somebody to love - taekook

By sxnochu

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❝Apaixonar-se por um homem nos anos 50 nunca foi algo que Taehyung ou Jungkook imaginaram. Especialmente quan... More

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PLAYLIST - SOMEBODY TO LOVE

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By sxnochu

@sxnochu: e é aqui... que tudo começa a desandar.

Taehyung continuou parado.

O silêncio reinou dentro da casa em Londres. Grandes cortinas cobriam as janelas, protegendo o exterior dos corações partidos que escorriam para o chão como vinho.

Taehyung olhou para cima muito lentamente, a marca vermelha de uma mão em sua bochecha.

Veronica estava parada na entrada da sala de estar, seus olhos escureceram inacreditavelmente, seu batimento cardíaco sendo ouvido por quilômetros. Ela se aproximou de Taehyung com os punhos cerrados.

– Um homem, você tem feito essas coisas com um homem? - Verônica disse suavemente, fervendo de raiva. Taehyung ficou em silêncio. Verônica pegou sua bolsa e jogou sobre ele, o couro duro o acertando no peito. Taehyung deu um passo para trás. – Um homem!  Verônica gritou. – O que há de errado com você? Quão baixo você tem que ir?

O silêncio de Taehyung emergiu como um sinal de sua atitude indiferente, pelo menos para Veronica. Então ela sorriu maliciosamente.
– Isso tudo é uma piada para você, não é? Por que você se importaria com tudo isso? Justamente quando sua esposa está preocupada porque sua mãe está doente! - Verônica gritou, tremendo de raiva. – Diga-me. Você o colocou em nosso quarto, em nossa... nossa casa antes?

– Sim. - Taehyung disse baixinho, olhando para baixo. Verônica congelou com a resposta repentina. Engoliu em seco.

– Quantas vezes?

– Por um mês ou mais. - Taehyung respondeu, brincando com sua aliança de casamento. – Na nossa cama também. - disse ele, finalmente olhando para ela. Ele sorriu, gradualmente. – Eu fodi com ele todos os dias enquanto você estava fora, Verônica.

– O-O que..? - começou a dizer, com os olhos arregalados. – O que há de errado com você? - ela disse, com a voz trêmula. Taehyung ainda estava sorrindo.

– Você parece preocupada.

– Você está louco. Isso... isso é o que você é. Nosso acordo era nos contar quando fizéssemos algo com outra pessoa! - Verônica retrucou. – Mas você não deveria fazer isso com homens.

– Por que não? - Taehyung perguntou, encostando-se na mesa do bar.

– P-Porque é errado, Taehyung! Por isso! - Verônica chorou. Taehyung riu, desviando o olhar.

– Acho que não sabia disso. - disse ele, olhando em volta sem fazer nada. Sem pensar. Verônica não aguentou. Ela caminhou até ele e o esbofeteou mais uma vez, com força. Taehyung colocou as mãos na bochecha, cravando as unhas e olhando para baixo. 

– Pare de se comportar como se isso não importasse. É alto importante! Você não tem permissão..! - Verônica começou bruscamente, mas Taehyung agarrou seu pulso com uma mão firme antes que ela pudesse fazer qualquer coisa novamente. Taehyung olhou para ela com os olhos cheios de raiva.

– Eu não posso?! - Taehyung rosnou baixinho. – Enquanto você fode todo homem que chega perto de você, hm? Eu não posso? - perguntou. Verônica olhou para ele com os olhos arregalados. – Por que você voltou, Verônica? Por que? - Taehyung perguntou rigidamente. Verônica olhou para ele.

– Minha mãe piorou. Eu vim falar com o diretor da escola para dizer a ele que ficarei fora por mais tempo. Vim trazer mais coisas para levar comigo. - ela começou, olhando para baixo. – Eu só queria ver se você estava bem antes de voltar.

– Estou bem. - Taehyung disse, virando-se. Ele se aproximou da mesa do bar lentamente, seus pés batendo no chão de madeira, o silêncio predominante simbolizando sua instabilidade. Taehyung ergueu uma garrafa de uísque, abriu a tampa e despejou em um copo vazio, mais do que o normal. – Se você já se importou comigo...

– Eu amo você. - Verônica zombou, ofendida com a acusação – Eu sempre me importei com você, Taehyung! Não se atreva a fingir que sou eu quem está errada aqui. De todas as coisas, de todas as pessoas, um homem? Você sabe como isso é ruim! Você só está fazendo isso para me irritar, Taehyung? É isso? - Taehyung ficou em silêncio.

Veronica caminhou até ele, parecia que estava prestes a explodir. 
– Você o usou para sua merda de sexo, não foi? Meu Deus, ele deve estar tão louco de amor por você, Taehyung. Eu ouvi as conversas no telefone, sabia? - Verônica disse suavemente. – Ele não sabe que tipo de homem cruel você é. Você fez de tudo para poder rir mais tarde, sabendo que quebrou a sanidade de sua esposa.

Taehyung agarrou o pulso dela, seus olhos escurecendo. Ele sorriu maliciosamente.
– É aí que você se engana, meu amor. - sussurrou e Verônica hesitou, franzindo a testa. – Talvez sim, eu fiz isso no começo para irritá-la, Verônica, você me conhece muito bem. Mas percebi que ele tem tudo o que sempre desejei em toda a minha vida. Tudo o que você não tem! - Taehyung cuspiu, lento, ameaçador – Tudo que eu preciso.

– Cale a boca! - Verônica estalou, afrouxando o aperto. Taehyung parecia enfurecido, como se estivesse prestes a explodir, para quebrar. – Não se atreva a dizer mais uma palavra. Não posso acreditar que você fez algo tão hediondo. Como você pôde fazer algo assim? Enquanto estou chorando por minha mãe doente? Você não tem moral, Taehyung? Você não tem coração..!

– Eu não te amo mais, Verônica! - Taehyung gritou de repente com a voz trêmula. Foi como se um vidro tivesse se quebrado, o único som na sala era o silêncio mortal que se seguiu às palavras de Taehyung. Ele olhou para ela lentamente, respirando pesadamente. – Não mais. - sussurrou.

Verônica congelou ali, seus olhos arregalados e seus lábios entreabertos. Taehyung olhou para ela e esperou. Seus olhos se encheram de lágrimas.

– O-O quê? - deixou escapar, sua voz falhando.

– Eu não te amo mais... O que tínhamos se foi. Há anos, quando nosso amor parecia tão quente como uma chama, mas... mas nós queimamos. Eu só... Eu não... - Taehyung disse.

– Como você pode dizer uma coisa dessas? - Verônica sussurrou fracamente. – Estou com você desde que éramos crianças. O que você quer? Você quer que eu cozinhe e... limpe e seja como Rósie? Você sabe que não sou esse tipo de mulher, T-Taehyung.

– Não quero que você seja esse tipo de mulher, mas também não quero estar com alguém como você. - Taehyung disse. – Não finja que se importa. Não finja que ainda me ama. Você não sente isso, Verônica? A ausência do que já tivemos? Você me magoou e não entende. Você acha que eu aguento porque sou um homem, mas não posso mais. Eu não suporto seus gritos, sua manipulação, a maneira como você me rebaixa porque... - ele estalou, respirando fundo. – Sua raiva contra os homens e, está descontando em mim, o único homem que realmente se preocupa com você. Você me colocou de lado anos atrás, Veronica. Você não achou que eu me importava quando você dormia com outros homens? Mas eu estava chorando como uma criança. Eu te amei, te amei muito, Verônica. Nunca quis ser o tipo de homem que dorme com outras mulheres, apesar de ter uma esposa.

Verônica estava atordoada, silenciosa, lágrimas brotando de seus olhos negros.
– Se você se importava tanto, deveria ter me contado então!

– Eu contei! - Taehyung gritou, a raiva tomando conta de si. – Eu disse que doía naquela época! Você não me ouviu, você só se preocupou com você mesma. Você sempre fez isso! Você é uma vadia egoísta e manipuladora, Veronica! - Taehyung rosnou no final, seus punhos cerrados. Verônica tinha lágrimas nos olhos, ela não conseguia olhar para ele.

– O-O que você quer de mim? Eu mudarei. Vou ser melhor... - Taehyung saiu da sala de estar.  Verônica soluçou, vendo-o com seus olhos embaçados. Ela enxugou as lágrimas e o seguiu. – Taehyung? - chamou desesperadamente quando o viu desaparecer no escritório. Ela esperou na porta. – Fale comigo, Taehyung! Podemos consertar isso. 

– Não podemos. - disse ele, abrindo as gavetas, procurando por algo. – Você não pode consertar uma coisa tão quebrada. - ele murmurou. Veronica olhou confusa enquanto Taehyung puxava um envelope. Ele caminhou em sua direção. Verônica olhou para o homem alto.

– Eu não sei o que você quer de mim, Taehyung. - começou a dizer, mas antes que pudesse terminar, o homem colocou o envelope em suas mãos.

– O que eu quero é o divórcio. - Taehyung disse suavemente, em voz baixa, seus olhos desaparecendo na luz. Verônica congelou. 

Ela olhou para o papel com grandes olhos vidrados e mãos trêmulas. Taehyung olhou para ela, um pouco mais calmo.
– O que eu quero é que nos separemos. Encontremos nossa paz em outro lugar. Eu não te amo. Você também não. Vamos resolver isso como deveríamos ter feito antes.

– Não. - Verônica chorou baixinho, olhando para ele.  – E-Eu não concordo com isso! Eu não vou te dar a porra do divórcio, Taehyung. 

– Eu já assinei os papéis, Verônica. - Taehyung disse, se afastando dela. Verônica olhou para ele em estado de choque enquanto se dirigia para a porta. – Tudo que você precisa fazer é assinar. - disse, sem olhar para trás. 

– Taehyung... Não faça isso. Onde você vai?  Com aquele garoto? Você está sendo irracional, Taehyung! Você não pode ser feliz com ele, você sabe disso, certo? O mundo não vai permitir isso. Eu não vou permitir! - disse Verônica, parecendo fraca, mais fraca do que nunca. 

– Essa não é sua decisão, nem do mundo. - Taehyung disse, pegando um casaco. – Assine antes de ir para a casa de sua mãe. - disse ele antes de sair pela porta e fechá-la atrás de si. Taehyung respirou fundo e saiu de casa.

Ele não sabia a hora ou o que iria acontecer, mas seus pés o levaram a algum lugar, seguindo apenas o ritmo de seu coração, não a confusão de sua mente. Taehyung se encontrou do lado de fora da casa de Jungkook. Ele bateu na porta e ela se abriu rapidamente. 

Jungkook estava lá, seus olhos e rosto vermelhos. E ao Taehyung, seus olhos se arregalaram. 

– O-Oh! - Jungkook deixou escapar. Taehyung envolveu seus braços ao redor dele com força, não o deixando falar. – Taehyung... - o garoto sussurrou, pronunciando seu nome como se fosse sagrado, o medo que estava em seu coração desaparecendo. – Diga-me que Rosie não está aqui. - Taehyung perguntou, abraçando-o. Jungkook o levou para dentro de casa e fechou a porta. 

– Não está. Ela acabou de pegar um táxi para a estação de trem. - sles se olharam por um momento, antes de juntarem os lábios. 

Taehyung o beijou calorosa e suavemente. Jungkook tomou seus lábios como se fossem fugazes, como se fossem desaparecer mais rápido do que apareceram.

Taehyung se afastou do beijo, respirando contra seus lábios rosados.

– T-Taehyung, o que aconteceu com Veronica? - Jungkook perguntou, assustado, olhando para o homem de cabelo dourado. Taehyung engoliu em seco.

–Não há muito a dizer. Nós brigamos, como sempre. Ela ficou horrorizada, esperava que ficasse mesmo. Começou a chorar, não sei por quê... - começou a dizer, fechando os olhos.

Jungkook o abraçou com força e Taehyung retribuiu o abraço, relaxando ao toque.
– E-Ela disse para você ir embora ou algo assim? - Jungkook perguntou, mordendo o lábio em preocupação. Taehyung deu uma risadinha.

– O oposto. Eu disse a ele que queria o divórcio. - Taehyung disse e os olhos de Jungkook se arregalaram.

– O que?! - Jungkook gritou, com a boca aberta. – Você... conseguiu? Oh meu Deus... ela... ela concordou com isso? O que... o que ela disse? Você acabou de... você acabou de dizer isso a ela? O que..!

– Acalme-se! - Taehyung disse suavemente, com amor. Jungkook parou de falar e então caminhou com Taehyung para seu quarto. 

Eles entraram no pequeno cômodo, Taehyung olhou em volta e Jungkook sentou-se na cama, Taehyung ao seu lado. 

– Ela disse não, é claro. Mas eu disse a ela que não a amo mais. Eu disse a ela que isso é o que eu quero, e que ela deveria assinar antes de partir. - Taehyung disse, desviando o olhar. 

Jungkook escondeu o rosto no ombro do loiro por um segundo. Apesar de quão terrível foi, Jungkook não pôde deixar de se sentir feliz. Ele olhou para Taehyung, que sorriu um pouco. 

– Você está feliz com isso, não é, anjinho? - Taehyung perguntou. Jungkook balançou a cabeça e olhou para ele.

– Não. É terrível. Sinto muito! - ele disse rapidamente. Taehyung colocou a mão na coxa do garoto, olhando para baixo. 

– Está bem. Eu me sinto livre. Não sei porque. É algo que eu queria há anos, mas nunca tive coragem de dizer em voz alta. - Taehyung disse, arrastando as palavras. Jungkook ergueu o queixo de Taehyung e seus olhos se encontraram.

Olhou para ele por alguns segundos, antes de beijá-lo suavemente. Taehyung o beijou de volta. O menino se afastou e roçou seus narizes.

– Estou orgulhoso de você. Você me dá coragem, Taehyung!

– Eu? - Taehyung cantarolou, sorrindo. Jungkook riu.

– Sim. Você. - Taehyung agarrou Jungkook de repente, puxando-o para seu colo.

Jungkook engasgou de surpresa e bateu levemente no peito de Taehyung, que caiu em sua cama e Jungkook em cima de si. Eles se beijaram mais algumas vezes, gentilmente, rindo. Jungkook riu em seus lábios e Taehyung nos dele, massageando a pele macia sob sua camisa, fazendo o garoto reclamar.

– Você está usando maquiagem? - Taehyung disse de repente, erguendo as sobrancelhas. Jungkook parou por um momento.

– S-Sim... E-Eu só... eu usei para me divertir. Sinto muito. - ele disse rapidamente, desviando o olhar, envergonhado.

– Você está lindo. - Taehyung disse. Jungkook o olhou com olhos grandes e o beijou novamente, desta vez com mais força. 

Taehyung sorriu com seu entusiasmo, circulando sua cintura. Eles adormeceram após uma hora de conversas e beijos, abraçados.

☼☼☼

Jungkook fez uma xícara de café quente para Taehyung e colocou-a na mesa em frente dele.

Taehyung ergueu os olhos, parecia estressado, mesmo tão cedo pela manhã. 

– Ei. - Jungkook disse calmamente. Taehyung olhou para a xícara de café e sorriu. 

– Obrigado, baby.

– Está bem? - perguntou. Taehyung engoliu em seco, balançando a cabeça.

– E-Eu não tenho certeza. Não posso deixar de sentir que cometi um erro. - Taehyung murmurou, mastigando suas palavras. Jungkook sentiu um nó no coração, mas esfregou o ombro de Taehyung para tranquilizá-lo.

– Não se preocupe. Tudo vai se consertar. Você queria isso há muito tempo, não é? Portanto, não se preocupe, meu amor. O tempo resolve tudo! - Jungkook disse calmamente.

Taehyung envolveu um braço em volta de sua cintura e pressionou a testa contra seu abdômen em um agradecimento silencioso. Jungkook acariciou seu cabelo, sorrindo. Eles tomaram o café da manhã, leram as notícias, fizeram pequenos comentários.

Taehyung ajudou Jungkook a limpar, não ajudando muito, ao invés disso, atrapalhando. Jungkook não pôde deixar de sorrir com as tendências infantis do homem mais velho. Ambos tomaram um banho, longo, até que seus dedos ficassem enrugados.

Eles estavam perdidos nas águas borbulhantes e nas risadinhas suaves que irradiavam um do outro.

Depois do banho, se vestiram para o trabalho. Taehyung pegou emprestado algumas roupas de Jungkook. E voltaram horas depois. Jungkook voltou mais cedo. Taehyung entrou no pequeno apartamento e gemeu, pegando Jungkook no colo, ignorando seus gemidos de protesto e levando-o para a sala a fim de mimá-lo.

Seus beijos ternos e suaves rapidamente se transformaram em mais luxuriosos e quentes. Jungkook acabou sentando em Taehyung, que estava dirigindo seus movimentos.
Jungkook achou isso muito emocionante enquanto corava, agarrando o cabelo de Taehyung e movendo-se para cima e para baixo. Ambos gozaram. Eles ficaram na cama por mais um tempo, mas depois se levantaram para se limpar.

Jungkook tirou a lasanha da geladeira e a aqueceu. Taehyung beijou seu pescoço e agradeceu muitas vezes. Os dois jantaram e foram dormir satisfeitos. Jungkook não pôde deixar de pensar em como ele era perfeito e como não se importaria de passar todos os dias assim. Domesticidade, saudade, doces beijos e risos, amor.

O amor.

Jungkook não sentia nada além disso enquanto olhava nos olhos de Taehyung. Não podia deixar de desejar que pudesse tê-lo daquela maneira para sempre.

☼☼☼

Duas semanas se passaram assim.

Uma noite, depois de um longo dia na faculdade de direito e lidando com seus irritantes colegas de classe, Jungkook voltou para casa na esperança de encontrar Taehyung, mas não encontrou.

Ainda assim, fez o jantar enquanto esperava por ele. Mas Taehyung não voltou a noite toda. 

Jungkook estava nervoso. O que pode estar errado? Talvez Taehyung tenha ido para a casa dele por uma noite... Isso poderia ser possível.

A ausência de Taehyung era preocupante, especialmente agora, que Jungkook se sentia mais apegado a ele do que nunca. Jungkook não tinha certeza do que era amor. Ele não tinha certeza se já havia sentido isso, mas agora, naquele momento, parecia que o amor era tudo.

Estar apaixonado... Parecia estranho, mas tão bom.

Taehyung nunca saiu da mente de Jungkook, ele sempre esteve lá; mentalmente, mas não fisicamente. Era incompreensível, mas era o que mantinha Jungkook estável, era sua estabilidade em um mundo cheio de caos.

Essa sensação era tão estranha; espalhou-se por todo o seu corpo. Foi esmagador, mas o fazia se sentir completo. Não tinha limites, nem comprimento, nem profundidade; era absoluto.

Parecia que Jungkook estava em um incêndio perigoso, mas completamente seguro ao mesmo tempo. Parecia que seu coração estava dançando em seu peito; e um buraco, que ele nunca soube que existia, agora estava cheio.

Ele se sentia tão leve, como se estivesse no topo do mundo, mas seu coração estava se contraindo e ele sentia que não havia oxigênio em seus pulmões. Jungkook tinha uma queda por Taehyung e não podia acreditar que acabara de perceber isso. Ele sentiu como se fosse cair a qualquer momento com a pulsação opressora de seu coração.

O único zumbido em sua mente era aquele que implorava para que contasse a Taehyung e fosse honesto. Mas, ao mesmo tempo, parecia que as coisas poderiam ficar terrivelmente ruins. Ouviu uma batida rápida contra a porta, então virou a cabeça contra ela com os olhos arregalados. Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. Só poderia ser Taehyung, ninguém mais.

Jungkook correu até a porta e a abriu. O trovão estourou lá fora, a chuva caindo pesadamente. Taehyung estava lá, completamente encharcado.

– Taehyung? - Jungkook disse, confuso com a condição do homem. Os olhos de Taehyung se arregalaram. Era como se ele tivesse acabado de decidir algo. Como se ele tivesse acabado de encontrar algo. Como se ele acabasse de perceber algo. Ele deu um passo em direção à casa de Jungkook.

– Jungkook. - ele sussurrou suavemente. Parecia fraco, atordoado, perdido. Jungkook colocou as mãos nos braços de Taehyung, que simplesmente ficou mole e se soltou de seu aperto. 

– Taehyungie, o que foi? - Jungkook disse, acariciando seu cabelo molhado. Ele podia ouvir um soluço e se afastou para olhar de perto, sentindo-se confuso quando encontrou o homem sorrindo. 

– Jungkook. - Taehyung disse novamente, sorrindo amplamente. – E-Eu não consigo imaginar isso. Eu não posso acreditar! - Taehyung disse rapidamente. Jungkook sorriu levemente, confuso pelo que o homem parecia tão exultante. 

– O que aconteceu? - Jungkook perguntou, agarrando seus braços. Taehyung o agarrou pela cintura com força, parecendo que sua felicidade o oprimia. Mas ele não disse nada, apenas se afastou do menino. Jungkook riu de sua estranheza e baixou a cabeça. Seu coração batia rápido. Queria dizer isso. Ele queria dizer a Taehyung como estava apaixonado por ele.

Taehyung virou a cabeça, olhando pela janela para a chuva, respirando pesadamente, sorrindo. Jungkook engoliu em seco.
– Por que você veio até agora? O que está acontecendo? - Taehyung colocou as mãos no rosto, sorrindo amplamente, se virando. 

A respiração de Jungkook engatou. Se ele não dissesse agora, talvez nunca fosse capaz.
– T-Taehyung? - Jungkook disse baixinho. – Taehyung, eu acho que... todo esse tempo que passamos juntos, que nos tornamos tão próximos... Eu acho que eu poderia... Eu poderia ter me apaixonado po ... - Jungkook disse com um sorriso.

– Jungkook! - o homem disse, arrastando as palavras, e então se virou, seus lábios se curvando em um sorriso. – Verônica está grávida! - Taehyung disse, interrompendo-o. 

Jungkook congelou. Ele congelou no lugar. Uma dor surda se espalhou por seu peito como um fogo ardente, seus olhos se arregalaram e seus joelhos quase dobraram com suas palavras. Jungkook olhou para ele, chocado, incrédulo, um terremoto de emoções vibrando em seu estômago. Nenhuma palavra saiu. Não conseguia falar. 

– Ela está grávida há um mês ou mais. Ela foi ao médico na casa da mãe. Foi isso que ela veio me dizer... eu... - Taehyung disse, passando a mão pelo cabelo, balançando a cabeça.

Não podia acreditar. Jungkook parecia quebrado, como um vidro frágil que tinha sido feito tão perfeitamente, tão intrincadamente, tão precisamente, finalmente quebrando em pedaços de uma vez, jogado no chão por toda a eternidade. 

– Isso é... - começou a dizer, engasgando, as palavras não saíam. – I-Isso é bom.

– É incrível! - Taehyung disse, parecendo muito feliz. – Eu queria um filho por... por tanto tempo, Jungkook! Finalmente está acontecendo. - ele sorriu, olhando para cima. – Honestamente, não posso acreditar. Ela me disse hoje. Ele voltou para casa há duas semanas e agora está confirmado.

Jungkook sentiu lágrimas em seus olhos, ele não pôde evitar. Mas sorriu. Ele sorriu para Taehyung.

– Estou tão feliz por você. - respirou, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. – É sua? Tem certeza? - sussurrou esperançoso. 

– Sim. Os médicos fizeram um daqueles testes de DNA bem futurísticos... Ele é meu filho. Nosso... é nosso filho! - Taehyung disse, as mãos entrelaçadas. – Ela foi dormir, então eu vim aqui para te contar. Eu... Deus, mal posso esperar para descobrir se é menino ou menina. Vamos decorar a casa para caber ele ou ela, não importa o que seja.

Jungkook se conteve, conteve os soluços, os gritos, a devastação absoluta que sentiu naquele momento. Em vez disso, ele piscou, olhando para Taehyung, que o encarou e então se aproximou para abraçá-lo com força. 

– Obrigado. - Taehyung disse suavemente, e Jungkook agarrou sua camisa, pressionando a cabeça contra seu pescoço, tremendo, mas não deixando transparecer muito. – Eu sinto que você me fez um homem melhor, Jungkook. Quase parece que isso entre nós, mesmo que tenha sido breve, me fez alguém com quem me sinto mais feliz.

Jungkook agarrou sua camisa com mais força.  – Acabou? - perguntou, fraco, leve, com palavras mal coerentes. Taehyung olhou para Jungkook. Era como se a empolgação com a notícia tivesse corroído sua capacidade de sentir a dor do menino. Taehyung sorriu afetadamente.

– Não foi lindo enquanto durou? - Jungkook tentou não chorar, mas não conseguiu evitar, as lágrimas correram por seu rosto. Taehyung pegou o rosto dela nas mãos. – Não chore, lindo. Não faça isso. Você sabe que ainda vou continuar falando com você, não sabe? - Jungkook começou a chorar mais alto, sabendo o quão horrível deve ter parecido para Taehyung, que acabou de lhe dar essas boas notícias, e sua reação foi chorar como uma criança.

Mas não pôde evitar, cobriu a boca com as mãos, incapaz de respirar, incapaz de ver. 

– Querido? - a voz de Taehyung disse, mas era como se Jungkook estivesse preso em si mesmo, na escuridão ao seu redor, e Taehyung estivesse muito longe, muito, muito longe. 

– Vá embora. Por favor, vá... - Jungkook deixou escapar, sem saber o quão alto ou silencioso estava falando, sem saber se Taehyung tinha ouvido, sem saber se conseguia respirar.

E Taehyung saiu.

Jungkook foi deixado sozinho, deitado no chão, gritando a plenos pulmões, chorando, soluçando, lágrimas caindo sem parar, sua garganta rouca dos gritos que soltou diante das circunstâncias que arruinaram o único amor que sentiu em toda sua vida.

Uma criança por nascer e um amor destruído.

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