Cap. 6 - "Você tem a cara de pau de vir falar comigo depois do que fez!"

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    ⁃ Não! Você não vai passar álcool!! Doí muito! - Ele gritou fazendo cara de criança mimada ao ver que eu estava tirando a tampa do pote.

    ⁃ Você não falou que tinha passado por coisas piores?

    ⁃ Passei, mas álcool arde demais! - Ele murmurou baixo, ainda com a expressão de criança mimada.

 Quando acabei de fazer o curativo na perna de Nick, já era noite, o rapaz fez tanta birra que demorei muito para terminar

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Quando acabei de fazer o curativo na perna de Nick, já era noite, o rapaz fez tanta birra que demorei muito para terminar.

Ele havia deitado o banco e sua respiração estava pesada, estava dormindo.

Sai do carro, fechei a porta com cuidado para não o acordar.

Então, comecei a andar pela pequena cidade, até que encontrei um bar, então decidi entrar, fazia tempo que não bebia algo, sentia falta.

Lá dentro havia muitos homens, quando passei por eles, alguns me olhavam de canto, outros assoviaram, mas não liguei, fui diretamente até o balcão e pedi a bebida mais forte que eles tinham, o garçom parecia apreensivo, mas logo veio com um copo com um pouco de bebida.

Bebi o conteúdo em um gole, aquela bebida passou ardendo pela minha garganta, tossi algumas vezes abaixando a cabeça, logo pedindo mais duas.

" NÃO!! NÃO!! PIRRALHA?! - Ouvi uns gritos de tristeza lá longe, e alguns passos rápidos vindo até mim... tentei virar a cabeça para ver uma última vez o rosto do moreno que eu mais amava, mas, não consegui, eu estava com muita dor, antes de ele chegar até mim, minha visão embasou."

Abri um pouco meus olhos, uma luz não deixou eu ver onde estava, minha cabeça doía demais, me revirei na cama.

O que?! Como eu estava em uma cama?! Senti um medo nascer em meu peito, o que aconteceu na noite passada?

Levei as mãos aos meus olhos os esfregando, só assim minha visão voltou ao normal, eu estava em um quarto, havia alguns lençóis sobre mim, olhando para os lados, vi os cabelos escuros e desmanchados.

O medo em meu peito cresceu mais, ergui os lençóis rápido, ok, eu estava de roupa, menos mal.

    ⁃ Relaxa, não aconteceu nada, Fedelha. - A voz arrastada de Nicholas estava mais rouca que o normal, era uma voz de sono.

O rapaz se virou para mim, seu rosto estava amassado de tanto dormir, mas, nem assim, sua beleza desaparecia.

Ele fez uma cara de safado e levou uma das mãos até minha barriga.

    ⁃ Mas se você quiser, pode acontecer alguma coisa agora!

    ⁃ Que nojo! Seu pervertido! - Falei o empurrando para longe.

O empurrei com tanta força que o rapaz caiu da cama, eu gargalhei, Ouvi alguns gemidos de dor, mas logo se levantou com uma cara emburrada e com os braços cruzados.

    ⁃ Vou tomar banho pirralha, ainda estou todo ensanguentado.

Nicholas andou mancando até uma porta e a abriu, revelando um banheiro meio pequeno, então entrou e a fechou atrás de si, eu sentei na cama, agora podendo ver o cômodo.

Era um quarto pequeno, umas roupas jogadas pelo chão, tudo meio bagunçado.

Me levantei da cama, andando pelo quarto, até que vi meus kits médicos em um canto, tenho que trocar meus curativos.

Fui até a porta do banheiro e ouvi que chuveiro já estava ligado, então andei até os kits peguei as bandagens e tirei com cuidado minha jaqueta, depois minha blusa.

As bandagens estavam com sangue seco, retirei-as da minha barriga, os pontos ainda estavam firmes e fortes, deixando as letras fechadas, mas ainda sangrava um pouco no local, comecei a colocar as novas bandagens.

    ⁃ Fedelha, esqueci de pegar minhas roupas... - Nicholas saiu do banheiro olhando para as roupas jogadas no chão, até que ele me fitou, sentada na cama, sem blusa, somente com o sutiã, fazendo meus curativos - Ow! Falei que sua barriga era bonita

Nicholas estava com os cabelos um pouco molhados, estava só com uma toalha amarrada na cintura, sua barriga era pouco definida, no canto esquerdo havia uma cicatriz enorme, eu me peguei observando-o com a mesma intensidade que ele me fitava.

    ⁃ Gostando da paisagem, pirralha?

Ele perguntou voltando seu olhar para o chão, procurando sua roupa.

Balancei minha cabeça algumas vezes em silêncio, voltando minha atenção ao curativo.

   ⁃ Quer ajuda? - ele perguntou andando calmamente até mim.

   ⁃ Não! Pode deixar, eu me viro!

Ele não deu ouvidos, continuou andando até mim, sentou em meu lado esticando as mãos calmamente em minha direção, eu inclinei para trás, tentando fugir de seus braços.

    ⁃ Eu só quero te ajudar! Já consegui o que queria, você já tem medo de mim.

Seus olhos estavam mais claros, suas tempestades estavam calmas, serenas.
Abaixei a cabeça, dando na mão dele o rolo das bandagens, ele pegou com cuidado, esticando as mãos a minha cintura, terminando meu curativo com delicadeza.

Com o curativo acabado, ficamos nos olhando por longos segundos, seus olhos foram para minhas cicatrizes em meus pulsos, depois foi para minha boca, ele parecia ansioso com algo.

Então levei minhas mãos até a sua cicatriz no canto de sua barriga, meu olhar era preocupado, ele ainda observava minha boca silenciosamente.

Nossos olhares se encontraram, ele levou suas mãos até minha nuca, a acariciando, e se inclinou para frente devagar, fui inclinado para trás o puxando junto a mim com minhas mãos que ainda estavam em sua cintura, o rapaz entendeu o que eu queria naquele momento, então apoiou seu peso em um braço na cama.

Agora estávamos completamente deitados, com ele em cima de mim. Enquanto uma mão o apoiava, a outra ainda acariciava minha nuca.

Passei minhas mãos por todo o seu corpo até chegar em seus cabelos escuros, os desarrumando ainda mais, seus olhos de tempestades estavam fixos nos meus, seu corpo ainda úmido fazia pressão contra o meu, eu conseguia o sentir respirar.

Então, ele inclinou sua cabeça lentamente, fazendo nossos lábios se encontrarem.

Um dia após meu suicídio. Where stories live. Discover now