além disso, com o aumento das minhas responsabilidades depois que assumi como capitã do Fancy, eu não conseguia iniciar qualquer missão sem ter um plano muito bem estruturado, o que acarretava em muito trabalho e delineamento de estratégias. Por isso eu tinha mudado radicalmente meu estilo de vida noturno no último ano.

- Eu deveria ficar animada por não ter que gastar um centavo hoje à noite, mas a verdade é que você nem vai ter um rombo no seu orçamento. Não pretendo ficar muito... 

- Ah não, nem começa Samanun. A gente nem chegou lá ainda e você já quer voltar. - Ela então para de andar e vira para mim. Estávamos na corredor da casa e Kirk já havia se dirigido ao estábulo para organizar os cavalos. - Sam...

- Oi. - Falo desanimada já sabendo, pelo tom da sua voz, o conteúdo da conversa que se seguiria.

- Eu sei que foram tempos muito ruins que passaram. Também sei que você sofreu muito, mas não significa que você tem que se fechar para o mundo. Você pode se divertir sem precisar se apaixonar por ninguém.

- Quem falou qualquer coisa de se apaixonar? - Meu tom de voz era um pouco irritado, porque aquele assunto era um gatilho para mim. Eu sabia que não queria colocar minha cara no mundo e nem conhecer ninguém novo, porque eu tinha medo de me machucar de novo.

Eu precisava de controle e se apaixonar era o completo oposto àquilo.

- Eu sei o motivo por você querer ficar escondida na sua caverna, mas isso não é saída. Já faz um ano, Sam.

- Eu não sei do que você está falando. Eu fico no escritório porque alguém precisa assumir a responsabilidade de estudar e traçar nossas estratégias. A gente não pode se jogar no mar sem saber o que iremos enfrentar, Engfa.

- Eu vou fingir que acredito no que você está dizendo... - Ela faz uma pausa por um momento, analisando meu rosto. - Sam, olha para mim.

Eu não queria olhar em seus olhos porque eu sabia que ela me lia muito bem, mas após alguns segundos acabo fazendo o que ela me pedia.

- Nada vai acontecer, irmã. É só uma noite de bebedeira. você não é obrigada a nada, se você não quiser pegar ninguém, só se divirta com a música e as companhias, ok?

- Tá bom, tá bom. - Respondo em falsa irritação, revirando os olhos, mas acabo sorrindo quando vejo a animação da Engfa.

Depois dessa conversa, eu fui tomar um banho enquanto eles me esperavam, já que estavam todos prontos e eu fui a última a decidir que ia. Troco de roupa e saio até a parte de fora da casa, me encontrando com os dois segurando três cavalos.

- Finalmente estamos os três de novo! - Kirk relembra que antes costumávamos sair sempre nós três juntos.

O percurso até o Bordel era cerca de vinte minutos, então não custou para que quando eu me desse conta, estivéssemos amarrando os cavalos no suporte apropriado, em frente à entrada do estabelecimento.

A casa era toda de madeira, com arquitetura tipicamente colonial e parecida com todas as outras construídas naquela mesma época. No primeiro andar havia uma sacada e algumas janelas e no térreo era onde havia as mesas, o palco, o bar e todo o movimento de pessoas bebendo em suas mesas enquanto mulheres bonitas passeavam pelo salão. Vez ou outra elas sentavam no colo de alguém ou estavam beijando pessoas por ali. Algumas vezes aqueles beijos e conversas ao pé do ouvido evoluíam para algo a mais e eles subiam para o primeiro andar.

Assim que desço do meu cavalo, noto que o local tinha muita gente. Fazia muito tempo que não punha os pés ali, mas assim que chego no mesmo local que eu costumava vir quase toda noite em um passado não tão distante, as memórias me atingem e eu quase cedo o ímpeto de subir novamente no cavalo e sair dali, se não fosse a voz da Engfa ao meu lado cumprimentando alguém de longe e me tirando dos meus pensamentos.

- Eng, não sei se é uma boa ideia. - Falo receosa. Minha mão ainda não havia saído das rédeas do cavalo, eu ainda nem o tinha amarrado, eu estava um pouco paralisada sem saber se ia embora ou se enfrentava aquilo.

- Irmã, aquele contexto de um ano atrás não existe mais. Ela não está mais aqui, as pessoas que frequentam são diferentes... Você vai gostar, eu prometo. E se vocês quiser ir embora, você pode ir, ninguém vai te segurar.

Suas palavras me confortam um pouco. Me sinto muito vulnerável naquele momento, é como se eu fosse apenas uma criança sendo levada para uma festa pela primeira vez por sua irmã mais velha e não a capitã do navio que, quando não estava se amedrontando pelo passado, estava liderando uma das maiores tripulações de piratas.

Respiro fundo e sigo a Engfa e o Kirk em direção à entrada do local. Cruzamos com alguns vários conhecidos, cumprimentamos alguns até que realmente entramos no salão. Logo após a porta de entrada, o pequeno corredor dava para um salão com várias mesas e do lado esquerdo havia um bar, com um balcão de madeira comprido e bancos logo à sua frente, em toda a extensão. 

Atrás do balcão estava a Jim, a dona do local e velha conhecida da gente e mãe do Kirk e do Nop. Falando nele, logo o avisto servindo algumas mesas juntamente com mais duas pessoas que eu não conhecia e Kade, amiga da gente e garota por quem Kirk  nutria uma queda enorme. Ele não assumia que vinha para o Bordel apenas para encontrá-la, mas essa era a mais pura verdade.

Assim que ela nos vê, dá um aceno de longe e me olha com uma expressão espantada em me ver ali. Então ela logo se aproxima e ouço o Kirk se mexendo impacientemente em nervosismo.

- Olá, garotas e Kirk. Boa noite! - Ela fala educada. - Nossa Sam, você era a última pessoa que imaginei ver aqui hoje. É muito bom te ter de volta. - Ela ri animada.

- Também é bom te ver de novo, Kade. Mas não sei se propriamente de volta, por enquanto isso é apenas uma exceção. - Respondo explicando que não pretendia voltar a frequentar o Bordel.

- Oi Kade. - Kirk fala por fim e ela o olha com uma certa irritação em seus olhos, mas logo ela trata de disfarçar.

Eles tinham uma situação um tanto quanto inusitada. Era muito claro para todo mundo, menos para Kade e para o Kirk, que ele ia até o Bordel apenas para encontrá-la. Como ela apenas atendia as mesas e não fazia parte das mulheres que faziam sexo por dinheiro, ela ficava um tanto incomodada de vê-lo ali, porque na cabeça de vento dela, ele estava ali para dormir com outras mulheres, mesmo ficando evidente que ele sempre bebia e ia embora dormir em casa e nunca levava nenhuma garota para os quartos do primeiro andar, desde que havia começado a nutrir essa quedinha por ela. Era engraçado de presenciar aquilo.

- Oi Kirk. Não perde uma noite aqui, não é? - Ela pergunta com um tom ácido, mas ele faz uma expressão perdida, sem entender o motivo de sua irritação. Porém, antes que ele respondesse, ela vira as costas e vai embora, deixando ele com cara de tacho sem entender o que havia acontecido, enquanto eu e a Engfa ríamos.

Eles tinham haviam começado a ter sentimentos um pelo outro há pouco mais de seis meses, porém eu sabia de toda aquela situação porque a Engfa havia me contado. E o próprio Kirk também tinha me contado sobre ter se aproximado da Kade e estar "sentindo coisas", como ele mesmo nomeou.

- Pra você ver o que eu tenho que passar toda noite, Sam. - Engfa fala e rimos juntas do Kirk.

Nos dirigimos até o bar para pegar bebidas e cumprimentar o Nop e a Jim.

- Boa noite queridos! - Jim nos cumprimenta com um sorriso caloroso. - Sam, que honra você nos dá com sua presença. - Ela fala com um pouco de ressentimento na voz.

Nós tínhamos uma ótima relação antes de tudo acontecer e, na época, ela me alertou para que eu me afastasse da garota dançarina, mas não dei ouvidos. Então, quando decidi me afastar daqui e não aparecer mais, ela foi até minha casa e a gente conversou. Falamos sobre muitas coisas, mas um dos assuntos principais era que ela sentia minha falta e que eu não precisava visitá-la apenas à noite, eu poderia vê-la durante o dia, sem precisar estar aqui quando o Bordel estivesse funcionando. Porém, tudo aqui me lembrava de coisas que eu não queria lembrar e eu estava muito sensível na época, de modo que nunca prestei nenhuma visita a ela.

Era completamente compreensível sua mágoa.

- Oi Jim, também senti sua falta. - Falo com tristeza.

- Sentiu coisa nenhuma! - Ela fala, mas sua irritação já não era tão palpável. Ela estava mais feliz pela minha presença do que magoada pelas vezes que eu poderia ter vindo vê-la e não vim. Essa era a Jim, ela sempre foi muito mais coração do que razão.

Ela então me dá um beijo na cabeça por cima do balcão.

- Mãe deixa a garota em paz, você só quer viver com essa menina em baixo da sua asa, ela já é crescida. - Kirk reclama porque Jim sempre teve um sentimento maternal comigo, desde que éramos crianças brincando pela rua. E o sentimento era muito recíproco.

- Não importa o quão crescida ela seja, ela pode mandar em toda essa ilha, mas ela tem que vir aqui me ver. É obrigação! - Ela fala duramente, mas me olha com açúcar nos olhos e eu sorrio de seu jeito mole comigo.

- Ah, agora entendi o motivo de eu ter acabado de levar um fora da Kade de graça. - Nop fala, aparecendo atrás de sua mãe, assim que nota nossa presença.

- Pois é. Que bicho mordeu ela? - Kirk pergunta.

- Ciúme, foi o bicho que mordeu ela. - Engfa responde baixo e só eu escuto.

- Você tem que perguntar a ela, não a mim. - Nop já estava de saco cheio daquele joguinho deles dois, porque invariavelmente quando Kade estava de mau humor, era nele que ela descontava por serem colegas de trabalho.

- Vão querer alguma coisa ou vão ficar só tumultuando o balcão? - Kade pergunta atrás da gente, pedindo passagem com uma bandeja cheia de copos e pratos usados.

- Sam, posso preparar o de sempre pra você? Hoje é por conta da casa. - Jim me pergunta, já pegando uma garrafa de run. Eu sempre costumava beber o run com um pouco de água de côco, era muito difícil eu trocar a bebida que eu costumava pedir.

- Todo mundo quer pagar minha bebida hoje, acho que vou sumir mais vezes.

- Se você sumir novamente eu vou lhe buscar em casa e lhe arrasto até aqui. Me apronte outra dessas que você vai ver do que eu sou capaz. - Jim fala e todos riem.

- Eu não estou nem doida. - Falo levantando as mãos em rendição, quando ouço alguém coçando a garganta atrás de mim.

Assim que me viro, dou de cara com a última pessoa com quem eu gostaria de cruzar aqui hoje. Há um ano atrás Kornkamon Teach não costumava circular por ali, por isso sua presença me pega completamente de surpresa.

- Viu algum fantasma? - Ela pergunta, levantando uma sobrancelha.

Seu jeito insolente me dava raiva.

- Antes fosse. - Respondo olhando em seus olhos, mas seus lábios se curvam formando um sorriso no canto da boca e ela me olha de cima abaixo.

- Então alguém finalmente resolveu sair do celibato? - Ela fala e a garota de olhos verdes ao seu lado ri.



Kornkamon Teach

Fazia mais ou menos um ano que eu tinha terminado um longo namoro com a filha de um dos mais próximos amigos do meu pai. A gente era unha e carne e tínhamos toda nossa família a favor, parecia que seria o relacionamento perfeito. Nosso casamento já era coisa quase que certa na cabeça dos meus pais, mas aparentemente os planos dela eram outros, já que ela colocou um par de chifres na minha cabeça e acabou o nosso namoro há um ano atrás.

Sofri alguns meses, mas como eu não era de ficar lambendo minhas feridas por muito tempo, acabei por aceitar os milhares de convites que a Lauren fazia para que viéssemos até o bordel e, desde a primeiro noite que eu vim eu não parei mais de frequentar o local.

No início, estar aqui me ajudava a esquecer a dor que eu sentia, era como uma válvula de escape. Mas com o passar do tempo a falta que minha ex fazia começava a dar lugar a uma liberdade que eu nunca tinha experimentado, já que havíamos iniciado o relacionamento quando ainda tínhamos 13 anos.

Devido às minhas vindas frequentes, eu acabei me afeiçoando às pessoas que também costumam frequentar o Bordel e, na maioria das vezes, eu vinha sem segundas intenções que não fossem apenas beber e me divertir com as pessoas daqui. Por eu só ter começado a frequentar o Bordel há pouco mais de um ano, acabei nunca tendo que cruzar com a garota na minha frente, porém muito se comentava sobre ela naquele local, mas ninguém a não ser a Jim e o Nop, sabiam exatamente o que tinha acontecido e eles não gostavam de falar sobre aquilo. Porém eu sabia que algo havia acontecido e ela tinha parado de frequentar o Bordel, se trancando em casa.

Mas agora estávamos aqui, a pouco mais de 20cm de distância. Eu nunca havia chegado tão perto dela assim. Na verdade, eu nunca tinha a visto muitas vezes, já que morávamos em lados opostos da ilha e eu não costumava estar no centro da cidade quando criança, de modo que cresci apenas com pessoas do círculo de convivência da minha família.

Estávamos tão perto que eu começava a notar o quão linda ela era. Meus olhos passeiam pelo seu corpo sem que eu tenha muito controle, observo sua pele perfeita e seus traços asiáticos tão diferentes para mim. Sua boca vermelha e carnuda, seu corpo era lindo... Nossa, ela era um absurdo de mulher.

Seu jeito sério com ar de poucos amigos dava um charme, de modo que toda sua irritação comigo não me atingia de nenhum jeito porque a única coisa que eu pensava naquele momento era o quanto a filha do maior rival do meu pai era uma puta de uma gostosa e eu nunca havia percebido. 

Okumaya devam et

Bunları da Beğeneceksin

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