Beyond Borders • Criminal Minds

The pride comes before the fall

Cyrus citava nomes, e durante esse ato, Reid veio até mim.

— Ele parece afetado — murmurei.

Ao não receber nenhuma resposta, me virei para o homem ao meu lado, que encarava os machucados em meu rosto com preocupação.

— Não é tão ruim quanto parece.

— Sinto muito — suspirou.

Eu sabia que após tudo isso acabar, e se sairmos vivos, ele iria questionar minha ação de me entregar à Benjamin, dizendo ser agente federal.

— Porque ele está citando esses nomes?

— São as pessoas que falharam no teste de lealdade dele — Spencer explicou — Vou avisar a equipe, espere um sinal lá de fora para saber a hora em que o ataque vai acontecer.

Após isso, ele se afastou e foi até Cyrus. Então percebi que Spencer fingia estar do lado dele.

Notei que passei um dia inteiro dormindo após ter minha cabeça usada como quebra-espelhos. Já era noite e haviam me levado novamente ao quarto.

A escuta implantada na caixa possuía uma conexão com um satélite que permite a audição de tudo em um raio de dois quilômetros, então havia chance de poderem me ouvir mesmo daquele quarto.

Levantei a persiana da janela com o pé, não arriscaria me levantar para mostrar meu rosto lá.

— Se conseguem me ouvir, posso tentar levar as mulheres e crianças para o túnel, mas preciso saber que horas virão.

Então um laser invadiu o quarto. Eles conseguiam me ouvir.

— Que horas?

O mesmo piscou três vezes.

— Às três da manhã?

O laser subiu e desceu pela parede em um gesto de confirmação.

— Reid está em algum lugar do primeiro andar, junto com o Cyrus — parei de falar ao ouvir passos no corredor — Está vindo alguém.

Era a mãe de Jessica, mulher cujo eu ainda não sabia o nome.

— Cyrus pretende fazer um suicídio em massa — falei após beber um gole da água que ela me ofereceu.

— É tudo culpa minha, eu não deveria ter ligado para a emergência...

— Estava protegendo sua filha, e ainda tem a chance de fazer isso — suspirei — O FBI irá invadir às três da manhã. Leve as mulheres e crianças para os túneis, sei que é uma mulher forte o bastante para fazer o que puder pela Jessica.

[...]

— Já são duas e quarenta e cinco, precisamos ir rápido, eles espalharam explosivos por todo o lugar.

Ela retornou e me soltou, me puxando pelo pulso enquanto andávamos por diversos corredores.

Conforme descemos e adentramos os túneis, pude encontrar Morgan e Rossi.

— Precisamos tirar você daqui — Rossi afirmou.

— Não! Eu tenho que achar o Spencer, eles vão explodir esse lugar — falei preocupada.

— Eu vou achar o Reid, você vai para um lugar seguro, entendeu? — Morgan me encarou sério.

Assenti, sabendo que não haveria outra opção, então ajudei a retirar todas as mulheres e crianças de dentro do lugar, até que tudo foi pelos ares, se explodindo.

Meu corpo se congelou ao ver que ninguém saía de lá.

— Reid? Morgan? — gritei.

Hotch parou ao meu lado, encarando a cena com o mesmo terror que eu. O nervoso corria por todo o meu corpo, me tomando por completo de maneira sufocante, não poderia perder os dois.

Só percebi que prendia a respiração, quando vi ambos saírem do lugar, escorados um no outro, e respirei fundo, cobrindo meu rosto com as mãos, estava prestes a começar a chorar apenas pelo susto que levei.

Andei pelos escombros, abraçando Spencer com toda a minha força assim que reparei que ambos haviam se recomposto da tosse pela fumaça que inalaram.

— Você tá bem? — sussurrei.

— Estou sim, se acalma — ele respondeu antes que nos separássemos.

— Cadê a Jess? — ouvi os gritos da mãe, então percebi que não havia visto a garota.

— Ela viu Cyrus morto e explodiu o lugar por ele — Morgan me explicou em um tom baixo.

[...]

— Spence — falei ao me sentar na poltrona que ficava de frente para a que ele estava.

Estávamos voltando para a Virgínia.

— Oi — respondeu, voltando a ler o livro que tinha em mãos.

Suspirei e cuidadosamente peguei o mesmo das mãos de Reid, fechando-o e colocando sobre a mesa.

— Preciso que entenda que o quê aconteceu comigo, não foi de maneira alguma, culpa sua — segurei a mão dele, acariciando-a com meu polegar — Foi uma escolha minha, e eu a faria de novo sem pensar duas vezes.