Três Palavras (Revisão)

By Romo_Honey

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O pecado de Victoria Sandoval foi ter tido uma filha com João Paulo, pelo menos é isso o Bernarda Iturbide di... More

Capítulo 1 - Million Reasons

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By Romo_Honey


"Eu me curvo para rezar

Tento fazer o pior parecer melhor

Senhor, me mostre o caminho

Para cortar através de todo esse couro desgastado

Tenho cem milhões de motivos para ir embora

Mas amor, só preciso de um bom motivo para ficar

Minha cabeça está presa em um ciclo, eu olho para fora e encaro o nada

É como se eu parasse de respirar, mas completamente consciente disso

Porque você está me dando um milhão de motivos

Me dá um milhão de motivos"

O crucifixo na parede não era o suficiente para limpar a mente de Bernarda Iturbide os pesadelos assolavam suas noites dia após dia, não havia um único sono de paz, todo dia a mesma lembrança estava presente em sua mente, o fatídico dia em que expulsou Victoria grávida de sua casa, a mulher acorda olhando para o cômodo vazio, estava suando os olhos verdes daquela pecadora infeliz atormentava sua mente depois de vinte e dois anos, ainda se lembrava do desespero dela se humilhando pedindo para que tivesse piedade, se levanta da cama tocando na cruz sagrada fazendo o sinal de Cristo.

Não podia deixar que um sorriso aparecesse em seus lábios, sua língua brincava por seus lábios, o sofrimento daquela pecadora era delicioso aos olhos de Bernarda. Mereceu perder a filha e aquela perda era pequena ainda, como desejava retirar dela tudo, até sua mais profunda essência, leva a boca no crucifixo beijando os pés de Jesus. Tudo o que Victória fez ao desviar seu filho do bom caminho não ficaria impune, ela jamais perdoava quem se perdia dos caminhos divino, queria Victória na amargura e na mais profunda dor. 

Entretanto seu sorriso vai morrendo conforme as recordações de que seu filho João Paulo havia se envolvido com aquela descarada retornavam a sua memória de forma vivida, seu amado e único filho que ela tinha criado para servir a Deus e apenas Deus, havia se envolvido com uma empregada estúpida, porém dona de belos e demoníacos olhos verdes, mas sua beleza não era o suficiente para esconder a pobre coitada que era, alguém que não tinha onde cair morte. Mesmo diante da imagem de Cristo os olhos de Bernarda eram carregados de desprezo, jamais toleraria que João Paulo se envolvesse com mulher alguma.

Tocando o próprio pescoço podia sentir o suor, algumas gotículas escorriam por sua pele, seus dedos faziam um caminho em direção a abertura da blusa de cetim de seu pijama, fechando os olhos por alguns segundos conseguia ao mesmo tempo que conseguia amaldiçoar essa mulher que era responsável por desviar seu filho do bom caminho, era capaz de sentir coisas que não eram corretas para alguém como ela. Afastando a mão de seu próprio corpo Bernarda olha para o quarto ao seu redor, sentia ódio com o triunfo de Victória no ramo da moda, a incomodava absurdamente que tivesse se casado com Osvaldo Sandoval, a fomentação dos sentimentos ruins que nutriam apenas aumentavam com o sabor amargo de que seus planos tivessem a levado a ter uma vida de rainha, era demais para uma rata.

No final, depois de tudo aquela filha do demônio tinha tido uma vida feliz, porém Deus era bom e nunca permitiria que Victória encontrasse sua filha, jamais permitiria que ela sequer chegasse perto da criança que perdeu e se tivesse sorte a menina já estava morta. Pegando o terço que tinha na cômoda ao lado da cama levando em sua boca beijando-o, esperava com ansiedade o dia de reencontrar com Victória pessoalmente, já tinha passado da hora dela, Bernarda de Iturbide atormentar a culpada por colocar seu filho a prova, a pecadora que tentou João Paulo e quase o fez abandonar o seminário, mas ela nunca permitiria que seu filha abandonasse o sacerdócio, era a sua salvação das chamas do inferno.

Passando o crucifixo do terço pelos lábios, Bernarda os entreabre sussurrando. — Victória, Victória, você vai arder no meu inferno. — Fecha os olhos com um sorriso em lábios, não estava cometendo nenhum erro, apenas puniria Victória, uma punição em nome de Deus e tudo que era em nome do Criador era perdoável. Afinal desviar um homem do caminho da fé e gerar um bastardo fruto de uma qualquer com um homem de Deus era abominável, uma filha do pecado, apenas em pensar que aquela maldita criança havia se perdido e que estava viva, caminhando pelo mundo a fazia perder qualquer senso de humor, seus olhos retornam para a cama olhando o cetim, o dia que viria a seguir seria muito longo, mas não para ela.

Ainda olhando o marido adormecido, Victória sorri fracamente terminando de abotoar a camisa, pegando a bolsa sai do quarto em silêncio, Osvaldo tinha chegado tarde na noite passada, um leve suspiro escapa de seus lábios, não sabia o que pensar, existiam incertezas demais em seu relacionamento com Osvaldo e algumas dela começavam a incomodar. 

Entrando na sala de jantar, Victória podia ver Max sentado já ali, por outro lado não havia sinal de Fernando como era de praxe, com um sorriso caminha até ele. — Bom dia filho. — Diz vendo-o levantar beijando seu rosto.

— Bom dia mãe... Dormiu bem? — Pergunta a observando, estava notando que nos últimos dias Victória e seu pai estavam se afastando e que a mãe estava abalada com tudo, principalmente após a última briga dos dois.

— Estou bem e também atrasada, hoje tenho que chegar mais cedo na empresa, os preparativos para o desfile que estamos organizando para esse final de semana parecem não ter fim... Não encontro modelos qualificadas, nada parece certo. — Respira fundo passando a mão pela testa.

— A senhora sabe que o desfile será um sucesso, afinal quem está organizando é Victória Sandoval, impossível não dar certo. — Olha com um sorriso, tinha orgulho da mulher que era sua mãe.

Retribuindo o sorriso, toca a mão de Max. — O que seria de mim sem você meu filho? — Pergunta com um tom de melancolia. — Mas agora tenho que ir, iremos nos ver na empresa e não se atrase. — Se levanta dando um beijo na testa do filho saindo de lá.

Balançando a cabeça Max sorri vendo a mãe como sempre correndo por causa do trabalho, nem ao menos o café havia tomado corretamente, porém não conseguia a julgar ele tinha plena consciência do que aquela empresa significava para ela e o quão difícil era ser uma mulher no ramo empresarial. Victória Sandoval para ele era um exemplo a ser seguido por mais dura e distante que as vezes pudesse ser, mas ele sabia que a mãe sempre fazia tudo em prol da sua família, por mais que a irmãos não fossem capazes de perceberem isso ele enxergavam, entretanto não negava a magoa que nutria em alguns momentos, mas nenhum relacionamento era feliz a vida toda, nem mesmo entre pais e filhos, suspira de forma pesada terminando o café sozinho.

Victória, por sua vez, quando chega na empresa caminha direto para sua sala, queria ficar sozinha, solicitando que ninguém a incomodasse, haviam muitas coisas para avaliar, respira fundo pegando os desenhos que seriam apresentados, queria analisar um por um, não cometeria o erro de deixar nada passar. Ajeitava pequenas coisas que eram passiveis de mudanças, um conserto que era fácil de ser realizado até o dia do desfile. Levando o lápis na boca estava focada no que fazia, sua mente estava sendo sugada pelo trabalho.

Ouvir a porta ser aberta faz que toda concentração de Victória se esvaia de sua mente, levantando o olhar irritada estava pronta para mandar a pessoa sair, mas suas irises logos são substituídas de irritação para ódio e desprezo, a secretária não sabia o que fazer diante da invasão.

— Se retire. — Victória diz para a jovem sem retirar os olhos da mulher que estava diante dela, enquanto a jovem só assentia retirando-se.

Bernarda tinha um olhar de superioridade para Victória, porém a dona da empresa devolve a mesma expressão, um sorriso de canto aparece nos lábios de Bernarda que se senta na cadeira de a mesa da empresária. — Victória, como o destino é interessante não acha? — Toca os lábios com o dedo indicador e um sorriso zombeteiro. — Como poderíamos dizer que hoje nós duas estaríamos aqui hoje, finalmente depois de tantos anos... Pecadora. — Seu olhar endurece com um brilho intenso nas orbes escuras que escondiam a malicia ao baixar a visão para a camisa branca com o corpete que Victória usava.

A mãe de João Paulo nunca negou que os olhos da mulher diante dela a fazia querer cometer muitos pecados e alguns deles não conseguia nem ao menos dizer em voz alta, mas sua mente conseguia criar muitas ilusões que a fariam até as mais devassas das mulheres se sentirem uma santa perante seus pensamentos. Mas logo seus olhos estavam novamente nas irises verdes de Victória, entre o ódio e o desejo havia apenas uma linha tênue que nenhuma das duas mulheres conseguia distinguir.





AMADAS DA HONEY!

A História está passando por pequenas mudanças, mas logo está aqui, espero que apreciem.

Beijos de mel para vocês.

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