Suas enormes mãos deslizavam por meus cabelos como se fossem seda, muito embora, nenhum dos produtos que os submetera fossem adequados. O fato de Jhon confirmar
a ânsia que tenho sentido de Christopher me ser um protetor, não me deixa escapar e iludir em um visão deturpada dos fatos, que ele ainda poderia me machucar. Seu rosto se encontrava sério e atento a atividade de escovar meus cabelos molhados, refletida e distorcida pelo espelho coberto pela penumbra do quarto. Mais uma de suas camisa, de estampa xadrex, contudo verde e azul, cobriam meu corpo contra os ventos gélidos que atentavam as pequenas janelas e madeiras roidas da cabana.
-Espero que não esteja incomodada com o fato de usar minhas blusas...-refletiu com sua carranca cotidiana-Contudo, prendo ir a cidade embreve e trazer-lhe tudo o que irá precisar...
-Não me importo...-comentei em um sussuro e senti a longa palma de suas mãos descer para meu ombros e sua sombra me acorbertar até que o espelho fosse suficientemente preenchidos por nossos reflexos.
-Não seja negligente, Megan-repreendeu voltando a sua tarefa, ao qual, se me determinada poderia desegnar muito bem-Seja sincera comigo...-pediu novamente com sua voz grossa, capaz de persoadir até os mais bem treinados-Há alguém a sua procura na cidade? Amigos ou parentes? Qualquer mísera alma que possa acabar com meus planos?
-Quais são seus planos?-questionei perplexa e pensativa. Estaria alguém a minha procura? Meus pais? Qual seria o meu destino, se não, a mercê de três lenhadores misteriosos?-Você não pode exigir de mim sinceridade, quando está claro que não o é comigo...-determinei diante o cessar de suas palavras frequentes e resolutas, em total relutância.
O puxão em meu couro cabelo fez com que suas mãos me conduzissem perto de sua face dura e penetrante. E a fidelidade de nosso traços mais uma vez, chocou-me. Seus olhos gélidos disputavam contra os meus profundos. As sardas espalhadas entre nossas bochechas e nariz. Poderia apostar que se sorrisse, uma covinha, tal como a minha, deformaria em um dos lados.
-Fico admirado com quão espertalhona você consegue ser...-admitiu, soltando-me e preenchendo o vazio do aperto por carícias apaziguadoras-Megan, eu tenho motivos para não te matar ou aceitar que fuja...-confessou sombrio e o ambiente seguiu sua completa mudança de humor. Pelo quarto, todos os cantos onde pudesse penetrar os olhos, sombras se esquivavam da luz fraca, a noite acobertava a floresta deixando seus observadores encobertos. Estrelas se escondiam atrás das nuvens tempestuosas enquanto a floresta estava terrivelmente quieta. Como se, nada vivesse ou permanecesse o suficiente para desperta-la. Meu coração retumbante preenchia meus ouvidos surdos a espera de uma sentença-E não espero que entenda agora, apenas que aceite o fato de me ter como seu protetor e amigo aqui...Eu não lhe desejo mal e não pretendo aceitar quem aceite. Eu cuido do que me pertence e espero não ter problemas com isso. Pretendo leva-la, se constatar seguro, ao hospital da cidade para começar o acompanhamente com algum obstreta...
-Não!-neguei afastando-me ligeiramente de suas mãos. Meus olhos estavam arregalados e minha pele empalidecera conforme suas palavras, se assim, o espelho mostrasse a realidade-Eu não posso...-argumentei frivolamente enquanto meu manto de segurança desfalecia por meus dedos.
-E por quê não?-questionou duro arrastando meu corpo para meu lugar de origem, pegando meus fios com uma agressividade desnecessária.
-E-eu não gosto de hospitais, Christopher! Não tenho documentos e alguém poderá me reconhecer, não seja descuidado...-refleti desesperada.
-Não pense que sou principiante, garota! Você acha que precisará de documentos se eu ordenar aos médicos que lhe atendam?-questinou grosseiramente-Acha que serei descuidado a tal ponto de leva-la para ser reconhecida e embora isto acontecesse, concluí que não tenho influências o suficiente para se fazer sumir a alma de quem lhe reconhece?-seu tom de voz cortante despertará meus medos e sentia minhas veias bombearem sangue mais rapidamente. Uma lágrima sorrateira vazou de meus olhos vermelhos ao pensar que a vida de meus pais estariam em risco nesta mísera cidade.
O silêncio preencheu o vazio de minha palavras e Christopher sentara-se ao meu lado da cama, puxando o rosto, que tentara esconder com tanto afinco de seus olhos.
-Eu não gosto quanto você chora...-adimitiu, tombando seu rosto ladinamente em tons melancólicos. Suas mãos arrastaram meu corpo contra o seu, preenchendo o frio do quarto com o calor de nossos corpos-Me desculpe por ser rude...-sussurou contra meus cabelos, agora, espalhados e desorganizados por seus braços-Estou aprendendo, Megan, espero que tenha paciência comigo...
Uma idéia perpassou a minha mente agitada, forçando o choro a retomar seu curso. Logo um suspiro contra sua camisa foi o suficiente para notar a dor visível em seu rosto.
-Não chore, não chore...-sussurava como uma canção de ninar em meus ouvidos, balançando-me frenecamente sob seu colo-Não tenha medo, Meg...Eu sei como é ser pai tão novo; o desespeiro que consume sua alma e o nervosismo que corrói suas veia. Mas o amor que sentira por essa criatura superará tudo o que jamais sentiu na vida...-suas mãos desceram para entrarem em contato com minha barriga coberta pelo tecido. Sua cueca, embora muito larga, servia-me de shorts sossegados-Se pensas que já amou; descobrira que o amor que sente nunca poderá ser superado por nada em vida. Se pensas que já teve medo; o seu maior medo será acordar e não poder abraça-lo. Se pensar que nunca houve coragem para matar; matara por ele-constatou abraçando-me com mais força, tentando transmitir qualquer coisa que estivesse presa em seu peito-Minha ex-mulher uma vez cogitou em abortar e antes mesmo que eu pudesse ver o rostinho de minha bebê, eu podia senti-la todas as vezes que chutava em sua barriga. A ligação que tinhamos não poderia ser ameaçada por ninguém. E se acaso ela tivesse feito, Megan, eu juro, teria matado-a sem remorsos!
-E onde está sua filha?-questionei limpando minhas lágrimas com as mangas da blusa. Seus olhos iluminaram-se e poderia me ver refletida perante a penumbra em que estavamos à pouca luz. Foi o primeiro sorriso que vira Christopher desmostrar e como imaginava, havia uma terrível e inconfundível covinha em sua bochecha direita-Segura!-constatou levantando-se comigo em seus braços, soltando-me ao chão relutante.
Caminhei até o corredor segurando contra o batente da porta. Já poderia sentir o cheiro do jantar ser preparado e os tempeiros tomarem o lugar do odor amadeirado e masculino. Meu olhar encontrou a grande silhueta de Christopher preparando o lugar ao qual me deitaria mais tarde, embora muito concentrado, minha voz persoadiu-o a me encarar:
-Sinceramente, não acho que alguém está a minha procura. Vocês mataram todos os meus amigos...-comuniquei a espera de flagar suas expressões culpadas, mas apenas a confusão reinou sob o franzir de sua testa e o contorcer de seus lábios.
Desci as escadas seguindo o cheiro maravilhoso, encontrando Antônio de costas para mim, imperceptível até então, enquanto cozinhava concentrado sem camisa, expondo seu físico inigualável e pele coberta por tatuagens sombreadas. Minhas respiração regular cedeu a frenética em questão de segundos. O choque perpessou a ponta dos meus dedos até completar toda a curvatura de meu corpo, alertando-me. E antes que pudesse correr, seus olhos se encontraram ao meus. Analisando-me. O verde esmeralda tornou-se quase negro. E como de manhã, quando pensara que iria me atacar, o homem cedeu dois passos a frente, rígidos e contidos. Suas expressões assutadas me diziam que estavam a ver uma miragem ou espécie de fantasma. Mais um passo e meus pés cederam a corrida para o quarto, a procura de Christopher, no entanto, o paredão de músculos chocou-se contra mim de forma brusca.
Suas mãos firmes agararam meus braços frágeis, recompondo-me de volta aos pés antes que meu corpo estivesse estirado contra o assoalho. Seus olhos castanho e profundos tinham um ar cômico e debochado. E logo o medo esvaiu-se, transformando-se em puro ódio.
-É divertido como foge de um cômodo se Antônio estiver nele...Será engraçado presenciar, já que, a cabana não possuí muitos...
-Pensei que Christopher estivesse alertado para não chegar perto de mim! Minha presença é tão almejada que não consegue se manter distante?-vociferrei perturbada contra seu aperto que não se afrouxava.
-Christopher pode querer muitas coisas, mas não quer dizer que nossas vontades sejam mútuas...-sussurrou tão perto e invasivo que senti seu forte hálito de menta empreguinar em minhas narinas.
-Não encoste em mim!-contra ataquei debatendo-me-Você não sabe do que sou capaz!-investi pisando em um de seu pés e chutando suas partes íntimas.
Seus olhos faiscaram por alguns instantes antes do golpe e logo o homem estava contido ao chão com a mão protegendo sua virilha. No entanto, sorria debochado de meu estado atônito e colérico. Minhas bochechas queimavam vermelhas e meus olhos semicerravam em descontentamente.
A risada estrandosa do loiro na cozinha ganhou minha atenção, debochando da situação em que Jhon se encontrava. Poderiam parecer homens comuns em uma situação desconcertante, porém, eram assassinos cruéis e eu nunca me esqueceria disto.
-Tem a quem puxar...-ouvi Antônio comentar antes da madeira dos degraus da escada se submeterem aos passos dele. Rapidamente, em conjunto, como se tivessemos praticado algum ato ilegal e escondessemos um segredo terrível em conjunto, voltamos a nos ditanciar em silêncio. Jhon levantou-se rapidamente entrando em uma porta escondida sob a sombra das escadas, ao qual, nunca tinha percebido. Antônio voltou a atenção no fogão desligando o fogo, enquanto sentei-me a uma das cadeira próximas a costumeira de Christopher; frente a janelas que desmonstravam toda a escuridão e silêncio que a floresta mergulhara.
As panelas fumegantes foram postas à mesa quando o assoalho protestava ao rastejar das pernas da cadeira. O ruivo sentou-se, assim como Antônio na ponta direita, adversa a de Christopher. Fui servida sem direito a opniar sobre a quantidade pré determinada. E mesmo achando demasiado, os pratos de Antônio e Christopher perpassavam os limites dos pratos. Logo, uma terceira montanha foi adicionada à mesa, quando Jhon sentou-se a minha frente.
-Aonde esteve a tarde inteira?-questionou o ruivo a Antônio concentrado em seu prato. O tom usado estava neutro e amigável, indicando que Antônio poderia escolher dar a resposta ao não.
-Terminei de fechar o carregamento. A nova colheita está próxima...-comunicou sem se importar com a minha presença-Bem...-suspirou pesarosamente-Aqui está tão quieto...-constatou e ambos concordaram balançando a cabeça.
O referido ambiente estava apenas recheado por sons de talheres se encontrando com os pratos e portanto produziam ruídos inadequados. Contudo, lá fora, não se ouvia o sons coditianos repletos que davam a floresta vida. Apenas a nossas respirações fazendo fundo sonoro ao profundo silêncio constragedor e misterioso.
-Está chegando a hora mais uma vez...Você limpou as espingardas?-questionou Christopher recluso à Jhon esfomeado.
Minhas pernas começaram a tremer em ansiedade contida. Meus dedos fraquejavam ao levar alimentos a minha boca. Minhas respiração já estava faltando. O que eles estavam tramando?
-Sim! Fiz essa tarde...-e de repente como veio, o assunto se desfez em migalhas e minha fome dissolveu-se com elas.
Quando estava prestes a me levantar a voz de Christopher preencheu o vazio-Sente-se e termine seu prato!-ordenou.
-Eu não estou com fome...-confessei prestes a vomitar.
-Você mal tocou o prato, Megan!-returquiu.
-Não estou com fome...
-Coma!-ordenou batendo contra a madeira do móvel, assustando-me de imediato. A bile subiu a garganta e sem mais delongas, corri em direção ao banheiro no andar de cima. Minhas mãos de imediato procuraram as borda do vaso agarrando-as em busca de apoio e segurança. Meu café da manhã e almoço revirados no estômago evacuaram-no. Meus cabelos foram segurados e minhas costas confortadas por suas mãos. O suor descia por meu rosto pálido até que os jatos de vômito cessaram.
Fraca e debilitada, consegui captar um som instigante e confortante preencher meus ouvidos. Como uma voz de um anjo em uma canção arcaica e desconhecida. Sorri encantada.
-Megan...-Christopher me tomou em seus braços, assustado. Seu coração acelerado incomodava seu peitoral forte quando meus ouvidos foram postos sob ele. Porém o som instigante me inebriava e meus pés imploravam para segui-lo-Vai ficar tudo bem, minha garotinha...-sua voz uma vez imponente, estava agora, se não, ininteligível.
Soltei-me, caminhando para o corredor com pouca luz, apenas por feichos da lua que adentravam a janela em seu fim. Agarrando-me as paredes caminhei em direção a escada conforme o som implorava para que eu os fizesse. Sorri, animada, passando por Jhon e Antônio atônitos no pé dos degraus perguntando-me coisas intangíveis.
A porta da cabana entre-aberta proporcionou-me a visão de escuridão completa que mergulhavam todos os seres. Meus pés em contato com a terra instigou-me a correr com a sensação arrebatante dos ventos em meus cabelos, da voz que sussurava em meu ouvidos almejando minha presença.
Gritos afogados eram dissimulados em minhas costas, mas a floresta parecia tão atrente a esse ponto que não me importei. A árvores pareciam distorcidas a esse ponto enquanto a adrenalina tomava meu peito. Apenas se via a camada gelatinosa dançando iluminada pelo manto de estrelas dispostas no céu.
Um lugar à minha espera...