As risadas, vozes, passos, cores e luzes vinham de todos os lugares. Bucky sentiu que tudo ao seu redor rodava, seu estômago estava enjoado como se tivesse comido algo que não lhe fez bem. Sua mente começou a sucumbir, o que via se misturava com suas memórias, com os flashes sangrentos e com o gelo em seus ossos... As pessoas caminhando por ali eram os cientistas da Hidra, eram alvos, eram cadáveres. As luzes eram o laboratório em que lhe mantinham. Os sons eram os murmúrios que ouvia durante os tratamentos de choque.

Virou a primeira esquina e então outra, isso o afastou do tumulto, como se fugisse de si mesmo.

Sentiu que respirava outra vez. Piscou e balançou a cabeça, tentando entender o que tinha acontecido... Parou por um segundo e contou até dez, buscando focar na realidade que lhe cercava.

Ninguém estava lhe seguindo. Não havia nada errado. Não estava miais sob controle da Hidra.

Repetiu esse mantra algumas vezes até que seu coração se acalmou totalmente. Só então Bucky olhou ao redor. Tinha se afastado do centro comercial, mas ainda haviam algumas poucas lojas ali. Do outro lado da rua, na esquina metros à frente, um letreiro lhe chamou a atenção: "West Smartphones".

Bucky encarou a vitrine iluminada onde havia dezenas de aparelhos celular expostos. Deu alguns passos na direção do lugar e notou que estava totalmente vazio. Encarou os telefones mais umas três vezes antes de se dar por convencido. Comprar um celular para o Sam parar de encher não parecia uma ideia tão ruim.

Entrou na loja então. As duas mãos no bolso e os olhos examinando o ambiente. No balcão-vitrine havia mais uma porção de modelos. Viu pela visão periférica quando um rapaz começou a se aproximar vagarosamente. Bucky franziu as sobrancelhas levemente: conhecia aquele garoto...

— Boa noite, posso ajudar? — Ele disse ainda de longe e os olhos azuis do soldado o investigaram por alguns poucos segundos.

Sim, era ele. O mesmo garoto que Bucky tinha visto através da janela na casa de Savannah Devenport. Era ainda mais pálido de perto, e isso só piorava por causa do cabelo quase branco.

— Só olhando, por enquanto, obrigado. — Bucky respondeu, enquanto o rapaz ainda se aproximava devagar.

Ele mancava, mas não usava mais a bengala com a qual Bucky o vira da outra vez. Usava uma calça muito apertada e uma camiseta larga e vermelha onde a palavra "Bazinga!" se destacava em letras amarelas.

— Sim, senhor. — O garoto disse, dando alguns passos para trás e deixando Bucky à vontade.

Ponderou por alguns segundos se era coincidência demais encontrar o garoto ali do nada, mas descartou suas paranoias, era só um rapaz trabalhando, não era tão estranho assim que Savannah tivesse amigos que morassem por perto.

Bucky decidiu focar nos celulares, o problema é que não fazia ideia de qual escolher...

Notou uma presença atrás de si, na porta da loja talvez, e ergueu a cabeça ao mesmo tempo em que o garoto falava com alguém do lado de fora.

— Eu já vou, só esperando o último cliente. — O rapaz gesticulou e Bucky olhou por cima dos ombros a tempo de ver fios ruivos inconfundíveis colorirem a loja.

Savannah... Isso sim era coincidência.

Ela não pareceu notar a presença dele ali, estava focada no amigo que andava na direção dela como se exibisse um feito espetacular.

— Não acredito que você finalmente largou a bengala! — Ela parecia muito empolgada. — Porra, que demais!

— Eu ainda estou mancando um pouco. — O garoto comentou dando alguns passos incertos. — Mas a fisioterapeuta disse que estou me adaptando bem com a prótese e vou poder voltar as atividades normais em breve.

INVERNO ARDENTE | Bucky Barnes ✓حيث تعيش القصص. اكتشف الآن