TREZE ANOS NO FUTURO
É. Eu sei. Parei em uma parte especificamente ruim na narração sobre os fatos que me levaram a ser a super heroína que sou hoje em dia, mas digamos que vão precisar ter um pouquinho mais de calma até entenderem melhor o como tudo isso desenrolou. O fato de Ichiro ter roubado minhas memórias, Dabi arranjando formas de tentar me fazer ceder ao meu pior lado (já que todos nós temos lados ruins sim) ao tirar de mim a única coisa que me impedia de desabar e tudo isso é algo que com o tempo vou explicar melhor. Não é exatamente fácil me lembrar desse evento péssimo na minha vida. Quer dizer, sei que provavelmente veio o choque para todos com o fato de eu apenas não lembrar da pessoa que eu mais amava na vida, mas eu não vou entrar em detalhes sobre o como as coisas voltaram para o lugar.
Se eu tive minha memória restaurada? Se eu apenas me apaixonei mais uma vez por Shoto? Bem, isso é algo que eu não vou perder tempo falando agora. Sem spoilers. Sei que essa parte da história ficou pesada, então vamos falar um pouco do futuro onde as coisas são um pouco menos caóticas. Vamos falar sobre como é ser uma heroína profissional e o como a mídia é só apenas extremamente desgastante.
Era nisso que eu estava pensando enquanto forçava um sorriso para a câmera, tudo o que eu mais queria era apenas arrancar meu uniforme e me jogar dentro de um chuveiro para tirar o sangue e a lama que tinham grudado em mim depois de uma luta particularmente péssima. Pelo menos tinha sido um sucesso depois de meses trabalhando e investigando para conseguir parar e prender uma grande mafia de criminosos. Eles eram tão burros e estúpidos que doía. Achavam que tinham que se preocupar comigo e com meus ataques telepatas, dando uma abertura ridícula para Shoto os vencer em menos de três minutos.
Talvez isso me irritasse um pouco. Nem mesmo tive chance de lutar direito! E me irritava ainda mais terem subestimado completamente o meu marido, mas eles tinham aprendido da pior forma possível que fizeram merda, o que também era lindo de ver.
Não sei quanto tempo levou até eu me livrar de todos os reporters. Talvez eu devesse ter aprendido um pouco mais com Aizawa sensei na época da escola o como a simplesmente fugir da mídia, mas não tinha feito nada disso. Se eles sequer soubessem que fora das câmeras eu era bem mais parecida com Dynamight do que gostaria de admitir, ficariam verdadeiramente horrorizados e mortificados. Mas eu tinha um pouco mais de senso do que Katsuki, sabendo que ficar xingando as pessoas e mandando elas morrerem não ia me deixar lá com uma boa imagem de super heroína.
-Ainda tem sangue no seu rosto. - Shoto disso quando estávamos indo para o hotel que estávamos hospedados há três dias já que essa missão tinha sido longe o suficiente de casa para obrigar nós dois a nos locomovermos. Eu apenas fiz uma careta, esticando a manga da minha jaqueta jeans para limpar, mas ele foi mais rápido em esfregar meu rosto.
-Pelo menos não é meu. - eu murmurei, fazendo uma careta. -Viu a cara de idiota que ficaram quando você congelou o líder deles? Aquilo foi bem engraçado.
Shoto apenas deu de ombros e eu arqueei a sobrancelha para ele. Sabia que ele não estava exatamente focado naquilo tudo que estava acontecendo, mas sim no como queria ir pra casa logo. Não era como se eu não quisesse ir também, mas pelo menos eu confiava em Katsuki o suficiente para saber que tudo estaria em seu devido lugar quando nós voltássemos.
-Amanhã nós já vamos embora daqui, então não precisa se preocupar. - eu falei, esticando a mão para segurar a dele. Shoto apenas se virou, me fitando com aqueles olhos heterocromáticos que eu amava mais do que qualquer outra coisa no mundo. Sabia o que ele estava pensando, por isso apenas suspirei. -Olha, você podia deixar o fato de que quer ir logo pra casa de lado um pouco e pensar que pelo menos tá comigo, né?
Shoto apenas deu um meio sorriso. Afinal, nós dois tínhamos passado pelo verdadeiro inferno milhares de vezes antes já que ser super herói não é exatamente fácil. Já chegamos a passar dois meses sem sequer nos vermos por conta das nossas agendas desconexas, nos meus dias de folga ele tendo que trabalhar e vice e versa. Até ser demais para a gente aguentar, porque, sim, ficar sem Shoto mais que dois dias já era uma merda, sessenta então era um pesadelo que eu agradecia por não ter que presenciar mais.
Fiquei extremamente feliz quando chegamos no hotel e eu finalmente consegui tomar banho em paz. A melhor coisa que eu fiz foi ter escolhido um quarto com banheira, porque assim eu poderia passar horas apenas existindo até minha pele ficar toda enrugada e eu ser forçada a sair. A vontade de sair da água se tornava quase nula quando Shoto estava junto comigo, me abraçando contra si e beijando meu pescoço de leve, fazendo meu corpo todo arrepiar.
Era impossível dizer que minha vida era pacífica, porque eu tinha passado por coisa demais, e existiam milhares de cicatrizes não só no meu corpo mas como na minha alma para provar isso. A pior de todas era a cicatriz gigante no meu tórax da vez que quase morri de verdade. Eu tinha passado três meses no hospital, e eu sei o quanto isso tinha sido um lixo para Shoto. Talvez fosse por esse medo absurdo de me perder que ele sentia que agora a maioria dos trabalhos que tínhamos atuavamos como uma dupla.
Mas apesar de tudo isso, existiam momentos simples que eram tão cheios de paz que era o que fazia dos nossos dias melhores. Como acordar todas as manhãs com um beijo na bochecha, achar os bilhetinhos que Shoto deixava pra mim perdidos pela casa ou até mesmo ficar abraçada ao lado esquerdo dele quando estava frio. Durante todos esses anos, nosso relacionamento só cresceu mais e mais e mais até se tornar a coisa mais importante na minha vida. Ele sempre foi minha família e isso ficou ainda mais oficial seis anos atrás, quando a gente se casou escondido da maioria das pessoas porque não queríamos atenção demais da mídia. E de vilões.
-Você tá muito quieto hoje. - eu falei franzindo o cenho e me sentando ao lado dele na cama depois de terminar de me trocar. O cabelo de Shoto ainda estava molhado, mas isso não me impediu de afundar os dedos ali, o que o fez fechar os olhos.
-O Bakugo não me responde. - ele reclamou por fim, o que me fez ser incapaz de conter minha risada. Shoto abriu os olhos para me lançar um olhar feio.
-Amor, se você ficar irritando ele, Katsuki vai mandar você se fuder e não vai te dizer mais nada. - eu falei, arqueando a sobrancelha para ele e me inclinando para sentar em seu colo. Shoto apenas suspirou, passando os braços ao redor da minha cintura e me abraçando. -Relaxa, Sho. Katsuki é um idiota, mas é responsável.
-Não é que eu não confie nele, mas... - Shoto murmurou, deixando que eu entendesse o final sozinha. Eu apenas assenti, encostando a testa na dele por um instante, estendendo os dedos para afastar o cabelo dele.
Beijei a cicatriz no rosto de Shoto carinhosamente e ele apenas fechou os olhos. Ele fingia que não, mas eu sabia muito bem o quanto ele gostava quando eu fazia isso. Afinal, Shoto tinha passado muito, muito tempo odiando seu lado esquerdo e tudo o que lembrava Enji. Mas eu sempre fiz questão de deixar claro que não existia absolutamente nada em Shoto que fosse feio ou desagradável para mim.
-Eu sei, eu sei. - falei, deixando ele me puxar para mais perto, as mãos dele deslizando para dentro da minha camiseta e me fazendo arrepiar quando senti o toque dele contra minha pele. Não importava quantos anos se passassem, eu sempre sentiria a mesma coisa quando Shoto me segurava.
Com um meio sorriso, apenas me inclinei na direção dele e o beijei. Apesar de estarmos juntos há treze anos, fazer aquilo era algo que eu nunca seria capaz de enjoar.
Shoto me colocou contra o colchão da cama, deslizando a mão pela minha cintura e me apertando de leve contra si, me fazendo soltar um suspiro enquanto eu o puxava para mais perto de mim. Ele levou os lábios até meu pescoço, sua boca contra minha pele fazendo meu corpo inteiro arrepiar. Shoto conhecia bem demais cada parte de mim, sabendo onde encostar para causar uma reação. Os beijos dele em meu pescoço apenas serviam para me fazer perder completamente qualquer concentração.
Com um suspiro, afundei os dedos nas mexas de seu cabelo, passando as pernas ao redor da cintura dele e o puxando para perto. Ele deslizou uma mão pela minha coxa de leve, me fazendo estremecer. Shoto subiu e subiu a mão até puxar minha camiseta, a tirando com facilidade.
Shoto se afastou apenas o suficiente para que eu pudesse fitar seus olhos heterocromáticos. Estiquei a mão para tirar o cabelo que caia em seus olhos, acariciando sua bochecha. Os olhos dele desceram até a cicatriz grande que era a marca eterna do como ele quase tinha me perdido. Shoto sempre ficava um pouco mais atordoado quando olhava para ela.
Segurei os rosto dele com força nas minhas mão, o forçando a olhar para meus olhos.
Eu tô aqui. Falei com suavidade, levando minha boca até a dele. Beijei Shoto com carinho para que ele soubesse que eu jamais o deixaria sozinho, nem que para isso eu precisasse fazer um pacto com o próprio diabo.
O beijo ficou ainda mais intenso, como se aquilo fosse uma forma de comprovar que eu era real. As mãos dele me puxavam para cada vez mais perto de si, como se ele precisasse me ter ali.
Suspirei quando ele mordeu meu lábio de leve, levando minhas mãos até as costas dele e apertando Shoto contra mim. Era como se eu nunca conseguisse ter o suficiente dele.
-Eu te amo. - Shoto disse quando se afastou, deixando beijos no meu pescoço. Eu sorri.
-Eu também amo você. - sussurrei, o apertando mais e mais.
Eu sabia que não importava o que tivéssemos que enfrentar no futuro, contanto que estivéssemos juntos, era o que importava.
-Ah! Vocês voltaram! Achei que iam demorar um pouco mais, aproveitar os dias sozinhos e tals. - Azami disse com um sorriso puramente malicioso no segundo que abriu a porta do apartamento que ela e Katsuki dividiam. Shoto apenas franziu as sobrancelhas para ela, mas eu tive vontade de dar uma bicuda na mulher de cabelos escuros. Só não fazia isso porque ela era literalmente minha maior fã. Ou melhor, maior fã da Psique.
-É, mas o Shoto tava com um desespero infernal para vir embora logo. - eu reclamei, o olhando meio torto, mas ele me ignorou enquanto entrava, olhando para os lados buscando algo, parecendo um idiota desesperado. Azami riu da cara dele, o que me fez lembrar o porque eu gostava tanto dela. Ela era péssima, mas ao mesmo tempo, isso era a melhor qualidade que Azami tinha. E presumo que pra namorar Katsuki automaticamente você precisa ou ter personalidade lixo ou ser pior que ele. Era era um conjunto dos dois.
Shoto só foi ficar tranquilo quando chegamos na sala e vimos Katsuki sentado no tapete, a criança de um ano e meio andando até ele e se jogando nos braços do mais velho. Katsuki sorriu que nem um idiota, provavelmente sem se dar conta que tinha uma plateia. Mas acho que isso era normal já que ele era o padrinho daquela praga que eu chamava de filho.
Fuyuki Todoroki era extremamente parecido com Shoto, os olhos heterocromáticos e o rosto igual ao dele. Mas os cabelos loiros e a personalidade terrível definitivamente vinham de mim.
-Ah. A galinha super protetora voltou. - Katsuki zombou assim que nos viu e a galinha não era eu, o que me fez rir pra caramba. Shoto revirou os olhos, ignorando Katsuki enquanto pegava nosso filho no colo, que ficou muito feliz de ver o pai já que sorriu e o abraçou.
-Cadê sua moral, você ficou esses dias inteiros sem fazer outra coisa que não ficar olhando o Fuyuki. - Azami zombou, abrindo um sorriso sarcástico para Katsuki. Ele revirou os olhos para ela.
-Cala a boca, eu estava nos meus dias de folga. - Katsuki reclamou, olhando feio para a namorada dele. Azami riu, porque, bom, ela nunca teve exatamente medo de Bakugo.
-Tô achando que ele tá querendo um filho e não tá sabendo pedir. - comentei casualmente enquanto bagunçava o cabelo loiro de Fuyuki, o fazendo rir. Escutei Azami engasgar com a própria saliva e me virei para ver ela com os olhos arregalados.
-Ah, vai se fuder, Jean Grey. - Katsuki disse, fazendo Shoto o olhar torto pelo palavrão, mas eu ri.
-Bom, pra isso ele vai ter que criar vergonha na cara e me pedir em casamento primeiro. - Azami alfinetou, fazendo eu me divertir mais ainda.
-Tá vendo o tipo de bosta que você me mete, Jean Grey? Saí da minha casa agora! - Katsuki disse e eu apenas mostrei o dedo do meio para ele. Shoto me lançou um olhar de novo. -Nossa, sinceramente, Todoroki, você...
-Cala a boca. - Shoto retrucou antes mesmo que Katsuki pudesse concluir sua fala, fazendo Bakugo o olhar incrédulo por ter sido cortado. -Devíamos ter deixado o Fuyuki com o Midoriya.
-Como é que é?! - Katsuki gritou, e acho que ele só não deu uma voadora em Shoto por ele estar segurando Fuyuki no colo. Agora Shoto estava sorrindo, porque claro que ele tinha dito aquilo apenas para irritar a biribinha. -Repete seu meio a meio de...
-Katsuki, para de falar essas coisas! - Azami retrucou, atirando uma almofada bem na cabeça dele, o fazendo se virar lentamente e a lançar aquele olhar que ele reservava para os vilões, uma clara mensagem que mais tarde acabaria com eles. Mas tenho certeza que esse olhar direcionado para Azami significa outra coisa...
-Obrigada por terem cuidado dele. - falei com sinceridade e Azami apenas sorriu para mim.
-Cuidar do filho da minha heroína favorita é meio que um sonho realizado. - ela disse e eu ri justamente por saber que não era brincadeira. Katsuki revirou os olhos e ficou resmungando. Antes de eles começarem a namorar, ele costumava ser o super herói que Azami mais odiava, o que era extremamente engraçado. Me lembro bem de quando a conheci e ela entrou em uma espécie de colapso de fã, me lembrando a Midoriya e seus momentos de nerd. Foi ainda mais engraçado descobrir que o quarto dela era repleto de coisas sobre Psique, e eu passei anos enchendo o saco de Katsuki por causa disso.
-Eu também sou sua amiga, não esquece disso. - falei abraçando Azami de lado e ela riu.
-Vem me ajudar. - Katsuki disse e não era um pedido, mas sim uma ordem, como sempre.
Revirando os olhos, apenas o segui para o quarto no final do corredor enquanto ele colocava as coisas de Fuyuki de volta na bolsa. Ele me lançou um olhar que eu sabia muito bem o que significava já que Katsuki era meu melhor amigo e eu o conhecia há anos.
Eu vou pedir ela em casamento, não precisa ficar entrando no assunto, né. Ele disse, o que me fez conter a risada, já que a individualidade de Azami era sua audição extremamente apurada e se eu soltasse uma risadinha que fosse, ela definitivamente ia querer saber o motivo.
Você ainda demorou demais. Zombei e Katsuki apenas revirou os olhos.
Eu só não sou um emocionado do caralho igual você e o meio a meio. Ele retrucou, me fazendo erguer o dedo do meio para ele, o que o fez sorrir com deboche pra mim.
Enquanto você fica na enrolação, eu já tenho até filho. Retruquei e Katsuki apenas deu de ombros, jogando a bolsa em mim, me fazendo fazer uma careta.
Logo vem mais um ai.
Não é pra tanto, né. Um já dá trabalho demais. Fiz uma careta e Katsuki riu.
Quando voltamos para nossa casa, Fuyuki não demorou muito pra dormir depois que o peguei no colo e fiquei o balançando de um lado para o outro do jeito que eu sabia que ele gostava.
Beijei de leve a bochecha do meu filho quando o coloquei no berço e voltei para meu quarto, onde Shoto estava arrumando as coisas dele. Com um suspiro, me joguei na cama, afundando o rosto contra o travesseiro. Pelo menos teríamos uma semana de folga juntos para ficarmos com nosso filho até que eu tivesse que ir para a próxima missão. O que era um saco às vezes, porque se ficar longe de Shoto já era insuportável para mim, ficar longe do meu filho era mil vezes pior.
Mas eu não ia pensar sobre isso naquele momento.
Apesar dos pesares, apesar de tudo o que passei para chegar aqui, eu estava feliz. De uma forma que a Atsuko de quinze anos jamais achou que seria. Acho que naquela época eu nem mesmo imaginava que ia chegar com vida na fase adulta. Sempre imaginei que acabaria morrendo lutando contra meu pai ou contra Toya. Mas eu ainda estou aqui, apesar de todas as marcas mostrando o como quase fui derrotada por eles.
-Tá pensando no que? - Shoto perguntou, se deitando ao meu lado e beijando meu pescoço de leve. Eu me virei apenas para poder fitar seus olhos heterocromáticos, abrindo um sorriso quando ele se inclinou para me beijar.
-Nada de importante. - falei, beijando Shoto de novo e de novo.
No final das contas, não importava o quanto tudo pudesse mudar ou o quantas coisas ruins pudessem aparecer no meio do meu caminho. Eu tinha uma certeza na minha vida, algo que sempre tive: eu sempre amaria Shoto. E sempre arranjaria um jeito de chegar até ele.
Um capítulo especial mais fofinho pra vocês pararem de me odiar tanto, porque daqui pra frente, só pra trás
Sim, eles tem um filho e na minha cabeça ele é extremamente fofo e eu já tenho mil coisas sobre o futuro dele na minha mente
E pra quem não sabe, a Azami é minha oc de uma fanfic com o Bakugo chamada Hot Chocolate
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 27/08/22