Capítulo 1-Romeu e Julieta

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"Não quero me precipitar
Sentindo coisas que eu nunca senti
É meio difícil para eu explicar
A personalidade dela e tudo
Me deixa de joelhos, ooh"
—Beyond (Leon Bridges)

Serkan mal podia acreditar que estava dirigindo em direção ao aeroporto para pegar seu avião particular em direção à Itália para férias. Quem, em sã consciência, diria que ele faria tal loucura alguma vez na vida? Certamente ninguém.

Mas, por Allah, ele mal podia acreditar que o amor o fez um detento apaixonado, capaz de mover montanhas pela sua menina fada.

Quando seus pensamentos se voltam para ela (o que estava se tornando um hábito comum, haja vista que ele dormia pensando em Eda e acordava pensando em Eda), seu olhar automaticamente sai por alguns segundos da estrada para ver sua garota ao seu lado, que exibia um sorriso exuberante, deixando à mostra sua covinha, uma das características mais apaixonantes dela. Ela era perfeita.

Deixava-o louco, ao ponto de sair correndo pela rua gritando, mas, de certo modo, era o que lhe fazia perfeita. E, mesmo que já tivesse tido relacionamentos passados, somente nesse ele soube o que era estar verdadeiramente apaixonado e em como o amor era uma sentimento forte, que ele nunca se mostrou e se achou merecedor de receber tal.

Mas Eda tinha um poder estranho de fazer ele se sentir amado e importante. E por isso que, de agora em diante, ele pretendia nunca mais largar a garota, a não ser que ela queira ir
Esse tipo de pensamento assombrava sua cabeça e ele se forçava a pensar em outra coisa que não fosse na possibilidade futura de ser deixado por ela. Isso, certamente, o deixaria doente e ele não gosta de imaginar o quão terrível isso seria.

Pela primeira vez, em vários anos, ele podia admitir a si mesmo que estava feliz. Era uma felicidade totalmente genuína que deixava seu coração (sim, porque há um coração nele, acredite ou não) quente e trazia uma sensação de conforto e de bem-estar fora do normal. Queria saber, no fim das contas, qual o segredo dela em torná-lo uma pessoa assim. Eda realmente era diferente e ele nem sentia que merecia alguém tão incrível como ela.

Enquanto isso, Eda não podia medir sua alegria. Estava, finalmente, indo à Itália. Para estudar, como era o foco desde o início, mas, diferente do que imaginava, estava indo acompanhada da pessoa mais improvável do mundo. E, por mais surreal que isso possa soar, ela estava radiante e não conseguiria disfarçar isso para ninguém. Tinha suas inseguranças, já que há pouco tempo que Serkan declarou-se a ela e até então estavam num relacionamento estilo Romeu e Julieta: escondido, mas cheio de amor. E, sem ninguém saber, estão indo para a Itália juntos. Serkan avisou que estava indo à trabalho (pois férias soaria totalmente estranho aos ouvidos de qualquer um) e Eda para terminar os estudos (o que não deixa de ser mentira), mas ninguém consegue imaginar que estão os dois juntinhos, como dois pombinhos apaixonados.

Isso seria difícil de admitir a qualquer um, mas, no fundo, os dois estavam extremamente felizes em finalmente seguirem seu coração.

—1 real pelos seus pensamentos—Eda quebra o silêncio, segurando a franja que insistia em cair nos seus olhos pelo vento avassalador.

Serkan abre um sorriso largo e olha novamente para ela por meio segundo.

—Você vai realmente me pagar se eu falar o que penso?—ele pergunta em tom de brincadeira.

Ela levanta o lábio superior, em sinal de desprezo.

—É claro que não, seus pensamentos nem valem isso tudo—ele levanta as sobrancelhas, como um pedido para explicar—Só quis saber pra puxar assunto.

Ele abre um meio sorriso e balança a cabeça em sinal positivo, sem tirar os olhos do trânsito.

—Vamos ter muito o que falar durante todo esse tempo que vamos ficar juntos—ele fala, deixando bem enfatizado que pretende ficar, se puder, 24h juntinho a ela.

—Mas você sabe que não pretendo ficar falando o tempo todo, já que temos muito mais o que fazer...—ela falou em tom malicioso, e Serkan entendeu tão rapidamente o segundo sentido que quase bateu no carro à sua frente—Serkan!

—Allah, Eda!—ele diz assustado, diminuindo a velocidade—Você fala esse tipo de coisa desconcertante enquanto estou no volante?

—Serkan, eu quis dizer sobre os nossos planos de passeio nos jardins botânicos e pontos turísticos em Roma e não outra coisa!—ela fala, exaltada.

Ele faz uma careta engraçada.

—O que posso fazer se você deixa subentendido que queria a outra coisa?—ele pergunta e ela ri.

—E se eu quisesse deixar subentendido também?—fala, com um sorrisinho brincalhão estampado na boca.

Ele ri.

—Eda Yildiz, você me deixa louco—fala, sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

Louco de amor, só se for.

—Nossos sentimentos são mútuos, Serkan Bolat—ela diz, voltando seu olhar novamente para a frente, quase chegando ao aeroporto, onde tudo iria se concretizar.

🧚‍♀️

Ao entrarem no avião, Eda percebeu que o avião não estava totalmente como esperava. Além de Serkan estar a própria definição de cavalheiro, lá dentro da aeronave estava um belíssimo e enorme buquê de peônias esperando por ela e um balde de gelo com champanhe. Ela sorriu quase que instantaneamente.

—Queria te dar bem mais, mas sei que isso não importaria—ele diz—E pretendia encher esse avião de flores, mas talvez não chegasse vivo na Itália de tanto tossir.

Ela se virou para ele, ainda sorrindo.

—Só de estar com você, me sinto completa—ela passa os braços pelo pescoço dele e se dá conta do que acabou de falar—Que estranho estar falando essa palavras para Serkan Bolat.

Serkan, que estava com os braços ao redor da sua cintura, abriu um sorriso.

—E quem diria que eu estava fugindo do trabalho para ir à Itália?—ele diz e arregala os olhos, em surpresa—E com Eda Yildiz.

Eda aproxima o rosto do dele.

—E por que isso parece tão bom?—ela pergunta, com seu hálito fresco roçando na barba do cara à sua frente.

—Não sei—ele a beija, rapidamente—Mas eu gosto disso.

Ela sorriu e beijou novamente Serkan, dessa vez mais demorado e mais quente, cheio de amor. Poderiam ficar nisso por horas, mas precisavam se preparar para decolagem.

Mas claro, após minutos depois da decolagem, fizeram questão de ficar sussurrando no ouvido um do outro, em alguns momentos oportunos, palavras de verdadeiros adolescentes apaixonados vivendo um primeiro amor. Serkan abriu o champanhe, serviu uma taça para ele e Eda, enquanto curtiam e conversavam sobre assuntos banais que pareciam pertinentes. Sorrisos, risadas altas e beijos roubados foram os principais participantes, até cansarem e jogarem as taças de lado, fazendo Eda descansar no peito de Serkan, enquanto ele acariciava seus cabelos, já que não conseguia pegar no sono totalmente.

Se sentia extremamente sortudo e feliz, mas sentia, lá no fundo, que isso não iria durar põe muito tempo.

Uma dose de Itália (EdSer)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz