XVII - CAVERNA

35 8 0
                                    




A noite, o sr. Trelawny levou todos para seu escritório. Depois de ter se assegurado de captar nossa atenção, deu-nos a conhecer seus planos:

— Cheguei à conclusão de que, para o êxito do que chamamos de nossa grande experiência, precisamos de absoluta calma e isolamento. Esse isolamento não será por um ou dois dias, mas por um tempo mais prolongado, se necessário. Aqui seria completamente impossível. Os hábitos e as necessidades da cidade grande, com todas as possibilidades de perturbações, podem ser prejudiciais. Telegramas, cartas registradas, mensagens especiais, tudo isso já seria o suficiente. Ainda por cima, as pressões que poderiam ocorrer seriam tão grandes que acarretariam inevitavelmente uma catástrofe. Além do mais, os acontecimentos das últimas semanas chamaram a atenção da polícia. Mesmo que a Scotland Yard ou outro setor competente da polícia não tenha dado instruções especiais, podemos estar certos de que o policial, em sua ronda habitual, ficará atento a esta casa. Mais cedo ou mais tarde, os empregados que se foram vão começar a tagarelar. É lógico que têm que fazer isso, porque precisam dar um motivo plausível para o término de um contrato de emprego tão vantajoso, dificilmente encontrado aqui nas redondezas. Em seguida, os empregados dos vizinhos falarão também, e talvez até os próprios vizinhos. Logo, a sempre ativa e atenta imprensa, interessada em esclarecer o público e a aumentar a tiragem, tomará a coisa nas mãos, e se os repórteres ficarem atrás de nós, aí mesmo que o sossego acaba. Temos que ficar em um lugar retirado e levar conosco tudo o que for necessário. Já me preparei para enfrentar essa situação, pois há muito eu já previra tal eventualidade e posso informar que estou pronto. É evidente que eu não sabia de antemão o que aconteceria. Mas que algo aconteceria, isso, sim. Há dois anos já que venho fazendo preparativos para que todas as minhas raridades aqui depositadas sejam transferidas para a minha casa em Cornwall. Na época em que Corbeck se pôs à procura das lamparinas, mandei preparar minha velha casa em Kyllion. Tem luz elétrica e todas as instalações necessárias para gerar a própria corrente. A casa fica bem retirada, é praticamente inacessível e não pode ser avistada por fora, a não ser pelo lado do mar, porque fica em cima de um rochedo que forma uma pequena saliência atrás de uma escarpa íngreme. Em outros tempos ela fora cercada por um alto muro de pedra, uma vez que na época em que foi construída por um dos meus antepassados esse tipo de casa grande, afastada, precisava de certa defesa. O lugar é tão adequado para nosso objetivo como se tivesse sido feito de propósito. Lá eu lhes explicarei tudo o que for preciso. Não vai demorar muito, porque as coisas já estão bem encaminhadas. Marvin, meu advogado, foi instruído a aprontar tudo para que seja feito o transporte dos objetos. Ele deve arranjar um trem especial que possa viajar à noite, a fim de que não desperte atenção desnecessariamente. Para chegarmos à estação de Paddington com a bagagem, precisaremos de determinado número de carretas e carroças, com a correspondente quantidade de condutores e carregadores. Estaremos longe daqui antes que o pessoal da imprensa desconfie de algo. Começaremos a fazer as malas ainda hoje, e tenho plena certeza de que amanhã à noite estaremos prontos. Mandei colocar nos anexos todos os caixotes nos quais estão as coisas trazidas do Egito e que transferi para cá. Estou muito confiante de que elas também suportarão bem a viagem até Kyllion, como o fizeram na travessia do deserto e na viagem sobre o Nilo até Alexandria e, mais longe, até Londres. Nós quatro, com a ajuda de Margaret, que proverá nossas necessidades, embalaremos tudo com segurança. Os carregadores, por sua vez, as transportarão para as carretas.

"Os empregados partem hoje para Kyllion a fim de que a sra. Grant possa ajeitar tudo. Ela fará um estoque de suprimentos para que não tenhamos que nos ocupar com as compras diárias, o que chamaria desnecessária atenção, e cuidará igualmente para que recebamos com regularidade uma remessa de mantimentos frescos proveniente de Londres. Graças ao tratamento inteligente e generoso que Margaret dispensou aos serviçais que se comprometeram a ficar, temos à disposição um pessoal de confiança. Esse pessoal foi contratado por sua reserva, de modo que não precisaremos temer qualquer indiscrição por parte deles. Eles deverão voltar a Londres assim que tudo estiver pronto em Kyllion, havendo, portanto, menos ocasião para bisbilhotices, pelo menos no que se refere às particularidades.

Os sete dedos da morteजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें