A ludicidade no ensino de Ciências

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A ludicidade, tema central deste estudo, não apenas é uma ponte que interliga os conteúdos empíricos com os científicos, não importando se for pelo caminho da alfabetização ou pelo letramento – mas a travessia necessária que une os elementos cognitivos prévios do discente, tendo como força motriz a motivação, a experimentação e a busca pelo interesse de um conteúdo que desvele a possível descoberta de um conhecimento que poucos detêm. (HOSOWAKA, WIEZZEL, 2013; TEIXEIRA, 2014a). O uso de um jogo lúdico nas Ciências Básicas reforça o desvelo deste mito, cujos conteúdos e suas respectivas assimilação e compreensão são para poucos (FALKEMBACH, 2013; TEIXEIRA, 2014b). A Química, como uma das ciências básicas que trabalha no modal conceito-significado-experimentação-resultado, sempre será configurada na sala de aula, com certa ou nenhuma formalidade, cujo docente inicia a sua explanação com seus discentes na direção "conceito ao contexto", alfabetizando-os cientificamente no primeiro momento, para depois exemplificar tais conteúdos. Outra opção seria iniciar tal explanação pelo caminho inverso ao primeiro, na direção do "contexto ao conceito", pela via do letramento científico (TEIXEIRA, 2014a). Oliveira et all (2008) coloca que o uso do lúdico no ensino de Química Geral e Inorgânica, cujos conteúdos são ministrados no 1º ano do Ensino Médio, foram denotados em um jornal de conteúdos científicos, que ensinava conteúdos da disciplina dando exemplos do dia-a-dia dos discentes como: "ao cortar uma cebola, há produção de ácido em seus olhos, o que acarreta na formação das lágrimas"; "a importância do ácido sulfúrico no PIB das Nações"; "Como se fazia sabão nos tempos antigos para explicar o uso cotidiano de uma base"; "a importância de metais pouco reativos como a Pt (platina), Au (ouro) e Ag (prata) na produção de quimioterápicos". (SOARES, 2001; TEIXEIRA, 2014a). Pelo letramento (ou enculturação) científica, o conhecimento prévio dos alunos é a peça-chave de todo o processo de ensino-aprendizagem. Segundo Soares (2001) os alunos são "letrados" empiricamente sobre um determinado conteúdo ou fenômeno em que os mesmos já observaram ou experimentaram no seu cotidiano. Na Química não é muito diferente, porém os discentes são letrados tanto empiricamente como cientificamente, mesmo não sabendo a totalidade dos conteúdos que ainda não foram ministrados em sala de aula (TEIXEIRA, 2014a).

Quando se fala em ludicidade, além da motivação no ato de jogar (e até brincar), o sentido de competição entre os discentes faz-se sentido, e se torna a energia propulsora para a construção e sedimentação do conteúdo trabalhado. Daí a importância de se investigar como tal jogo lúdico (a ludicidade em si) e suas propriedades se tornarão resolutivas e efetivas na assimilação e sedimentação dos conteúdos nos discentes do último ano do Ensino Médio (PERUZZO, CANTO, 2011; TITO, CANTO, 2010c). Os objetivos elencados estão conectados às questões norteadoras já referidas anteriormente, sendo o objetivo geral: Visualizar o processo de ludicidade, bem como a ocorrência do dueto alfabetização-letramento, na assimilação e sedimentação de conteúdos de Química Orgânica, através de um jogo já conhecido pela maioria dos discentes. E 'dissecando' o objetivo geral, os objetivos específicos são: (a)Analisar a efetividade de jogos lúdicos através de um jogo lúdico de escolha, ou por complementaridade (alfabetização) ou por enculturação (letramento) e; (b)Analisar o processo de ludicidade através do jogo em si antes e depois do conteúdo dado em sala de aula. Quanto à ludicidade, autores como Alves (1994) e Santos (2008) fazem a ponte entre a ocorrência da complementariedade presente na alfabetização e a ludicidade. Mussen e colaboradores (1977) trabalham com o conceito central proposto – a ludicidade, lidando com os autores que citam ou que trabalham diretamente com artigos clássicos de Freud, Jung, Piaget, Winnicott e Vigostky. Soares (2001) e Sasseron e Carvalho (2011) balizaram sobre a assimilação dos conteúdos por enculturação, ou seja, por letramento científico. E por último, Solomons (1989), Peruzzo e Canto (2011), Tito e Canto (2010a, 2010b e 2010c) e Filho e Benedetti (2015) são os alicerces que sedimentam os conteúdos de Química. Os conteúdos que foram trabalhados no jogo a ser descrito são:

u Tabela Periódica: representatividade e natureza dos elementos químicos;

u Íons – Catíons e Ânions;

u Regra do "Octeto" – Ligações Químicas;

u Funções Inorgânicas;

u Reações Inorgânicas;

u Classificação de carbonos;

u Classificação de cadeias carbônicas;

u Funções orgânicas – identificação e conceitos; e

u Funções Orgânicas – nomenclatura.

Lembrando que os conteúdos elencados acima foram trabalhados sob a abordagem do cotidiano discente, fazendo a ponte com a ludicidade. Outros autores foram referenciados de maneira secundária e complementar aos autores principais no que se refere à palavra-chave central: Auler e Delizoicov (2001); Busquets (1997); Jacobucci (2008); etc. 

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