Capítulo 2- Os Laços Aleatórios

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Capitulo 2

Os Laços Aleatórios

O despertar era sempre chato, ainda mais com o soar barulhento do celular. Mesmo com desânimo, o homem alcançou o objeto percebendo que Olhos de Guaxinim, como apelidou de forma rude Ashido Mina, lhe ligava provavelmente para lembra-lo do evento bobo. Antes de atender observou o horário no visor, no qual marcava exatamente 15 horas, o que fez sentido de sua amiga ligar várias vezes, pois, por mais que Katsuki odiasse comparecer, quando confirmava algo nunca e atrasava.

— Já entendi idiota, eu já estou indo—, afirmou ainda com a voz rouca pela sonolência.

— Você nos assustou cara! Pensei que tivesse furado esse grande evento! —, a garota gritou na chamada animada como sempre. —Não demore muito Katsuki, pois Kaminari e Sero estão sendo bobões acabando com os petiscos.

— Diga a esses desgraçados que se eu chegar e não tiver nada eles vão morrer—, respondeu ganhando a risada da mulher antes de desligar.

Era uma amizade peculiar? Sem dúvidas, mas eles eram tolos o suficiente para terem se aproximado de Katsuki durante o colegial e arrastá-lo para o que eles chamavam de squad, por vezes era difícil alcançar o nível enérgico deles, porém não era desagradável. Era como considerasse aqueles tolos pessoas de um coração imenso, pois conseguiram suportá-lo em todos seus acessos de raiva. Ashido Mina era como uma irmãzona, que cuidou de Kaminari e Sero com seus conselhos engraçados e por vezes bizarros, e para manter o equilíbrio, Katsuki mesmo na sua rigidez apoiava o grupo de três patetas nos assuntos escolares.

Foi inesperado, mas a amizade mesmo diante de tantas diferenças conseguiu manter-se após a formatura. Em períodos esporádicos e sempre com muita relutância eles conseguem se reencontrar, e aquele dia seria um desses. Recentemente Kaminari havia conseguindo um grande avanço em seu amor de adolescência quando finalmente conseguiu pedir Kyoka em casamento sendo esse, portanto, o motivo da festa.

Lembrando-se da insistência de Ashido para que não atrasasse ainda mais sua chegada correu para seu banho matinal. Debaixo da ducha ainda podia sentir os músculos cansados lhe incomodando pela aventura cessada no dia anterior, ele estava cansado e com certeza seu mau humor foi triplicado naquele momento. Ao conseguir sair da persistência do caloroso cômodo procurou verter-se rapidamente em seu velho e comum estilo para sair: calça jeans e uma camisa preta, que era de montes repetidos no seu armário, quase monocromático, com exceção de algumas camisas em tom laranja usadas normalmente para exercícios.

Seus passos corridos chamaram a atenção de Lilu que ainda estava deitada no sofá, que logo correu para o encontro de seu dono. Katsuki simplesmente a cumprimentou com um afagar em sua cabeça e foi pegar as chaves da casa.

— Seja uma boa menina e não apronte muito enquanto estou fora—, advertiu rindo do miado manhoso que a gata fez.

Pegou a carteira jogada na estante do quarto com as chaves do apartamento e trancou a casa certificando-se que o animal estaria seguro. Quando saiu, deparou-se com sua vizinha, que carinhosamente chamava de "vovó pirata" – Ou formalmente senhora Yamada--, que era por sua voz chamativa e estridente além de um espírito de liderança assustador nos dias de reunião de condomínio. Ela sorriu amavelmente a ele enquanto regava as flores que havia plantado no corredor principal.

— Menino Katsuki, você conseguiu dormir bem com a zoada enorme ontem?

— Que zoada vovó pirata? —, questionou curioso. Mesmo no cansaço ele não seria tão bobo de não escutar algo estranho pelas redondezas, ainda mais pela forma que a senhora mencionava.

— Sorte sua não ter ouvido. Foi tão estranho um monte de corvos fazendo zoada nas árvores próxima do prédio—, a senhora pôs a mão em seu rosto enrugado e rindo como se estivesse envergonhada. — Eu cheguei a pensar que esses pestinhas estavam tentando roubar a comida de algum apartamento aberto, você sabe menino Katsuki, corvos são criaturas inteligentíssimas. Talvez por isso os ancestrais sempre cortavam de histórias sobre tengus importunando pessoas ou algo do tipo.

O Por do Sol na Montanha Vermelhaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن