Capítulo Sem Nome Dois

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Amy significa "aquela que é amada", vem do francês antigo amée, literalmente "amar".

Sophie, vindo do grego, quer dizer "sabedoria".

Rhonda, "lança poderosa", de origem gaulesa.

 A única semelhança entre aquela garota maravilhosa e eu era nossos pais excêntricos. Enquanto os meus pais não me deram um único nome, os dela não conseguiram se decidir por um e lhe deram três.

 Eu conheci Amy Sophie Rhonda no primeiro dia de aula do jardim de infância, e instantaneamente percebi duas coisas. Uma: estava perdidamente apaixonado. Duas: ela nunca estaria ao meu alcance.

 Em uma manhã de setembro, alguns dias depois, o meu eu de seis anos ainda se sentia tímido demais para se aproximar e fazer amizade. Não muito mudou desde então, eu continuava incapaz de caminhar em direção a ela sem tropeçar ou ficar extremamente vermelho. O ponto é que, em algum momento naquele dia, enquanto brincava com alguns Legos, uma mão pequena e ágil derrubou a torre que eu depositara tanto tempo para construir. Primeiro observei minha obra máster destruída no chão, depois encarei a culpada.

— Você não vai chorar? — ela perguntou, seus olhos verdes grudados em mim. Até mesmo os cachos meio alaranjados pareciam me desafiar.

— Não. — respondi.

 Ela continuou me encarando, como se decidisse algo sobre mim. Cansei depois de um minuto, então comecei a remontar minha torre. Não havia colocado nem vinte peças quando ela voltou a derrubar.

— Pare, Sophie! — reclamei, irritado, tentando recuperar as peças, mas ela agarrou meu pulso com força. Ergui o olhar.

— Não me chame de Sophie. — havia algo em seus olhos, algo intenso.

— Você disse para a professora te chamar assim.

— Você não é a professora.

— Então, como vou te chamar?

 Ela me largou e levantou, indo até a sua mochila. Pegou de lá um pequeno livro e voltou até mim, sentando de pernas cruzadas no chão. Abriu o livro em uma página marcada com um pedaço de papel rasgado e apontou para uma palavra em específico. Eu olhei para aquilo confuso.

— Você ainda não sabe ler? — ela perguntou.

— Ninguém aqui sabe. — me defendi.

— Eu sei. — ela bateu com a ponta do dedo na palavra. — Aqui diz Isla. Significa "Ilha" em Espanhol. Quero que me chame assim.

— Por quê?

 A menina se esticou para sussurrar em meu ouvido:

— Porque eu sou uma.


— Isla. — meu cumprimento soou estranho, tamanho era meu espanto por encontrar ela ali, na minha porta.

— Oi, York.

 Ficamos nos encarando por um minuto, ela esperando que eu a convidasse para entrar e eu embasbacado demais para fazer isso. Estava usando short jeans desfiado e uma blusa branca com a logo do Levi's. Ela ficou na ponta dos pés para olhar por cima do meu ombro.

— Que barulho é esse? — perguntou.

 O som da confusão na cozinha havia chamado sua atenção.

— Deve ser a TV. — falei, saindo e fechando a porta atrás de mim. — Eu estava indo caminhar um pouco, sabe, para fazer a digestão. — quis dar um tapa em mim mesmo. Que idiota falava aquilo? — Quer me acompanhar?

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