Corro em direção ao táxi, e a porta imediatamente é aberta para que eu entre.
— Boa noite! — digo, já me ajeitando no banco, olhando na direção da rua.
— Boa noite! — Uma voz masculina, muito grave, responde — Está esperando um táxi há muito tempo? Por que não ligou para o serviço de táxi ou mesmo para um Uber? É muito perigoso para uma moça ficar em um local como este, sozinha, a esta hora.
— Eu não percebi o quanto era tarde. — Respondo impacientemente.
— Qual o endereço? — Ele pergunta.
Grande pergunta, pois eu não sei a resposta. Todos os endereços possíveis não são apropriados para o meu momento atual.
— Apenas dirija, não se preocupe, eu tenho dinheiro para pagar a corrida.
Sinto o olhar interrogativo do taxista através do espelho retrovisor.
— Tem alguma preferência? — Ele liga o motor do carro.
— Fica ao seu critério. — Respondo, com indiferença.
O carro atinge a velocidade de cinquenta e cinco quilômetros por hora.
— Serve a orla marítima? Apesar de ser noite, só de saber que há um mar próximo, a ideia nos traz um pouco de paz.
— Tanto faz. — Continuo indiferente.
— Quer escutar uma música?
Eu sei que ele está me observando pelo espelho retrovisor, então eu saio do seu campo de visão e me sento bem atrás do seu banco.
— Não, eu prefiro sem música. — Respondo.
Ele se cala, e o silêncio toma conta do automóvel.
Tomada pelas lembranças doloridas e pelo silêncio sufocante, as lágrimas que antes estavam enclausuradas se libertam e caem soltas através da minha face. Meus soluços são sonoros e quebram o silêncio. Cubro o rosto com as mãos, em uma tentativa de conter o barulho incessante da minha dor.
— Quer que eu pare o carro um pouco? — O taxista vira o espelho na minha direção.
Fico com vontade de mandá-lo se meter com sua própria vida, mas engulo o choro e respondo.
— Não, só dirija, por favor.
Por mais que tente, eu não consigo parar de chorar, não consigo domar a dor gritante dentro de mim.
— Você não quer que eu te leve para a casa de uma amiga? Às vezes, é bom ter um ombro amigo para se encostar nos momentos difíceis.
Quem esse cara pensa que é?
— Não, no momento, o que eu menos preciso é de pessoas que sintam pena de mim ou que chorem comigo a minha dor. Amigos e parentes só vão fazer eu me sentir pior, prefiro estar sozinha.
O carro diminui a velocidade e entra em um posto de gasolina.
— Eu já volto. — Ele abre a porta do táxi e desce.
Finalmente, eu o observo. Ele é bem alto, tem cabelos escuros, ombros largos, e a calça jeans justa deixa bem visível as suas coxas musculosas.
Ele entra na loja de conveniência, e cinco minutos depois, volta com um embrulho nas mãos. Vem caminhando na direção do carro, de cabeça baixa, olhando o seu celular. Eu não consigo ver o seu rosto, entretanto, vejo que ele se veste muito bem. Camisa de mangas compridas dobradas até os cotovelos, e pelo corte e o tecido, não parece ser barata. Quando ele entra no carro, eu sinto o cheiro do seu perfume. Não é barato.
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Sr. Estranho
Romance🚕LANÇAMENTO🚕 Já está disponível: link http://amzn.to/2F1OugF SINOPSE: Em uma noite de sexta-feira, Cecília entra em um táxi, completamente devastada, a verdadeira personificação do desespero: o rosto banhado em lágrimas, o coração despedaçado e se...
Capítulo 1
Começar do início